segunda-feira, 27 de maio de 2013

O INFERNO QUE OS PAULISTANOS ENFRENTAM NO SVO E NO SERVIÇO FUNERÁRIO AO QUERER ENTERRAR COM DIGNIDADE SEUS ENTES QUERIDOS



O munícipe de São Paulo que só quer enterrar com dignidade um ente querido sofre, e sofre muito.

A morte de um querido tio – ontem de manhã – foi uma sucessão de ‘burrocracias’ de fazer inveja aos torturadores da ditadura.

PRIMEIRO:
Ele morreu no Hospital  Salvalus, que pertence à Green Line, plano de saúde que ele tinha faz tempo.

O médico do hospital – apesar dele estar internado desde sexta, não quis atestar a causa de sua morte - o que é ilegal - e essa omissão foi a desencadeadora de toda sorte  de agruras, que duraram mais de 24 horas.

A omissão do médico obrigou minha prima, sua filha, a primeiro ir à delegacia fazer BO e o corpo aguardar translado para o SVO - Serviço de Verificação de Óbitos, gerido pela USP e que ocupa uma grande área na Av. Enéas Carvalho Aguiar, defronte ao PS do HC. – para autópsia.

Ele morreu domingo de manhã, o corpo só chegou ao SVO no começo da madrugada de hoje - o que aconteceu nesse meio tempo e o porquê da demora do translado hospital-SVO, ninguém sabe.

O serviço é centralizado, o que sem dúvida faz com que tudo demore muito mais.

SEGUNDO:
Aí sim, pudemos ir ao SVO, que como toda 'burrocracia', demora pra burro.

Pior: ainda tivemos de ir lá por três vezes para:

1. autorizar a autópsia
2. buscar o resultado da autópsia que libera o corpo, para só aí irmos ao serviço funerário contratar o enterro, e
3. voltar lá, já com o enterro contratado, com as roupas do morto e esperar e esperar e esperar o rabecão retirar o corpo e translada-lo finalmente ao cemitério Santana, onde foi sepultado hoje, às 11h – chegou às 9:10h e portanto, teve um velório muito rápido, justamente pela demora na liberação.

Levando a máxima do ‘SE PODEMOS COMPLICAR, PRA QUE FACILITAR?’, como prioridade, o SVO também tem uma grande área de estacionamento subutilizada: lá dentro, com mais de 40 vagas, só param os carros e motos de suas excelências, os funcionários.

Os parentes dos mortos – e tem de ser parentes em primeiro grau, se forem outros, tem de ir a uma delegacia primeiro pra pedir autorização – não podem parar lá dentro, os carros ficam estacionados na Enéas, sem polícia, sem nada – e aquele páteo enorme lá dentro, VAZIO...

O estacionamento subterrâneo da Estapar na Avenida, soube agora, funciona 24h, mas surpreendentemente não baixa seus preços - maiores que os dos bons shoppings da cidade - durante a noite, quando o movimento no complexo hospitalar do HC cai a menos de 10% do que é durante o dia – uma vergonha.

Entrada do Serviço de Verificação de Óbitos de SP - foto: Juliana Cardilli/G1

TERCEIRO:
O marido de minha prima - que estava nos documentos do hospital como responsável pelo sogro -  recebeu desde minutos depois da sua morte várias e várias ligações de funerárias oferecendo seus serviços.

Se o serviço na cidade de São Paulo é estatal,  da Prefeitura, o que essas funerárias – de cidades da grande São Paulo – querem?

Como conseguem nome e telefone dos responsáveis?

Lógico, alguém do hospital passa a informação - UMA VERGONHA, HOSPITAL SALVALUS, UMA VERGONHA, GREEN LINE!

QUARTO:
Todo monopolio é um desserviço ao cidadão, e o Serviço Funerário do Município de São Paulo não foge à regra.

Entra governo, sai governo, o serviço é loteado ao PC do B, que enche a repartição dos seus apaniguados e nada faz para melhorar a qualidade dos serviços que presta à população.

Atestei isso, porquê enterrei uma tia dois anos atrás – era o governo Kassab – e hoje - já no governo Haddad -  não vi melhora nenhuma, a começar pelas acanhadíssimas instalações do serviço no prédio do velório do Cemitério Araçá, que como agência central deveria ao menos ter cadeiras dignas para os munícipes se sentarem – todas estão rasgadas e com o estofamento saindo, uma vergonha.

A contratação do funeral e todo o serviço não tem variedade – os caixões vão do eucatex puro e simples aos esquifes, sem muitas opções intermediárias.

CUIDADO NESSA HORA: 
O atendente do serviço funerário - e que também é o vendedor dos caixões - oferece também toda sorte de supérfluos para ganhar mais: uma coroa de flores custa quase tanto quanto o caixão, cada vela custa R$ 50, e assim por diante.

Na hora, o marido de minha prima cortou todos os penduricalhos e conseguiu um bom preço, mas utilizar-se da dor e eventual desatenção das famílias para vender mais é de uma crueldade atroz.

Tudo isso aconteceu com três pessoas esclarecidas.

Imaginem o que deve acontecer com as famílias mais humildes dessa cidade.

Vergonha de ser paulistano.

#PRONTOFALEI

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