sexta-feira, 24 de junho de 2011

DIVA FRANCESA, CATHERINE DENEUVE ZOA A SI MESMA EM "POTICHE - ESPOSA TROFÉU"


É certo e sabido que a Diva das Divas francesa Catherine Deneuve detesta a mídia e raramente sai da França para promover seus filmes.

Por tudo isso, foi com extrema satisfação que seus fãs brasileiros - eu incluso - receberam Madame Deneuve numa rápida visita a São Paulo, para promover esse filme que estreia hoje, e também para falar sobre o Festival Varilux de Cinema Francês, que trouxe à cidade um cardápio de bons filmes.

Na coletiva de imprensa, fumando muito - o hotel Tivoli, onde ficou hospedada, foi multado por isso - a Diva, visivelmente contrariada, dava curtas e secas respostas aos repórteres, mas ainda parecia simpática.

Até que um, mais inexperiente, resolveu fazer a pergunta chavão:
"O que a senhora está achando da cidade de São Paulo?"
Catherine nem pestanejou:
"Tem pouca cor, poucas árvores e muitos fios expostos".

Rápida no gatilho e seca pessoalmente, Catherine Deneuve se transforma quando ilumina a tela com seu charme, suas interpretações seguras e seu enorme talento de uma das atrizes mais sensacionais de todos os tempos.

Juntando todas essas suas facetas às do diretor francês François Ozon, craque em misturar clichês de melodrama e comédia de boulevard, a receita final é maravilhosa.

Em Potiche - Esposa Troféu, filme que estreou no último Festival de Cannes, Ozon conta com um elenco estelar e afiado para abordar um formidável arsenal de temas prementes, especialmente o sexismo, a hipocrisia de costumes e as semelhanças e diferenças entre direita e esquerda.
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A Diva das Divas em cena

Aqui, Deneuve interpreta uma burguesa, Suzanne Pujol, uma rainha do lar - "potiche" pode ser traduzido como "vaso" - rica , fútil e submissa, que é compelida a sair de seu mundinho cor de rosa ao assumir a direção de sua empresa de guarda-chuvas, herdada de seu pai, mas dirigida com mão de ferro por seu marido, Robert - o inacreditável Fabrice Luchini - em meio a uma greve, que provoca uma crise cardíaca no marido, logo depois de ser mantido refém pelos grevistas.

A reviravolta na vida de Suzanne permite que o roteiro inclua uma série de comentários irônicos sobre a política, já que, com o marido afastado do negócio, a verdadeira Suzanne desabrocha.
Divulgação
A cena onde o sindicalista propõe que Madame Pujol assuma a fábrica

Se no começo, ela é recebida na fábrica com as batidas piadas de loiras burras, logo Suzanne revela um inesperado talento para renovar o clima de trabalho, inclusive em proveito próprio.

Seu talento para os negócios a encaminha em direção a uma carreira política - detalhe que ressoou no lançamento do filme na França, em 2010, três anos depois de uma disputada campanha eleitoral em que, pela primeira vez na história francesa, uma mulher, a socialista Segolène Royal, teve reais chances de vencer.

Já nos limites onde ela era a rainha - a sua casa - Suzanne começa a ver que sua família perfeita não é tão perfeita assim, quando começa a descobrir o caso mantido a anos entre seu marido e sua dedicada secretária, Nadège - Karin Viard.

Somos também apresentados ao passado nada certinho da própria Madame Pujol, que esconde um antigo e quentíssimo caso com o prefeito comunista e sindicalista, Babin - interpretado por Gérard Depardieu.

A farsa ambientada nos anos 70 é habilmente sustentada pelo design dos cenários e figurinos - que foram idealizados por duas colaboradoras habituais de Ozon, a diretora de arte Katia Wysztop e a figurinista Pascaline Chavanne - e a comédia ganha muito com a maravilhosa trilha sonora, que ressuscita alguns sucessos dos anos 70, como Emmène-moi danser ce soir, com Michèle Torr, More Than a Woman, dos Bee Gees - que acompanha uma deliciosa cena à la Embalos de Sábado à Noite, com Deneuve e Depardieu - e C'est beau la vie, interpretada pela própria Deneuve!
Divulgação
A Diva das Divas ensaia, com o diretor Ozon, cena de "Potiche"

Enfim, o que se tem de melhor no filme é a desenvoltura com que estes dois ícones do cinema francês se entregam sem nenhum pudor à auto-sátira.

A história e o público ganham muito com isso.

Confira o trailer do filme:

*****
POTICHE - ESPOSA TROFÉU
Título Original:
Potiche
Diretor:
François Ozon
Elenco:
Catherine Deneuve
Gérard Depardieu
Fabrice Luchini
Karin Viard
Judith Godrèche
Jérémie Renier
Sergi López
Produção:
Eric Altmeyer
Nicolas Altmeyer
Roteiro:
François Ozon
Trilha Sonora:
Philippe Rombi
Duração:
Nada cansativos 103 min.
Ano:
2010
País:
França
Gênero:
Comédia
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Imovision
Estúdio:
Mandarin Films
Classificação:
12 anos
Cotação do Klau:

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