sexta-feira, 11 de março de 2011

"EM UM MUNDO MELHOR": SIMPLISTA E ENFADONHO

Ganhador do Oscar e do Globo de Ouro de melhor filme em língua estrangeira, o dinamarquês "Em um Mundo Melhor", de Susanne Bier, confirma a tradição dos premiados nessa categoria: pouco diz sobre o cinema fora dos Estados Unidos, mas muito repercute junto aos interesses dos norte-americanos.

Temas como bullying, sentimento de culpa europeu diante do 3º Mundo e famílias problemáticas agradam em cheio os votantes da Academia de Ciências e Artes Cinematográficas de Hollywood, que nesse ano não oscarizaram filmes de valor artístico muito maior, como o argentino "Abutres" e o tailandês "Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas" - ganhador da Palma de Ouro em Cannes 2010.

Aqui, a diretora Bier volta a filmar na sua Dinamarca natal, depois de uma fraca passagem pelo cinema norte-americano com "Coisas que Perdemos pelo Caminho" (2007).

Com roteiro assinado por Anders Thomas Jensen - seu colaborador frequente - e que entrelaça a história de duas famílias consumidas pela culpa e o distanciamento, o filme faz um paralelo entre dois países: Dinamarca e Quênia.

Anton - Mikael Persbrandt - é um médico que viaja frequentemente à África para cuidar de mulheres que foram brutalmente atacadas por um chefão local.
Em casa, ele tenta recuperar o amor de sua mulher, Marianne - Trine Dyrholm - e a confiança do filho, Elias - Markus Rygaard.

DivulgaçãoOs atores Mikael Persbrandt e Trine Dyrholm, em cena do filme

A outra família é a de Claus - Ulrich Thomsen - viúvo e pai omisso que volta da Inglaterra para a Dinamarca com o filho pequeno, Christian - William Johnk Nielsen - depois da morte da mãe do menino.

A vida dos dois garotos vão se cruzar quando Elias é humilhado por outro menino na escola e Christian o defende - a reação é violenta e inesperada, surpreendendo especialmente o pai, já que Christian revela-se um garoto vingativo, com comportamento que coloca em risco a vida não apenas do amigo, mas também de desconhecidos.

O retorno de Anton para casa o reaproxima de Elias, que passa a ver as atitudes do pai com outros olhos.

Influenciado pelo novo amigo, Elias passa a resolver com ele e como ele qualquer tipo de problema usando violência - no Quênia, há um paralelo das ações do médico e das crianças, pois Anton terá a chance de acertar as contas com o chefão da aldeia local, quando ele precisa de sua ajuda.

Susanne e seu roteirista revelam aqui uma história moralizante, onde se questiona principalmente se devemos oferecer a outra face para o inimigo.

A resposta, lógico, não é simples e envolve muita discussão, mas o filme é simplista em seu desfecho, carregando as tintas nas manipulações emocionais e narrativas.

A premissa de "Em um Mundo Melhor" acaba sendo a que, se as pessoas retribuirão, tanto o bem, quanto mal, na mesma moeda, por quê, então não fazer apenas o bem?

Isso tudo a Academia a-do-ra!

Num "perfect world", até que poderia caber,mas no nosso mundo real?

Decepcionante, não fôsse a explosão na telona que é o menino William Johnk Nielsen, de quem, seguramente ainda ouviremos falar muito como ator - é a melhor coisa do filme.

Confira o trailer do filme:


*****
"EM UM MUNDO MELHOR"
Título original:
Hævnen
Diretora: Susanne Bier
Produção: Zentropa Entertaiments 16
Elenco:
Mikael Persbrandt
Trine Dyrholm
Ulrich Thomsen
William Jøhnk Nielsen
Markus Rygaard
Gênero: Drama
Duração: Cansativos 119 min.
Ano: 2010
Data da Estreia: 11/03/2011
Cor: Colorido
Classificação: Não recomendado para menores de 14 anos
País: Dinamarca, Suécia
COTAÇÃO DO KLAU:

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