Nunca fui fã de Renato Russo, nem da banda brasiliense 'Legião Urbana' - nem quando eu era tão jovem.
Até hoje, minha opinião é que as músicas - como 'Que País é Este', 'Música Urbana', 'Geração Coca-Cola', 'Eduardo e Mônica' 'Faroeste Caboclo' - são longas demais, cansativas demais, depressivas demais.
A cara do Renato, um cara chato, egocêntrico, sempre pra baixo e morto precocemente em 1996, vítima da Aids.
Mas ao mesmo tempo sou fascinado por biografias e cinebiografias e 'Somos Tão Jovens' - que estreia hoje - realmente incendiou a mim e ao público de cara, justamente por se propor mostrar o nascimento do artista.
No longa, Renato Russo, o músico consagrado, é deixado de lado e o diretor Antônio Carlos Fontoura vai atrás do anônimo Renato Manfredini Jr, adolescente classe média de Brasília, professor de inglês, inteligente, entediado, rebelde, vítima de uma doença que o deixou prostrado na cama por um ano.
A 'Legião Urbana'do longa, ainda ao tempo em que se chamava 'Aborto Elétrico' - Fotos dessa postagem: Divulgação/Imagem Filmes
É esse garoto - que vai se transformar no superstar no futuro - é que nos mostra seus dilemas, incertezas e vivências pessoais, o maior achado do longa, que faz uma ótima ambientação da época em que surgiu não só a 'Legião', mas bandas como 'Plebe Rude', 'Capital Inicial' e 'Paralamas do Sucesso'.
O filme não acaba com a morte de Russo, mas com o show no Disco Voador que transformou a 'Legião' no estrondoso sucesso que conhecemos.
Mas é justamente o que não conhecemos, ou sabemos pouco, a base de que Fontoura, ótimo diretor de atores, buscou aqui.
A ideia de transitar pelo íntimo e pessoal do Renato pré-ídolo, no entanto, precisaria - e muito de um ator que desse conta do recado.
E esse ator é Thiago Mendonça, que manda divinamente bem, auxiliado por um ótimo trabalho de caracterização.
Thiago Mendonça como Renato Russso, em cena do longa
Ator muito acima da média, Thiago dribla com habilidade o que poderia derrubar o personagem - Renato Russo era muito afetado e verborrágico no modo de falar, tudo que um ator costuma evitar ao interpretar um personagem.
Aqui, Mendonça consegue incorporar maneirismos na fala e gestuais sem tornar seu Renato caricato, o que faz seu trabalho ser simplesmente maravilhoso.
Alguns vão achar que o longa tropeça no desenvolvimento de alguns coadjuvantes, que poderiam ter suas passagens mais aprofundadas.
Mas para mim esse é outro achado do diretor Fontoura, que conscientemente optou por não se prender nos personagens periféricos para não alongar e manter a dinamismo do filme - o que deixa o filme movimentado, com ritmo e urgência de um jovem.
Sandra Corveloni como Maria do Carmo e Marcos Breda como Renato, os pais de Renato Russo
'Somos Tão Jovens' fica sendo assim um registro bem vindo e necessário, tanto por mostrar com verdade uma época tão importante para a música nacional, quanto por humanizar a figura de seu biografado.
Outra cena de Thiago Mendonça no longa
Renato Russo é mostrado aqui não só em sua genialidade, mas também em momentos nada simpáticos, onde seu egocentrismo e prepotência se sobressaíam.
O filme é a resposta de que, quando se humaniza um ídolo, o que fica na telona é o ser humano e seu fascínio.
Filmaço.
Confira o trailer do filme:
*****
'SOMOS TÃO JOVENS'
Diretor:
Antonio Carlos Fontoura
Elenco:
Thiago Mendonça, Sandra Corveloni, Marcos Breda, Laila Zaid, Bianca Comparato, Bruno Torres, Daniel Passi, Sérgio Dalcin e outros
Produção:
Letícia Fontoura, Antonio Fontoura
Roteiro:
Marcos Bernstein
Fotografia:
Alexandre Ermel
Trilha Sonora:
Carlos Trilha
Duração:
104 min.
Ano:
2011
País:
Brasil
Gênero:
Drama
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Imagem Filmes, Fox Film do Brasil
Estúdio:
Fox Filmes do Brasil
Classificação:
14 anos
Cotação do Klau:
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