segunda-feira, 14 de março de 2011

TERRA DO CANTO, CAPITAL DA ESTÔNIA SERÁ UM DOS POLOS CULTURAIS DA EUROPA EM 2011

Após o projeto gigantesco que cotemplou a região do Vale do Ruhr, na Alemanha, como capital cultural europeia em 2010, a escolha de Talinn, na Estônia, parece uma ideia modesta, embora não menos ambiciosa - a ideia é fazer com que a cidade "se aproxime do mar".

Há mais de mil anos, navios e balsas levam visitantes à portuária Talinn.

Fotos: Cláudio Nóvoa - 2002 Praça principal de Tallin, capital da Estônia

Localizada às margens do Mar Báltico, Talinn é uma cidade linda, coloridíssima, de povo muito alegre, com uma gastronomia diferenciada e uma vida noturna que me lembrou em muitos momentos Lisboa ou Atenas.

Tanto as influências culturais quanto os conquistadores chegaram por via marítima, brincam os estônios - os últimos a tomarem a cidade foram os soviéticos.
"Durante o tempo de ocupação soviética, o centro da cidade foi separado do mar, porque ali era uma região militar e industrial, cujo acesso público não era permitido", conta Maris Hellrand, da Fundação Talinn 2011.
"Quermos mudar isso agora e abrir essa área para a cultura", ela diz.

Vista do porto

Hellrand - que organiza o projeto Capital Cultural na cidade - pretende contar histórias relacionadas ao Mar Báltico em projetos de cooperação com artistas da Estônia e de toda a Europa.

Entre os portos onde ancoram as balsas, deverá ser criado um "quilômetro cultural" e fundado um Museu Marítimo, a ser inaugurado em meados deste ano, nas antigas instalações de um hangar soviético.

Catedral de Tallin

Sob três grandes cúpulas de concreto serão exibidos tesouros encontrados no mar, entre estes o único submarino fabricado na Estônia, e antigos contêineres serão restaurados por artistas que trabalham com graffitti.

E vai haver também muito canto, pois "a Estônia é a terra dos coros", diz Aarne Saluveer, presidente da Associação Estoniana de Coros.
"Os estonianos contam sua vida e suas histórias cantando. Essa é nossa tradição oral. Até hoje preservamos assim nossa história", explica Saluveer.

Um dos pontos altos do projeto Capital Cultural será um Festival de Canto da Juventude, agendado para o início de julho próximo, onde 25 mil jovens vão formar um coro gigantesco.

Essa tradição oral cantada ficou mundialmente conhecida quando, no fim dos anos 1980, os estonianos protestaram contra a ocupação soviética do país - e fizeram isso cantando!
Uma nova consciência nacional surgiu a partir do canto de milhares de pessoas, através de uma revolução pacífica.
"Não lutamos nas ruas e derramamos sangue, mas expressamos cantando nosso anseio pela liberdade. Por isso o canto é tão importante. Sem sangue", recorda Saluveer.

O festival será uma oportunidade para "as pessoas que não conhecem a Estônia nem a cultura do país olharem para a alma dos estônios durante este fim de semana. Para ver o que somos e porque somos assim", diz Hellrand.

Detalhe de um café na praça central

O evento irá reunir aproximadamente 250 projetos ligados a histórias que têm ligação com o mar, embora o significado de "marítimo" neste contexto seja bastante amplo.

Pessoalmente, considero Talinn uma das mais belas cidades do mundo, e é pena que eu não possa voltar lá em julho e ver isso tudo.

Mas que eu volto lá, eu volto, com certeza!

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A partir de entrevista via e-m ail com Maris Hellrand, da Fundação Talinn 2011

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