O filme "A vida de Adèle", uma história de amor entre duas mulheres, foi premiado pela crítica do 66º Festival de cinema de Cannes, agora pouco.
A obra do franco-tunisiano Abdellatif Kechiche, na qual a jovem Adèle Exarchopoulos, até agora quase desconhecida, divide a tela com Léa Seydoux, contém "as cenas de sexo entre lésbicas mais explosivas da memória recente" - segundo a revista Variety.
E essas imagens eróticas - que parte do público em Cannes não hesitou em rotular de pornográficas- chocaram também alguns críticos.
Mas se o júri presidido pelo produtor e diretor americano Steven Spielberg não conceder o prêmio máximo do evento ao filme de Kechiche, grande parte da crítica de Cannes, que ovacionou o longa-metragem, destacando também a interpretação de sua atriz de 19 anos, certamente ficará muito decepcionada.
Até a estreia de "Adèle", na quinta-feira, o filme dos irmãos Coen, "Inside Llewyn Davis", era o grande destaque, mas a obra de Kechiche e a interpretação da atriz Adèle Exarchopoulos mudaram o panorama.
Por isso, não foi uma surpresa que o prêmio Fipresci - concedido pela crítica estrangeira - tenha sido atribuído ao filme.
Spielberg "não pede ignorar o extraordinário talento de Exarchopoulos", indicou o 'Le Figaro', referindo-se à protagonista, enquanto em Cannes muitos críticos preveem que o prêmio de interpretação será atribuído à jovem atriz.
O diretor Abdellatif Kechiche e suas duas protagonistas em Cannes - foto: AFP
No sábado, o júri internacional da revista especializada 'Screen' seguia colocando no primeiro lugar da sua lista de filmes preferidos "A Vida de Adèle".
O longa de Kechiche "é o filme cinco estrelas" deste Festival, comentou a crítica da 'Screen', Fionnuala Halligan, destacando não apenas as belas longas sequências de sexo, "e sim o olhar profundo e terno sobre uma história de primeiro amor".
Relembre o trailer de "A vida de Adèle":
O filme " L'Image Manquante", dirigido por Rithy Panh e que mostra o genocídio no Camboja, recebeu agora pouco o prêmio principal da mostra "Um Certo Olhar".
O prêmio foi outorgado por unanimidade, explicou na cerimônia de entrega o presidente do júri desta mostra, o cineasta dinamarquês Thomas Vinterberg.
O filme vencedor conta o genocídio praticado pelos khmeres vermelhos durante seu sanguinário regime (1975-1979), no qual morreram dois milhões de pessoas.
O diretor Rithy Panh recebe premiação da mostra 'Um Certo Olhar', agora pouco - foto: EFE
Panh dedicou seu prêmio ao cineasta iraniano Jafar Panahi, que está em prisão domiciliar por rodar um filme sem permissão de seu governo após ser condenado em 2010 a seis anos de prisão e 20 de inabilitação profissional.
O prêmio do júri desta mostra foi para "Omar", do palestino Hany Anu-Assad e centrado na luta pela liberdade de amigos de infância.
A melhor direção para os júris dessa mostra foi a do francês Alain Guiraudie por seu trabalho em "L'inconnu du Lac" e o prêmio Future Award foi para "Fruitvale Station", do americano Ryan Coogler e produzida pelo ator Forest Whitaker.
Já o prêmio de interpretação foi para o elenco do filme hispânico-mexicano "La Jaula de Oro", dirigido por Diego Queimada-Díez.
O júri da "Queer Palm" - prêmio independente consagrado aos filmes que tratam das questões homossexuais - também escolheu agora pouco "L'inconnu du lac" como vencedor.
Apresentado na seleção "Um Certo Olhar", o filme de Alain Guiraudie causou em Cannes por seu tratamento real da sexualidade gay.
O filme, que será proibido para menores de 16 quando chegar ao circuito comercial, conta a história de Franck (Pierre Deladonchamps), um jovem homossexual que se apaixona por Michel (Christophe Paou), um homem bonito e perigoso, com o qual ele vive uma paixão.
O diretor Alain Guiraudie - de camisa rosa - e o elenco de "L'inconnu du Lac" no festival de Cannes - foto: AFP
Os organizadores do prêmio fizeram uma homenagem, sábado à noite, à nova lei francesa sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Este ano, o júri foi presidido pelo diretor português João Pedro Rodrigues - de "O Fantasma" (2000), "Odete" (2005) e "Morrer como um homem" (2009).
Entre os jurados, estavam o produtor britânico Daniel Dreifuss, o diretor Michel Reilhac e o jornalista Nicolas Gilson.
Confira o trailer de "L'inconnu du Lac":
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Com AFP
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