Se fizermos uma comparação rasteira, podemos dizer que o escritor Lope de Vega (1562-1635) é o William Shakespeare da Espanha: escreveu mais de 400 comédias, 42 autos e centenas de poemas.
A juventude de Lope é retratada neste filme que estreia hoje, dirigido com bastante liberdade pelo brasileiro Andrucha Waddington - de "Eu Tu Eles" e "Casa de Areia" -, aqui em seu primeiro trabalho internacional - na Espanha, "Lope" venceu dois Goya, o principal prêmio cinematográfico do país: melhor canção original, para "Que el soneto nos tome por sorpresa", do uruguaio Jorge Drexler, e melhor figurino.
Como define o diretor, o filme foca "o Lope antes do Lope", o jovem poeta antes da transformação em mito.
Andrucha assina um filme de época sem a pasmaceira e escuridão habituais do gênero, e, suprema heresia do ponto de vista dos espanhóis, escalou um ator argentino, Alberto Ammann, para interpretar o protagonista - os espanhóis puristas não pouparam o sotaque do protagonista, e, para quem conhece, um argentino tem sotaque muito diferente de um espanhol.
Com roteiro de Jordi Gasull e Ignacio Del Moral, o filme flui nas tramas, especialmente amorosas - que, nessa fase da vida do personagem, estão totalmente implicadas no seu início profissional.
Lope vem de uma família modesta: filho da viúva Paquita - interpretada pela Diva Sônia Braga, com uma excelente maquiagem de envelhecimento que a deixa irreconhecível - e tem um irmão, Juan - Antonio de La Torre.
Os dois acabam de voltar da guerra, e tentam encontrar trabalho para sobreviver, o que na época era dificílimo.
Lope, por sua vez, só pensa na poesia e no teatro, e faz sucesso com a mulherada por conta de sua destreza com as palavras - e uma delas , Elena Osorio, interpretada por Pilar López de Ayala, também será seduzida pela verve do jovem poeta.
DivulgaçãoPilar López de Ayala e Alberto Ammann, em cena de "Lope"
Casada, com marido vivendo distante, e pai sendo um poderoso empresário teatral em Madri - Velasquez, interpretado por Juan Diego - a paixão de Elena se torna muito conveniente para Lope, que acaba encenando suas peças no teatro de Velasquez, mesmo sem muitas compensações financeiras - o esperto empresário explora seu sucesso em proveito próprio.
O coração do dramaturgo bate também por Isabel de Urbina - Leonor Watling, de "Fale com Ela"-, uma jovem de família rica e bem mais pudica e religiosa do que Elena, e, por conta desse enrosco amoroso, Lope logo se verá em apuros, inclusive nos tribunais.
Selton Mello interpreta aqui um nobre português, o marquês de Navas - que costuma encomendar versos a Lope para fazer bonito nas festas e conquistar namoradas.
O filme também foi criticado pelas assumidas liberdades em relação à fidelidade histórica, e em pelo naturalismo nos cenários e figurinos.
É uma Madri suja que vemos na telona, com personagens usando roupas gastas e puídas -o diretor, baseado em pesquisas, garante que eram assim mesmo na época que o filme retrata, o século 16 - Andrucha completou sua ambientação com referências da obra de diversos pintores da época, como Velázquez.
Alberto Ammann é um ator magnético, que passa verdade em cada cena em que aparece - o bom roteiro também o ajuda, e muito.
E a Diva Sônia Braga está simplesmente magnífica, como fazia tempo que eu não a via tão entregue assim a uma personagem.
A direção de arte é muito boa, a fotografia é acima da média, e Andrucha fez aqui sua melhor direção até agora, disparado - é um diretor de atores muito bom, e se saiu muito bem nas cenas de ação.
Confira o trailer do filme:
A juventude de Lope é retratada neste filme que estreia hoje, dirigido com bastante liberdade pelo brasileiro Andrucha Waddington - de "Eu Tu Eles" e "Casa de Areia" -, aqui em seu primeiro trabalho internacional - na Espanha, "Lope" venceu dois Goya, o principal prêmio cinematográfico do país: melhor canção original, para "Que el soneto nos tome por sorpresa", do uruguaio Jorge Drexler, e melhor figurino.
Como define o diretor, o filme foca "o Lope antes do Lope", o jovem poeta antes da transformação em mito.
Andrucha assina um filme de época sem a pasmaceira e escuridão habituais do gênero, e, suprema heresia do ponto de vista dos espanhóis, escalou um ator argentino, Alberto Ammann, para interpretar o protagonista - os espanhóis puristas não pouparam o sotaque do protagonista, e, para quem conhece, um argentino tem sotaque muito diferente de um espanhol.
Com roteiro de Jordi Gasull e Ignacio Del Moral, o filme flui nas tramas, especialmente amorosas - que, nessa fase da vida do personagem, estão totalmente implicadas no seu início profissional.
Lope vem de uma família modesta: filho da viúva Paquita - interpretada pela Diva Sônia Braga, com uma excelente maquiagem de envelhecimento que a deixa irreconhecível - e tem um irmão, Juan - Antonio de La Torre.
Os dois acabam de voltar da guerra, e tentam encontrar trabalho para sobreviver, o que na época era dificílimo.
Lope, por sua vez, só pensa na poesia e no teatro, e faz sucesso com a mulherada por conta de sua destreza com as palavras - e uma delas , Elena Osorio, interpretada por Pilar López de Ayala, também será seduzida pela verve do jovem poeta.
DivulgaçãoPilar López de Ayala e Alberto Ammann, em cena de "Lope"
Casada, com marido vivendo distante, e pai sendo um poderoso empresário teatral em Madri - Velasquez, interpretado por Juan Diego - a paixão de Elena se torna muito conveniente para Lope, que acaba encenando suas peças no teatro de Velasquez, mesmo sem muitas compensações financeiras - o esperto empresário explora seu sucesso em proveito próprio.
O coração do dramaturgo bate também por Isabel de Urbina - Leonor Watling, de "Fale com Ela"-, uma jovem de família rica e bem mais pudica e religiosa do que Elena, e, por conta desse enrosco amoroso, Lope logo se verá em apuros, inclusive nos tribunais.
Selton Mello interpreta aqui um nobre português, o marquês de Navas - que costuma encomendar versos a Lope para fazer bonito nas festas e conquistar namoradas.
O filme também foi criticado pelas assumidas liberdades em relação à fidelidade histórica, e em pelo naturalismo nos cenários e figurinos.
É uma Madri suja que vemos na telona, com personagens usando roupas gastas e puídas -o diretor, baseado em pesquisas, garante que eram assim mesmo na época que o filme retrata, o século 16 - Andrucha completou sua ambientação com referências da obra de diversos pintores da época, como Velázquez.
Alberto Ammann é um ator magnético, que passa verdade em cada cena em que aparece - o bom roteiro também o ajuda, e muito.
E a Diva Sônia Braga está simplesmente magnífica, como fazia tempo que eu não a via tão entregue assim a uma personagem.
A direção de arte é muito boa, a fotografia é acima da média, e Andrucha fez aqui sua melhor direção até agora, disparado - é um diretor de atores muito bom, e se saiu muito bem nas cenas de ação.
Confira o trailer do filme:
*****
Distribuição: Warner
Elenco:
Elenco:
Alberto Ammann
Leonor Watling
Sônia Braga
Luis Tosar
Pilar López de Ayala
Antonio de la Torre
Selton Mello
Miguel Ángel Muñoz
Gênero: Baseado em fatos reais, Drama, Romance
Duração: Agradáveis 106 min.
Ano: 2010
Data da Estreia: 04/03/2011
Cor: Colorido
Classificação: Não recomendado para menores de 14 anos
País: Espanha, Brasil
COTAÇÃO DO KLAU:
Leonor Watling
Sônia Braga
Luis Tosar
Pilar López de Ayala
Antonio de la Torre
Selton Mello
Miguel Ángel Muñoz
Gênero: Baseado em fatos reais, Drama, Romance
Duração: Agradáveis 106 min.
Ano: 2010
Data da Estreia: 04/03/2011
Cor: Colorido
Classificação: Não recomendado para menores de 14 anos
País: Espanha, Brasil
COTAÇÃO DO KLAU:
ALBERTO AMMAN:
"TRABALHAR COM SÔNIA BRAGA FOI UM SONHO"
Nascido em 1978, na Argentina, e criado na Espanha, Alberto Ammann tinha apenas um longa-metragem no currículo antes de ser convidado a fazer um teste para o papel-título de "Lope": "Celda 211", foi um sucesso em seu país de origem, e valeu ao argentino um prêmio Goya de melhor ator revelação.
As diretoras de elenco que haviam trabalhado com Ammann no primeiro e único filme dele até aquele momento o sugeriram ao diretor Andrucha Waddington.
"Na segunda etapa dos testes, interpretei com Pilar [López de Ayala] e Leonor [Watling], e Andrucha estava presente", disse ele em entrevista ao UOL Cinema, em um hotel da região Oeste de São Paulo, onde ficou hospedado.
"Foi então que eu o conheci e simpatizamos imediatamente. Houve muito boa energia entre nós."
O fato de ser argentino não foi empecilho para a escolha de Ammann para o papel - o sotaque castelhano, aliás, era o menor dos problemas a se resolver nos 25 dias que faltavam para o início das filmagens.
"Tinha que aprender a andar a cavalo bem. Porque eu sabia cavalgar, mas mal. [Tinha que aprender a] usar espadas, fazer leituras de roteiro. Ou seja, era muito trabalho."
Filho do escritor, jornalista e político Luis Alberto Ammann e Nélida Rey, Ammann nasceu em Córdoba e, com poucos meses, mudou-se com os pais para Madri.
Em 1982, com o fim da ditadura, a família voltou para a Argentina, mas o jovem Alberto ainda retornaria para a Espanha, a fim de terminar os estudos.
Ele não pensava em iniciar carreira como ator, até que apareceu o teatro e depois o cinema.
A ideia de interpretar Lope de Vega, a quem conhecia superficialmente dos estudos escolares, o deixou preocupado, mas não o imobilizou.
Com três projetos engatilhados no cinema, um nos EUA, outro entre Brasil e Argentina e outro na Argentina, ele investe na carreira de ator, e celebra ter trabalhado ao lado de uma das atrizes mais celebradas do cinema brasileiro, Sônia Braga.
Leia os principais trechos da entrevista, abaixo:
Getty Images
Nascido em 1978, na Argentina, e criado na Espanha, Alberto Ammann tinha apenas um longa-metragem no currículo antes de ser convidado a fazer um teste para o papel-título de "Lope": "Celda 211", foi um sucesso em seu país de origem, e valeu ao argentino um prêmio Goya de melhor ator revelação.
As diretoras de elenco que haviam trabalhado com Ammann no primeiro e único filme dele até aquele momento o sugeriram ao diretor Andrucha Waddington.
"Na segunda etapa dos testes, interpretei com Pilar [López de Ayala] e Leonor [Watling], e Andrucha estava presente", disse ele em entrevista ao UOL Cinema, em um hotel da região Oeste de São Paulo, onde ficou hospedado.
"Foi então que eu o conheci e simpatizamos imediatamente. Houve muito boa energia entre nós."
O fato de ser argentino não foi empecilho para a escolha de Ammann para o papel - o sotaque castelhano, aliás, era o menor dos problemas a se resolver nos 25 dias que faltavam para o início das filmagens.
"Tinha que aprender a andar a cavalo bem. Porque eu sabia cavalgar, mas mal. [Tinha que aprender a] usar espadas, fazer leituras de roteiro. Ou seja, era muito trabalho."
Filho do escritor, jornalista e político Luis Alberto Ammann e Nélida Rey, Ammann nasceu em Córdoba e, com poucos meses, mudou-se com os pais para Madri.
Em 1982, com o fim da ditadura, a família voltou para a Argentina, mas o jovem Alberto ainda retornaria para a Espanha, a fim de terminar os estudos.
Ele não pensava em iniciar carreira como ator, até que apareceu o teatro e depois o cinema.
A ideia de interpretar Lope de Vega, a quem conhecia superficialmente dos estudos escolares, o deixou preocupado, mas não o imobilizou.
Com três projetos engatilhados no cinema, um nos EUA, outro entre Brasil e Argentina e outro na Argentina, ele investe na carreira de ator, e celebra ter trabalhado ao lado de uma das atrizes mais celebradas do cinema brasileiro, Sônia Braga.
Leia os principais trechos da entrevista, abaixo:
Getty Images
O ator Alberto Ammann
Como foi a rotina de trabalho antes de fazer o filme?
Todos os dias tínhamos trabalho de leitura de roteiro.
Ou com todos os atores, com a maioria deles, ou com as atrizes - trabalho de mesa. Com Andrucha, fui à casa de Lope de Vega.
Sempre estávamos em contato, falando muito.
O ritmo nesses dias foi muito louco.
Levantava de manhã, ia treinar com Ignácio Carreño, que era o especialista em equitação.
Depois, ia para a esgrima.
Saia de lá, ia comer.
Depois ia para o treinamento de sotaque.
Depois, para a leitura de roteiro com Andrucha.
E no caminho de um lugar para o outro, ia lendo sobre a biografia Lope de Vega.
Não tinha tempo. Dormia quatro horas.
E não foram só os 25 dias de preparação.
Foram também os 45 de rodagem.
Ou seja, 70 dias dormindo quatro horas por dia.
E de estar todos os dias com os livros, o roteiro, a espada e tudo.
O que você conhecia de Lope de Vega?
Conhecia sobretudo suas obras, o que estudei.
Um pouquinho na Universidade, na Argentina, em Córdoba, e no secundário.
Suas três principais obras, seus sonetos, suas poesias.
Da biografia, que foi sacerdote no fim da vida e que sempre esteve ligado à nobreza. Ou seja, que desejou a vida inteira entrar na nobreza, mas nunca haviam deixado.
Por causa do seu currículo de mulherengo, jogador, festeiro.
Até aí.
Na Argentina, é como se fosse uma pincelada.
Na Espanha, o estudam mais a fundo.
Na sua cabeça, como era incorporar este personagem, em um filme espanhol dirigido por um brasileiro?
Antes de Andrucha me oferecer o personagem, esse pensamento estava disparado. Essa pergunta: Onde vamos parar? Porque não conhecia Andrucha, porque o cinema brasileiro lamentavelmente não chega até a Espanha.
Depois, investiguei, e quando soube quem era, pensei isso.
E quando ele me ofereceu o personagem, me pareceu justo.
Mas esses pensamentos duraram pouco.
Esse café com Andrucha foi muito bom.
Eu perguntei a ele que filme seria esse se trabalhássemos juntos.
E ele me falou que queria colocar Lope perto da gente jovem, que os jovens pudessem se identificar com um rapaz que chega da guerra, não sabe o que fazer, apaixona-se imediatamente pelo teatro, por duas mulheres de uma vez só, que briga por esse sonho e se joga.
Um pouco trazer o Lope dos céus e colocá-lo na terra.
Isso me ajudou a baixar o nível de exigência.
Não estamos contando a história de Lope de Vega.
Esqueçamos dele.
Por isso, o chamaremos de Lope.
Estamos contando a história de um jovem daquela época que aparece e está em uma situação determinada, limite.
E empenha-se em ir adiante, com seus problemas e suas aventuras.
Sônia Braga faz o papel de sua mãe no filme.
Qual a sensação de trabalhar com uma das grandes atrizes do cinema brasileiro, além de um dos nossos símboloso sexuais interpretando uma senhora?
Eu era apaixonado por Sonia Braga quando tinha 8 ou 9 anos.
E meu pai, os dois.
Víamos os filmes dela em Córdoba, na Argentina.
Para mim, foi um sonho trabalhar com ela.
Ela é maravilhosa.
No primeiro dia, quando nos conhecemos foi como se fossemos filho e mãe.
É uma mulher incrível, belíssima.
Além disso, tem essa coisa de atriz, de estar completamente a serviço da história, do personagem, do que estamos contando.
Tem atores que não gostam de muita maquiagem porque pode estragar sua imagem.
E ela não teve essa vaidade.
E eram horas de processo.
Essas coisas que eu vejo e digo isso tem a ver com ser ator, esquecer da imagem própria.
Você tem outros projetos em mente?
Ammann - Sim, adoraria.
A visão vai além de trabalhar em outras línguas.
Quero crescer artisticamente, como ator, e para isso tenho que aprender idiomas, participar de trabalhos que me produzam medo e insegurança.
Isso é alimento rico.
E o que tem de projetos?
Tenho um projeto em inglês.
Uma coprodução brasileira e argentina.
Não posso falar nada porque ainda não há nada concreto.
Li o roteiro.
Mas não sei em que fase está, acho que ainda está tomando forma.
Não tem data de início de rodagem, nem nada.
Com Walter Salles?
(Risos) Não, não.
Adoraria trabalhar com ele, mas não é o caso.
E tem também um projeto na Argentina.
Mas todos estão em desenvolvimento.
Por isso tenho que guardar segredo.
Todos os dias tínhamos trabalho de leitura de roteiro.
Ou com todos os atores, com a maioria deles, ou com as atrizes - trabalho de mesa. Com Andrucha, fui à casa de Lope de Vega.
Sempre estávamos em contato, falando muito.
O ritmo nesses dias foi muito louco.
Levantava de manhã, ia treinar com Ignácio Carreño, que era o especialista em equitação.
Depois, ia para a esgrima.
Saia de lá, ia comer.
Depois ia para o treinamento de sotaque.
Depois, para a leitura de roteiro com Andrucha.
E no caminho de um lugar para o outro, ia lendo sobre a biografia Lope de Vega.
Não tinha tempo. Dormia quatro horas.
E não foram só os 25 dias de preparação.
Foram também os 45 de rodagem.
Ou seja, 70 dias dormindo quatro horas por dia.
E de estar todos os dias com os livros, o roteiro, a espada e tudo.
O que você conhecia de Lope de Vega?
Conhecia sobretudo suas obras, o que estudei.
Um pouquinho na Universidade, na Argentina, em Córdoba, e no secundário.
Suas três principais obras, seus sonetos, suas poesias.
Da biografia, que foi sacerdote no fim da vida e que sempre esteve ligado à nobreza. Ou seja, que desejou a vida inteira entrar na nobreza, mas nunca haviam deixado.
Por causa do seu currículo de mulherengo, jogador, festeiro.
Até aí.
Na Argentina, é como se fosse uma pincelada.
Na Espanha, o estudam mais a fundo.
Na sua cabeça, como era incorporar este personagem, em um filme espanhol dirigido por um brasileiro?
Antes de Andrucha me oferecer o personagem, esse pensamento estava disparado. Essa pergunta: Onde vamos parar? Porque não conhecia Andrucha, porque o cinema brasileiro lamentavelmente não chega até a Espanha.
Depois, investiguei, e quando soube quem era, pensei isso.
E quando ele me ofereceu o personagem, me pareceu justo.
Mas esses pensamentos duraram pouco.
Esse café com Andrucha foi muito bom.
Eu perguntei a ele que filme seria esse se trabalhássemos juntos.
E ele me falou que queria colocar Lope perto da gente jovem, que os jovens pudessem se identificar com um rapaz que chega da guerra, não sabe o que fazer, apaixona-se imediatamente pelo teatro, por duas mulheres de uma vez só, que briga por esse sonho e se joga.
Um pouco trazer o Lope dos céus e colocá-lo na terra.
Isso me ajudou a baixar o nível de exigência.
Não estamos contando a história de Lope de Vega.
Esqueçamos dele.
Por isso, o chamaremos de Lope.
Estamos contando a história de um jovem daquela época que aparece e está em uma situação determinada, limite.
E empenha-se em ir adiante, com seus problemas e suas aventuras.
Sônia Braga faz o papel de sua mãe no filme.
Qual a sensação de trabalhar com uma das grandes atrizes do cinema brasileiro, além de um dos nossos símboloso sexuais interpretando uma senhora?
Eu era apaixonado por Sonia Braga quando tinha 8 ou 9 anos.
E meu pai, os dois.
Víamos os filmes dela em Córdoba, na Argentina.
Para mim, foi um sonho trabalhar com ela.
Ela é maravilhosa.
No primeiro dia, quando nos conhecemos foi como se fossemos filho e mãe.
É uma mulher incrível, belíssima.
Além disso, tem essa coisa de atriz, de estar completamente a serviço da história, do personagem, do que estamos contando.
Tem atores que não gostam de muita maquiagem porque pode estragar sua imagem.
E ela não teve essa vaidade.
E eram horas de processo.
Essas coisas que eu vejo e digo isso tem a ver com ser ator, esquecer da imagem própria.
Você tem outros projetos em mente?
Ammann - Sim, adoraria.
A visão vai além de trabalhar em outras línguas.
Quero crescer artisticamente, como ator, e para isso tenho que aprender idiomas, participar de trabalhos que me produzam medo e insegurança.
Isso é alimento rico.
E o que tem de projetos?
Tenho um projeto em inglês.
Uma coprodução brasileira e argentina.
Não posso falar nada porque ainda não há nada concreto.
Li o roteiro.
Mas não sei em que fase está, acho que ainda está tomando forma.
Não tem data de início de rodagem, nem nada.
Com Walter Salles?
(Risos) Não, não.
Adoraria trabalhar com ele, mas não é o caso.
E tem também um projeto na Argentina.
Mas todos estão em desenvolvimento.
Por isso tenho que guardar segredo.
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