sexta-feira, 17 de junho de 2011

"MAMONAS PRA SEMPRE" É REVERENTE, ENGRAÇADO E REGISTRA DE FORMA SATISFATÓRIA UMA ÉPOCA

Na história recente do ´"show-biss" brasileiro, não tivemos história mais bonita do que essa: cinco meninos pobres da cidade-dormitório de Guarulhos, na Grande SP, num lance genial, resolvem trocar o repertório de sua banda de rock gótico - especializada em covers de grupos como Legião Urbana, Titãs,Paralamas do Sucesso,Barão Vermelho e Rush -  por outro extremamente alegre, irreverente e politicamente incorreto.

Da noite para o dia, os cinco - os irmãos Sérgio (bateria) e Samuel Reoli (baixo), Bento Hiroto (guitarra e violão) Julio Rasec (teclados e backing vocals) e Alecsander, o Dinho (vocais) - se tornam superstars, vendem milhões de discos, fazem praticamente um show por dia nos mais longínquos recantos do Brasil e são disputados a tapa pelos programas de TV - afinal, só a simples presença deles era a garantia de uma enorme audiência.

No palco, eram uma sensação.
O show, extremamente performático, misturava humor, sacanagem e personagens infantis, tudo embalado por um som muito bom, como bons músicos os cinco meninos de Guarulhos eram.

Num tempo em que a internet ainda engatinhava, foram o maior fenômeno musical que esse país já teve disparado, viraram ídolos das crianças e adolescentes, nos alegraram durante  menos de um ano, e morreram quando preparavam o segundo disco, num trágico acidente de avião na mesma cidade em que nasceram e se conheceram.

E justamente essa linda história dos Mamonas Assassinas é o tema do documentário de Claudio Khans, que tem como alvo os fãs dos músicos - praticamente um país inteiro que ficou por muito tempo chocado com a precoce morte dos seus integrantes - e mais que isso, uma viagem para meados da década de 1990, quanto o mundo ainda parecia mais inocente.
Divulgação
Os cinco Mamonas, em imagem "trekker"
Mamonas Pra Sempre traz material de arquivo dos músicos, entrevistas com familiares e pessoas que trabalharam com eles, como o produtor musical Rick Bonadio e o empresário Samy Elia, além da namorada de Dinho - o carismático vocalista - na época, a modelo Valeria Zopello.

O documentário não traz nenhum material novo, nenhuma revelação bombástica, mas pode trazer extrema felicidade para um público que não era nem nascido quando a banda acabou, mas que, mesmo assim, cultua a banda, seus vídeos no YouTube e as músicas do seu único CD nos dias de hoje.
Divulgação
A capa do único CD da banda
O fenômeno dura até hoje pelo humor sem limites que desafia o politicamente correto -  numa das épocas mais caretas que eu já tive o desprazer de viver -  mas os Mamonas Assassinas tornaram-se um fenômeno em menos de um ano - embora pareça bem mais, entre outubro de 1995 e março de 1996, quando sofreram o acidente aéreo que os matou.

Comportado até demais - já que seu tema é uma banda conhecida pela irreverência - o documentário, ao contrário, é bem reverente e, quando toca num assunto mais sério, como o acidente aéreo, evita se aprofundar.

Só para lembrar: a morte dos integrantes da banda transformou-se num verdadeiro circo na mídia, principalmente na TV, com direito a disputa de pontos no Ibope em troca de imagens fortes - foi a partir desse acidente que a jornalista Sônia Abrão converteu-se na maior urubu da telinha, posto que defende até hoje - e eu vejo, chocado, que até hoje existem sites com imagens dos garotos mortos, um horror.

Felizmente, o documentário aborda o acidente apenas de passagem, e prefere transitar nos depoimentos emocionados, em cenas de shows e nas participações da banda no Gugu ou no Faustão -
com direito à cena em que Dinho passa a mão na bunda do apresentador, ao cantar "Vira-vira", de autoria de  Dinho e Julio, música na qual o português Manoel dizia: "Nesse raio de suruba, já me passaram a mão na bunda, e eu ainda não comi ninguém!"

Emocionante, divertido e reverente, ou seja, tudo que um documentário que aborda pessoas precisa ter.

Confira o trailer do filme:

*****
MAMONAS PARA SEMPRE
Diretor:
Cláudio Kahns
Produção:
Cláudio Khans
Fotografia:
Johnny Torres
João Pavese
Duração:
Reverentes e alegres 90 min.
Ano:
2009
País:
Brasil
Gênero:
Documentário
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Europa Filmes
Estúdio:
Tatu Filmes
Classificação:
12 anos
COTAÇÃO DO KLAU:

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