Qualquer Gato Vira-Lata pretende ser uma comédia romântica, só que deixa de lado os elementos cômicos da peça Qualquer Gato Vira-Lata Tem uma Vida Sexual Mais Sadia que a Nossa, de Juca de Oliveira, para concentrar-se no romance, o que se revela aqui um tiro n'água.
Se a peça já não era boa coisa, mas tinha no humor seus momentos mais fortes, na transposição para as telonas a trama ficou ruim de dar dó.
Falta à obra do diretor Tomás Portella e dos quatro - eu disse quatro! - roteiristas do filme um pouco de humor para dar sabor ao triângulo amoroso entre Tati - interpretada (!) por Cleo Pires -, Conrado - Malvino Salvador - e Marcelo -Dudu Azevedo.
O filme bagunça o já fraco fio condutor da peça, inclusive o final.
Depois de mais um fora e muitas lágrimas, uma Tati, histérica porque perdeu o namorado - Marcelo, que a tchifra na boa - , salta na tela com a cara toda borrada, entra numa escola para usar o banheiro e se interessa por uma aula que escuta.
Lá, um professor, Conrado, fala sobre o reino animal, os instintos de sobrevivência e reprodução, e como isso pode ser aplicado aos humanos.
Para reconquistar Marcelo, Tati aceita se tornar objeto de estudo de Conrado, que a ajudará a recuperar o namorado com teorias bastante machistas que ganham vida quando a moça as coloca em prática.
Segundo Marcelo, uma marreca não pode se aproximar do marreco, é preciso esperar que o macho tome a iniciativa, e o mesmo vale para os humanos.
Divulgação
Malvino Salvador e Cleo Pires, em cena do filme
Conrado passa a instruir Tati a se comportar como uma fêmea de qualquer espécie animal, que espera o macho tomar a iniciativa para os rituais de conquista e acasalamento, mas, aqui, o que vale mesmo são os clichês do gênero, até chegar ao seu final, que qualquer débil saberia qual é.
A personagem feminina, Tati, começa histérica, irritada e irritante e, aos poucos, pelas mãos de Conrado, vai se transformando, sempre com base nos clichês, já que ela só está feliz quando tem um namorado, seja ele quem for.
Se essa situação é a base da comédia romântica, aqui a trama só melhora um pouquinho na reta final, quando vira uma comédia de erros, numa cena dentro de um restaurante.
No final, ainda somos obrigados a ver os erros de gravação quando sobem os créditos finais, artifício mais do que batido e aqui, sem graça nenhuma.
Se Malvino Salvador é esforçado, e Dudu Azevedo faz seu personagem com dignidade, o mesmo não se pode falar de Cleo Pires.
Alguém precisa dizer para a moça que atriz é a mãe dela, Glória.
Aqui, Cleo transforma sua Tati num festival de caretas e gritarias, e, atriz de uma só persona, faz pela enésima vez o mesmo papel, que ora é uma índia na novelinha das seis, ora é uma indiana na novela das nove, mas é sempre interpretada (!) do mesmíssimo jeito.
Até o canastrão do pai dela, Fábio Jr, conhecido por fazer sempre o mesmo personagem, consegue ser melhor que Cleo, que para ser considerada uma atriz precisará descobrir vocação e talento que, até agora, ao menos para mim, ainda não mostrou.
O filme é qualquer coisa, e, para mim, é o pior brasileiro do ano, disparado.
Confira o trailer do filme:
*****
QUALQUER GATO VIRA LATA
Diretor:
Tomas Portella
Elenco:
Cleo Pires
Malvino Salvador
Dudu Azevedo
Alamo Facó
Leticia Novaes.
Produção:
Pedro Carlos Rovai
LG Tubaldini Jr
Fotografia:
Andre Modugno
Duração:
Qualquer coisa em 98 min.
Ano:
2010
País:
Brasil
Gênero:
Comédia (!)
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Downtown Filmes
Estúdio:
Buena Vista International
Tietê Produções Cinematográficas
Classificação:
14 anos
COTAÇÃO DO KLAU:
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