quinta-feira, 16 de maio de 2013

CANNES 2013: NO PRIMEIRO DIA, SPIELBERG OVACIONADO E ULTRAVIOLÊNCIA MEXICANA


Leonardo DiCaprio subiu ao palco do Palais du Festival acompanhado pelo ator indiano Amitabh Bachchan - seu parceiro no filme "O Grande Gatsby" como uma nova homenagem ao 100º aniversário do cinema indiano - e declarou aberto o 66º Festival de Cannes na noite de ontem (15), diante do público presente que ovacionou o presidente do júri, a lenda Steven Spielberg.

"Eu declaro aberto o 66º Festival de Cannes", disse o ator, que teve seu mais recente filme, dirigido por Baz Luhrmann, exibido para a multidão após a cerimônia.

A francesa Audrey Tautou, conhecida por seu papel como "Amèlie Poulain", brilhou como mestre de cerimônia, lembrando, com um piscar de olhos para Spielberg, que tinha cinco anos de idade no lançamento de "E.T.".
Para ela, "o cinema nunca deixa você sair como chegou".

Em seguida, Steven Spielberg recebeu uma longa ovação.
"Meu Deus, obrigado, muito obrigado", agradeceu antes de declarar ter "crescido com o festival".
"Esta é a sua 66ª edição e eu tenho 66 anos!", afirmou.

Spielberg ovacionado - foto: AFP

A pré-estreia começou no final da tarde, em meio a uma persistente chuva que não chegou a abalar a moral dos dançarinos que animavam o tapete vermelho, ao som de músicas dos anos 1920, para receber a equipe de "O Grande Gatsby".

Os fãs reunidos em frente aos degraus do Palácio foram ao delírio quando Leonardo DiCaprio saiu de seu carro e, muito solícito, foi cumprimentar o público.

Muitas estrelas vieram antes, começando com os membros dos júri - entre eles a atriz australiana Nicole Kidman e o diretor taiwanês Ang Lee.

Júri do Festival de Cannes 2013 posa para os fotógrafos: o diretor britânico, Lynne Ramsay, o diretor tailandês Ang Lee, o diretor americano Steven Spielberg (presidente), a atriz australiana Nicole Kidman, o ator francês Daniel Auteuil, a atriz indiana Vidya Balan, o ator austríaco Christoph Waltz, a diretora japonesa Maomi Kawase e o diretor romeno Cristian Mungiu - foto Anne-Christine Poujoulat/AFP
Como de costume, os artistas foram recebidos no alto da escadaria pelo diretor do festival Thierry Fremaux e o presidente Gilles Jacob, que cumprimentaram nomes como a Diva Julianne Moore, Cindy Crawford, Ludivine Sagnier e Ines de la Fressange.

Depois da exibição de "O Grande Gatsby", os primeiros filmes em competição começaram a ser apresentados.

O diretor do festival Thierry Fremaux e o presidente Gilles Jacob - foto: AFP

Ainda ontem, o primeiro filme da competição pela Palma de Ouro chocou a plateia com cenas ultraviolentas.

O mexicano "Heli", de Amat Escalante, conta a trajetória do rapaz do título, que vê sua vida devastada depois que a irmã de apenas 12 anos se envolve com um soldado que tem conexão com o narcotráfico.

O soldado esconde quilos de cocaína no tanque da casa de Heli.
Quando este descobre, resolve se livrar da droga. 
Mas os traficantes decidem puni-los com violência, e a irmã fica desaparecida por dias.

O filme abre com a cena de um corpo sendo tirado de uma carreta e enforcado do alto de uma passarela.
Em outro momento, Heli e o soldado são pendurados por um gancho e espancados com uma tábua.
Um deles tem o pênis queimado – a sessão de tortura é observada por três crianças, parentes dos traficantes.
Em outra, um cachorro é morto a balas.

O cãozinho de estimação da menina é estrangulado na frente dela – momento que provocou um suspiro de terror na plateia - alguns jornalistas chegaram a deixar a sessão.

Cena de 'Heli' - foto: divulgação

Escalante justifica a violência que decidiu mostrar.
"Quando filmo esses atos de violência, não estou tentando impressionar, e sim traduzir a tristeza desses atos. Quero que os mexicanos encarem de frente a realidade. Quando você pensa em acerto de contas entre gangues, sempre imagina um cara grandão com bigode e chapéu. Mas na verdade as gangues pagam crianças para fazer esse tipo de trabalho sujo."

"Heli" é o único filme latino-americano na Competição principal deste ano em Cannes e já foi premiado na última edição do Festival de Sundance.

Seu retrato duro da pobreza mexicana pode lembrar um pouco "Cidade de Deus", mas faz um retrato ainda mais cru e realista da devastação social causada pelo tráfico.

É um filme importante e corajoso, que representa bem o continente no festival e abriu muito bem a seleção, relata Thiago Stivaletti, do UOL.

Confira matéria com cenas do longa:

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