quarta-feira, 16 de março de 2011

MUDANÇA DE SEXO: O QUE ACONTECE APÓS A OPERAÇÃO?

Quem não se lembra da mais famosa transex brasileira, Roberta Close?

Ela ficou famosa ao estampar a capa de uma revista masculina em 1984, e foi até musa de uma música de Erasmo Carlos.

Hoje, Ariadna Thalia Arantes, famosa por ter participado da atual edição do reality show "bbb", repete, em menores proporções, a façanha.

Este mês, a cabeleireira publica fotos mais do que sexys na edição brasileira da "Playboy", provando que depois da cirurgia de mudança de sexo - que fez em 2001 -está realizada e feliz com o corpo.
“Operei na Tailândia com um médico indicado por uma amiga, e assim que acordei da anestesia me lembro da alegria que senti ao conferir que tudo tinha sido feito mesmo (risos)”, revela.

WorldpressAriadna Thalia

A morena afirma que só faltava o procedimento para sentir-se mulher de verdade.
“Mudou um pouco de tudo: minha personalidade, meus desejos e a forma de viver. Hoje tenho qualidade de vida e tudo se transformou para melhor”, confessa.

Ariadna afirma que o procedimento e o pós-cirúrgico foram bem tranqüilos, e ressalta que não sentiu dor.
“Eu preferi me mudar. Morava em Madureira pouco antes da cirurgia, fui para o Realengo. Lá, ninguém me conhecia e a adaptação foi bem tranqüila”.

Ela também diz que não teve nenhuma consequência após a operação.
“Hoje, vou ao ginecologista como uma mulher normal, faço controle hormonal para ver se está tudo certo no canal vaginal e na uretra, e minha vida depois da participação no programa está repleta de oportunidades, com novos trabalhos e o carinho do público que eu adoro”.

Ariadna promete aproveitar o espaço e quer seguir carreira como modelo fotográfica e de passarela, além de fazer um curso de teatro mais pra frente.
A CIRURGIA NO BRASIL

Para o urologista Carlos Adib Cury, pioneiro em cirurgias de mudança de sexo no País, o Brasil vem evoluindo nessa área, embora esteja atrasado 50 anos em relação à Europa porque o procedimento era proibido por aqui até 1998.

O médico, que tem 40 anos de profissão e uma centena de cirurgias realizadas, traz à tona a realidade nacional:
“Há um transexual masculino para cada 30 mil homens e um transexual feminino para cada 100 mil mulheres. É preciso aceitar e respeitar o desejo de cada um. Embora muitos transexuais já tenham conseguido o novo registro civil com mais facilidade após o procedimento, ainda existe muito preconceito. Cerca de 10% da população brasileira é homossexual, bissexual ou travesti. Já os transexuais são raros. A diferença é que o travesti se veste de mulher, mas traz trejeitos masculinos, assim como uma agressividade típica, enquanto o transexual é mulher”, explica.

A partir do momento em que se resolve pela mudança de sexo, é preciso ter um diagnóstico bem estabelecido.
“São dois anos de análise com psicólogo e psiquiatra, além da equipe multidisciplinar que é composta por um endocrinologista, assistente social e cirurgião”, alerta o médico.

A prevenção e acompanhamento constantes antes do procedimento é regra para que haja um resultado positivo.
“É importante acompanhar a vivência no gênero, ou seja, se vestindo, se portando, usando outro nome, fazendo uso de hormônios, enfim, levando o mesmo estilo de vida que vai ter após ser operado”, explica Alexandre Saadeh, psiquiatra coordenador do AMTIGOS - Ambulatório de Transtorno de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

"Como a triagem e preparo antes da operação são maçantes, é praticamente impossível encontrarmos um caso de arrependimento pós-cirúrgico, e uma das virtudes do nosso trabalho é que nenhuma paciente nossa se arrependeu da cirurgia. Eles se sentem muito confortáveis depois da mudança porque atribuem o seu complexo a genitália, já que se sentem plenamente mulheres”,
lembra Adib.

Divulgação HC-FMUSP

Vista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo-USP

Quanto ao prazer, o cirurgião afirma que o feixe vásculo nervoso do pênis é preservado em toda sua extensão, e transformado em um clitóris.
“Colocamos a glande no fundo da vagina que está sendo construída, preservando assim toda a sensibilidade. No caso das mulheres, elas tomam hormônios masculinos que aumentam de volume o clitóris cerca de 4 a 5 cm, e na cirurgia ele é solto da vagina, proporcionando e mantendo a sensibilidade e o prazer”.

O Hospital das Clínicas realiza duas cirurgias por mês em SP.

A VIDA REAL

Vivian Fantin
tem 39 anos e é uma bióloga de sucesso.

Fez a cirurgia em junho de 2010 e agora está realizando as cirurgias estéticas.

Durante sua visita ao consultório para a retirada de pontos da intervenção estética, ela nos concedeu a seguinte entrevista:

Pergunta: Qual a sensação de ter se tornado mulher?
Vivian Fantin: Muito grande, logo que acordei da anestesia eu fiz questão de colocar a mão (risos). Mas a sensação é inexplicável, pela primeira vez eu senti que era eu.

O que mudou na sua vida?
Tudo. Antes eu tinha receio de entrar nos lugares, de ser discriminada. Hoje eu vou em qualquer lugar e gosto muito mais de mim e do meu corpo.

Como foi a primeira vez como mulher?
Foi ótimo, esse sonho era mais meu que dele, mas foi muito bom. Nos conhecemos antes da cirurgia e ele é heterossexual e nos apaixonamos. Hoje tudo está melhor.

E quanto ao preconceito? Você passou por isso? Como se sentiu?
Olha eu sofri muito preconceito sim, principalmente dos travestis e homossexuais amigos meus que ficaram contra mim e a cirurgia. Muitos não falam mais comigo e acham que eu mutilei meu corpo. Perdi muitos amigos. Eles acham que depois de um tempo a gente enlouquece, o que não é verdade. Eu renasci.

Qual a sua relação com sua nova genitália?
Muito boa (risos)! Tenho todas as sensações e já tive 3 orgasmos depois da operação, (risos).


ARRASANDO NO EXTERIOR

Lea T
, a primeira supermodelo transgênero do mundo, anunciou sua operação para mudança de sexo.

A bela morena de 28 anos assumiu sua condição aos 25, a duras penas.
“Aos 12 anos eu já era um menino bem feminino. Tentei aceitar meu corpo de homem porque seria mais fácil, mas não consegui”.

A modelo, que ficou conhecida internacionalmente por campanhas de marcas famosas como a Givenchy, é autêntica.

Revista Quem

Lea T, no último carnaval, no Rio de Janeiro

Em uma entrevista à mais assistida apresentadora dos EUA, Oprah Winfrey, Lea contou como esconde o órgão masculino para fotografar e desfilar por passarelas fashion.
“É um trabalho árduo e doloroso, tenho que virá-lo todo para trás e é mais complicado quando tenho que me sentar para fotografar, por exemplo”, disse.

A filha do ex-jogador de futebol Toninho Cerezzo fez questão de enfatizar que seu pai é amoroso e a apóia o tempo todo - durante o carnaval, perguntado a respeito, Cerezzo disse: "Para mim, pouco importa se é Leo ou Lea; é minha filha, e eu a amo muito".

A cirurgia de Lea acontece ainda neste mês de março, na Itália.

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Matéria base:Renata Rode, para o UOL
Redação final: Cláudio Nóvoa

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