sexta-feira, 14 de outubro de 2016

MEMÓRIA - ORIVAL PESSINI: SEM ELE O MUNDO FICA MENOS DIVERTIDO



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Criador e intérprete de personagens icônicos, como Sócrates, Fofão e Patropi, nos deixou hoje, aos 72 anos, vítima de câncer
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Nascido em Marília (SP) em 1944, o ator e criador Orival Pessini iniciou a carreira no teatro amador e atuando em comerciais.

Estreou na TV em 1963, no infantil “Quem Conta um Conto”, da TV Tupi, mas o sucesso viria anos depois, com os personagens Sócrates e Charles, no humorístico “Planeta dos Homens” (Globo).

Além de ser um excelente ator, Pessini era artista plástico e trouxe uma técnica de confecção de máscaras de látex dos EUA para sempre mudar de rosto e assim, incorporar melhor seus personagens.

O macaco Sócrates aparecia na abertura do programa descascando uma banana e dentro, estava a bela bailarina Wilma Dias.

Segundo o criador da abertura, Hans Donner, foi a primeira cena a utilizar o efeito especial conhecido como 'chroma key' na TV brasileira.

Relembre:


Charles era um símio mais velho, sempre bem vestido e que usava um ótimo bordão para as situações absurdas que o esquete de humor mostrada: 
"Não precisa explicar, eu só queria entender...".

Nesse vídeo, outro símio criado por ele, Orangotango Silva, relembra Sócrates e Charles.

Veja:


O seu personagem mais famoso, o Fofão, foi criado em 1983, para o programa “Balão Mágico”, infantil que reinou nas manhãs da Globo por muitos anos, lançou Simony e Jair Oliveira e apresentava icônicos desenhos, como 'He-Man'.

O alienígena atrapalhado de enormes bochechas, nascido no planeta fictício “Fofolândia”, tornou-se um dos mais populares personagens infantis dos anos 1980.

Relembre um trecho do 'Balão Mágico':


Fofão, conforme o próprio Pessini afirmava, teve inspiração no E.T. do filme de Steven Spielberg.

"O Fofão não é bonito. Ele é uma mistura de cachorro, urso, porco e palhaço. Não é à toa que me baseei no E.T do Spielberg. Quando assisti ao filme na época fiquei com lágrimas nos olhos. Eu não pensei em fazer uma coisa bonita, mas sim uma coisa simpática, que demonstrasse 'calor humano', 'sentimento'", afirmou Pessini em maio deste ano no programa "The Noite" - veja a entrevista abaixo.

Parte da infância de uma geração, Pessini não se incomodava com as imitações de Fofão - até esse ano.

É que o personagem foi alvo de uma polêmica neste ano - quando o grupo 'Carreta Furacão', que tem um boneco inspirado no Fofão no seu elenco de bailarinos, decidiu ir a uma manifestação em favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Muito chateado, o criador proibiu o Fofão 'genérico' de participar do protesto.

"Eu não autorizo, é um direito meu. Eu faço questão de proteger meus personagens. O Fofão, por exemplo, gera empregos. As crianças conhecem pela internet e gostam. Os adultos se emocionam quando o encontram. Quero preservar essa imagem", explicou.


O ator e humorista Orival Pessini, fantasiado como seu personagem Fofão, posa para retrato no topo de um edifício em São Paulo, em foto de outubro de 2014 (Foto: Danilo Verpa/Folhapress/Arquivo)
Fofão, personagem mais famoso de Orival Pessini - G1
Em 1986, Pessini migrou para a Rede Bandeirantes, onde estreou um programa inteiramente dedicado ao personagem, o “TV Fofão”, que ficou no ar até 1989.

Antes do fim da atração, criou outro personagem de sucesso, o Patropi, para o programa “Praça Brasil” - uma versão da icônica 'Praça', também lá apresentada por Carlos Alberto de Nóbrega.

Um típico hippie universitário, o personagem tornou famosos bordões como:
 “Sei lá, entende?!” e “Sem crise, meu!”.

Como Patropi, participou ainda do “A Praça É Nossa” e “Escolinha do Gugu” (ambos do SBT), “Escolinha do Professor Raimundo” (Globo) e “Escolinha do Barulho” (Record).

Relembre Patropi na 'Escolinha do Professor Raimundo':


No “A Praça É Nossa”, também lançou o locutor Juvenal, conhecido pelo bordão:
 “Numa velocidade...”.

Entre seus personagens, está ainda Ranulpho Pereira, um aposentado reclamão que participou de “Uma Escolinha Muito Louca” (Band).


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Pessini como  Ranulpho Pereira - Band
Em 2014, atuou de cara limpa na série “Amores Roubados” (Globo), como o padre José.

Nos últimos anos da carreira, também se apresentava com o espetáculo “Eles sou Eu”, uma síntese dos quase 30 anos de trabalho, na qual revivia alguns de seus principais personagens.

Era comum vermos na plateia quarentões às lágrimas e depois, em plena crise de choro, quando Pessini, caracterizado como Fofão, aparecia na saída do teatro, onde tirava incontáveis fotos com seus pequenos grandes fãs.


Cartaz do espetáculo - Divulgação
Fofão é tão enraizado na cultura popular de uma geração que até ganhou homenagem da escola de samba paulistana Rosas de Ouro em 2014.

Pessini adorou:

"Fico abismado com a reação do público. Fofão fez 30 anos em 2013 e as pessoas querem fazer foto comigo. Hoje em dia participo de eventos para adultos. Pessoas que me viam quando criança", disse Pessini ao G1 antes do desfile.

Em maio de 2015, Pessini fez sua última participação especial no humorístico "A Praça É Nossa", como o personagem Clô, uma perfeita recriação de Clodovil Hernandes.


Pessini como Clô, em 'A Praça é Nossa' - Lurival Ribeiro - SBT
Ainda em maio do ano passado, Pessini deu sua última entrevista na TV - foi a Danilo Gentili, no 'The Noite' (SBT).

Assista:


Uma das últimas aparições de Pessini na TV foi no "Programa Silvio Santos", em fevereiro último - ele compareceu à atração caracterizado como Fofão e fez a festa ao lado do dono do SBT e do personagem Santos, do 'Programa do Ratinho', no 'Jogo das 3 Pistas'. 


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Ao lado de Silvio e de Santos, Pessini fez sua última participação na TV - SBT/Divulgação
Orival Pessini morreu na madrugada desta sexta (14.10) em São Paulo, aos 72 anos.

Ele, que estava internado no Hospital São Luiz, no Morumbi, na Zona Sul da capital e que já tinha vencido anos atrás um câncer de garganta, sucumbiu a um câncer no baço.

Álvaro Gomes, empresário do ator, afirmou por meio do Facebook que Pessini faleceu às 4h.

"Uma pessoa que trouxe alegria a várias gerações com seu humor adulto ou para as crianças, com o Fofão", escreveu.

Em sua página oficial no Facebook, Pessini foi homenageado com um texto.

"Pessini, como o chamávamos, fez várias gerações de brasileiros sorrirem com seus personagens. Ele realizou o impossível e criou uma maneira única, criativa e bela de se expressar como artista: era o homem de mil faces", dizia a publicação (leia mais abaixo).


A cantora Simony, que iniciou sua carreira artística ainda na infância ao lado de Pessini, no "Balão Mágico", se despediu do ator.

"Hoje é um dia tão triste, mas tão triste porque eu acabo de perder meu amigo, meu boneco que fez tanto minha alegria e a de muitas crianças. Orival Pessini eu te amo. Vai com Deus, meu amigão. Meu eterno Fofão", escreveu ela em seu perfil do Instagram.

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Simony, Fofão e Jair Oliveira, em foto recente - G1
Jair Oliveira, que também participou do "Balão" quando ainda era 'Jairzinho',  agradeceu ao ator e humorista.

"Descanse em paz, meu querido amigo Orival Pessini. Muito obrigado por sua alegria e criatividade", escreveu.



Para mim, Orival Pessini foi um dos maiores atores brasileiros de todos os tempos e sem ele, o mundo fica menos superfantástico e seguramente, menos divertido.

Pela alegria que nos deu esses anos todos, com seu humor ora infantil, ora inteligente, é que encerro com um clipe da música mais famosa do 'Balão', 'Superfantástico' - onde ele, aliás, não participa.

Assista:

Um comentário:

Danian Dare disse...

Triste partida nesse triste momento que vive o Brasil.

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