Tenessee Williams é um raro tesouro para as novas gerações.
Considerado o grande renovador do teatro americano, Williams, que completaria 100 anos neste sábado (26), ainda é um dos autores nascidos nos EUA mais lidos e encenados, com a contínua representação nos palcos de clássicos como
"Um Bonde Chamado Desejo" e reedições editoriais.
Autor de dezenas de obras de teatro e vários livros de relatos como
"A Noite da Iguana e Outras Histórias", disse em mais de uma ocasião que começou a escrever porque achava "a vida insatisfatória".
Nascido em 1911 no estado sulista do Mississipi, filho de um vendedor de sapatos e de uma cantora, Thomas Lanier Williams estudou jornalismo na Universidade do Missouri, mas logo revelou ter mais interesse pela ficção.
Durante a Grande Depressão, trabalhou por vários anos em uma fábrica de sapatos de Nova Orleans, o que influiu notavelmente em sua obra e contribuiu para sua carreira como grande retratista - na fábrica, sofreu uma crise nervosa, que o obrigou a deixar o trabalho e retornar à literatura.
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O escritor americano Tenessee Williams, em imagem dos anos 70
Suas obras se caracterizam por diálogos rápidos e pungentes, que retratam a decadência, frustração sexual e violência reprimida da América, através de personagens autodestrutivos.
Muitos deles refletiam a própria personalidade do escritor, que escancarava sua homossexualidade e dependência de álcool e drogas em suas obras.
Entre seus personagens mais conhecidos sobressaem Stanley Kowalski e Blanche DuBois, protagonistas de "Um Bonde Chamado Desejo", cuja bem-sucedida versão cinematográfica dirigida por Elia Kazan, em 1951, transformou as interpretações de Marlon Brando e Vivien Leigh num dos maiores clássicos das telonas.
No entanto, os dramas de Williams - que trocou seu nome em 1939 pelo do estado natal de seu pai, Tennessee - nem sempre foram bem recebidos, devido à dureza de sua escrita.
O cardeal de Nova York, Francis Spellman, qualificou o roteiro do filme
"Boneca de Carne" (1956), também dirigido por Kazan, como "repugnante, deplorável, moralmente repulsivo e ofensivo aos padrões cristãos da decência".
Apesar de o filme "Um Bonde Chamado Desejo" ser frequentemente censurado - algumas de suas cenas tiveram que ser cortadas, já para a versão final - Williams foi ganhando pouco a pouco o reconhecimento do público e da crítica.
Foi agraciado com o Prêmio Pulitzer de Teatro em duas ocasiões: primeiro por
"Um Bonde Chamado Desejo", em 1948; depois por "Gata em Teto de Zinco Quente", em 1955, além de ter recebido o Prêmio Tony de Teatro por seu drama "A Rosa Tatuada", em 1951.
Entre o final dos anos 40 e o início dos anos 60, o dramaturgo produziu a maior parte de suas melhores obras, época que coincidiu com sua relação com Frank Merlo, soldado americano de origem siciliana, com quem viveu entre 1947 e 1962.
Com a morte de Merlo em 1963, Williams mergulhou no mundo de drogas e álcool, o que o levou a ser hospitalizado em 1969.
O centenário de seu nascimento coincide com a morte nesta semana de
Dame Elisabeth Taylor, que recebeu uma indicação ao Oscar por sua magistral atuação como Maggie, a protagonista, junto a Paul Newman, em "Gata em Teto de Zinco Quente" (1958).
Durante os anos 70, Williams se concentrou em escrever suas memórias e, em 1980, apresentou sua última obra, que travata da relação tempestuosa de F. Scott fritzgerald - autor de "O Grande Gatsby" - com sua esposa Zelda, que foi um grande fracasso.
Apenas três anos depois, em 25 de fevereiro de 1983, Williams morria, aos 71 anos de idade, em seu quarto do Hotel Elyseé de Nova York, após uma mistura de álcool e comprimidos.
Agora, por ocasião dos cem anos de seu nascimento, a Biblioteca dos Estados Unidos lança uma edição com mais de 33 dramas de Williams, em 2.053 páginas - até o momento, os únicos dramaturgos representados nesta prestigiosa coleção foram Eugene O'Neill, George S. Kaufman, Arthur Miller e Thornton Wilder.
O texto de Tenessee Williams continua atual, crucial e duro, um dos maiores exemplos da sociedade americana no século 20, e será sempre um raro prazer ver qualquer um deles encenado, nos palcos ou nas telonas.
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A Livraria da Folha tem alguns bons livros e filmes, baseados na obra de Tenessee Williams em oferta; separei dois livros e um DVD:
"49 CONTOS DE TENESSEE WILLIAMS"
Nesta reunião de contos, Tennessee Williams, dono de um tom de voz narrativo envolvente, apresenta uma galeria de personagens frágeis, insensatos, perdidos.
Por vezes, são maravilhosamente loucos ou desvairadamente lúcidos, mas sempre apaixonantes.
É por amor que constrói os personagens de suas peças, diz Tennessee Williams no relato autobiográfico que serve de prefácio a esta obra.
Entre os 49 contos selecionados, há alguns textos inéditos e outros que apareceram pela primeira vez em revistas americanas.
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"Um Bonde chamado desejo"
Um triunfo na literatura, no teatro e no cinema.
Assim se consagrou essa peça.
Desde sua publicação em 1947, foi aclamada na literatura com o prêmio Pulitzer,
no teatro com a magistral interpretação do então novato Marlon Brando
e no cinema com o estouro de bilheteria que foi o filme de Elia Kazan.
É o retrato de uma sociedade decadente, personificada por Blanche DuBois,
uma bela mulher que volta para a casa da irmã por não ter mais para onde ir.
À beira da loucura, traumatizada e sofrida, ela entra em confronto com o mundo
rude e viril do cunhado, Stanley Kowalski.
Essa tensão, estabelecida entre o refinamento e a brutalidade,
mostra uma família em ruínas num mundo conflituado,
sem lugar para o amor e para a sensibilidade.
Um dos grandes textos do século 20.
De: R$ 14,00
Por: R$ 11,90
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"GATA EM TETO DE ZINCO QUENTE"
"Eu não estou vivendo com você".
Maggie dispara a frase secamente contra Brick.
"Nós ocupamos a mesma jaula, isso é tudo".
As cruas emoções e diálogos brilhantes de Tenessee Williams ecoam como uma tempestade nesta versão cujas ardentes performances e tema adulto transformaram-na em um campeão de bilheterias.
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