terça-feira, 9 de março de 2010

BRASIL: LÍDER MUNDIAL EM ASSASSINATOS DE HOMOSSEXUAIS

Cerca de 200 homossexuais foram assassinados durante o ano de 2009 em todo o País, de acordo com o relatório anual divulgado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) na semana passada.
"O Brasil é o campeão mundial de crimes contra GLBT (gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais): um assassinato a cada dois dias, aproximadamente 200 crimes por ano, seguido do México com 35 homicídios e dos Estados Unidos, com 25", diz o fundador do GGB, Luiz Mott.
Nos dois primeiros meses 2010, já foram documentados 34 homicídios contra homossexuais.
Ontem, a polícia desvendou mais um assassinato, que aconteceu aqui em SP em 25 de fevereiro último.

Os dados do levantamento são obtidos por meio de pesquisas em jornais e na mídia ao longo do ano, já que não existem estatísticas oficiais. "Estes números são apenas a ponta de um iceberg de sangue e ódio, pois não havendo estatísticas governamentais sobre crimes de ódio, nos baseamos em notícias de jornal e internet, uma amostra assumidamente subnotificada", explica Mott.

Segundo o levantamento, foram assassinados no Brasil no ano passado 198 homossexuais, nove a mais que em 2008 (189 mortes) e um aumento de 61% em relação a 2007 (122). Dentre os mortos, há 117 gays (59%), 72 travestis (37%) e nove lésbicas (4%).

Bahia e Paraná são os Estados mais homofóbicos, de acordo com o levantamento: 25 homicídios cada um, sendo que na Bahia os gays foram mais numerosos (21), enquanto no Paraná predominaram os travestis (15 mortes). Curitiba foi a metrópole brasileira onde mais homossexuais foram assassinados, 14 vítimas, seguida de Salvador, com 11 homicídios.

Pernambuco, que nos últimos anos liderava esta lista de assassinatos, registrou 14 mortes, 4º lugar, o mesmo número de São Paulo e Minas Gerais, embora São Paulo tenha população cinco vezes maior. Alagoas é proporcionalmente o Estado mais violento para a comunidade GLBT: 11 mortes para 3 milhões de habitantes - mais crimes do que o Rio de Janeiro (8 homicídios), cinco vezes mais populoso que o Estado nordestino. Faltam informações sobre Acre e Amapá. Três travestis brasileiras foram assassinadas na Itália.

E ontem, a polícia de SP revelou que prendeu o assassino de um homem de 41 anos, que foi morto a golpes de faca quando comemorava seu aniversário com um garoto de programa em um apartamento no Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, no último dia 25 de fevereiro.

O assassino, de 22 anos, foi preso na última sexta-feira (5) por policiais do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), da Polícia Civil. Segundo o delegado Júlio César dos Santos Geraldo, da 1ª Delegacia do DHPP, o garoto de programa confessou o crime em depoimento informal, logo após a prisão.

De acordo com a investigação, a vítima, Vírgilio Albuquerque Bueno dos Reis, trabalhava no setor de marketing de grandes empresas, mas estava desempregado.
Ela conheceu o suspeito na área conhecida como autorama, no parque Ibirapuera (zona sul), local frequentado por homossexuais.
Segundo o garoto de programa, eles se conheciam a cerca de cinco anos.

No dia do crime, as câmeras de segurança do prédio da vítima mostram os dois chegando ao local por volta das 21h.
Uma testemunha contou à polícia ter ouvido um barulho suspeito dentro do apartamento da vítima -ela forçou a porta e chegou a ver o suspeito com manchas de sangue, mas foi impedido por ele de entrar.
A testemunha voltou para acionar a polícia, e as câmeras mostraram o suspeito deixando o prédio, sozinho.

À polícia, o garoto de programa contou que a vítima estava com ciúmes por causa de um outro relacionamento e o pressionava a terminar.
Ele contou que os dois beberam e usaram cocaína, e, após dizer que tomaria banho, pegou uma faca na cozinha e o acertou quando ele estava sentado no sofá da sala. A perícia apontou que foram desferidos cerca de 25 golpes.

A polícia, porém, acredita que o suspeito matou o homem com o objetivo de roubar dinheiro e objetos, mas foi surpreendido pela testemunha e acabou levando apenas um celular.

O garoto de programa já havia sido preso em 2007, por ter roubado R$ 6.000 em um golpe da "saidinha de banco", mas estava foragido.
Ele foi preso em casa, em Cidade Ademar (zona sul), e está recolhido no 77º DP (Santa Cecília).
A Justiça decretou sua prisão temporária, com prazo de 30 dias, tempo em que a polícia vai investigar se participou de outros crimes.

"Ele é profundamente frio, não se assustou com a prisão nem negou a autoria do crime. Encontramos o cenário de um crime bárbaro, mas o chuveiro ainda estava ligado", disse o delegado, que afirma que o suspeito ainda terminou o banho e trocou de roupa antes de deixar o apartamento.

Mais uma história, o mesmo trágico desfecho.
Até quando as autoridades brasileiras vão continuar fechando os olhos para esse verdadeiro genocídio?
Vira e mexe recebo abaixo assinados a favor dos gays da Nigéria, Irã, China e outros países, em que seres humanos não podem demonstrar seus sentimentos verdadeiros. Por isso, acho eu, é que os sites gays pornôs, que mostram árabes, persas e chineses, fazem tanto sucesso na net.

So que lá, pelo menos, os homossexuais sabem quem são e onde estão seus inimigos.
Nesses países, eles tem nome e rosto.

Aqui no Brasil, seu inimigo pode ser o vizinho homofóbico que te dá bom dia e "tchauzinho" pela manhã, o brutamontes analfabeto que participa de um programa de TV de grande audiência, as gangues que atacam no baixo Augusta aqui em Sampa, ou aquele bunitinho que você levava pra cama a pelo menos cinco anos, como o Virgílio da história acima.

São inimigos insuspeitos, que acabam por levar - todos os dias - o seu bem mais precioso: a sua vida.

Em vez de assinar pra liberdade dos gays iranianos, ou perder meu tempo em ler e-mais com o assunto "Vamos tirar o Dourado do bbb!" , eu só vou me preocupar em focar em sistemáticas que ao menos diminuam essa mortandade toda.
É absurdo, inadmissível que em pleno 2010 sejamos campeões de assassinatos de homossexuais.

Como brasileiro e homossexual, a cada vez que vejo um relatório desses, além do sentimento de desamparo e a preocupação com meus amigos, eu ainda morro de vergonha.

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