Nesta semana, o ator Tony Ramos completou 62 anos de idade e o UOL colocou uma enquete no ar, para saber de quais personagens interpretados por ele os internautas gostavam mais - você ainda pode participar, veja abaixo, no final dessa postagem.
Hoje, em primeiro lugar aparecia Opash, de “Caminho das Índias” (2009), seguido pelo coronel Boanerges, da novela “Cabocla” (2004).
Assim não vale! Opash é o seu último trabalho na telinha, e o coronel Boanerges voltou ao ar no "Vale a Pena Ver de Novo".
Para mim, Tony é o mais camaleônico de nossos atores.
Ele consegue interpretar com igual maestria ricos, pobres, gregos, empresários, indianos e italianos, com uma vitalidade e virtuosismo que eu não vejo mais em atores da sua geração.
Seu Totó de "Passione" consegue passar toda a verdade de um homem de meia idade submetido a uma paixão carnal e arrebatadora por alguém mais jovem - a Clara, de Mariana Ximenes.
Sua personagem explica tudo, por seus gestos e atitudes, e ganhamos nós, que temos o privilégio de vê-lo em nossas casas, todas as noites.
Acompanho Tony desde os tempos da Tupi, e, adolescente, fiquei fascinado com as gravações externas da novela "A Viagem", que eram feitas perto de casa.
Me impressionava sobretudo a postura com o público que ele, a estrela da novela Eva Wilma, e o diretor Carlos Zara tinham.
Mesmo após gravar cenas que exigiam muito do ator, sob um sol escaldante, ele ainda ficava um bom tempo na rua, dando autógrafos.
Foi aí, com Tony Ramos, que eu soube diferenciar "humildade" de "subserviência" para sempre.
Foto: AgNews
Tony Ramos na festa de lançamento de "Passione", em São Paulo (10/5/10)
“Eu gosto de todos esses personagens que os internautas escolheram, assim como dos tantos outros que já fiz. É difícil escolher um”, comentou na última sexta-feira (27/8) o ator.
Para Tony, é importante observar a faixa etária do público que normalmente participa de enquetes.
“Acho que o resultado se deve também à idade das pessoas que votaram, pois quem nasceu depois de 1985 não deve se lembrar de vários trabalhos meus. Os três primeiros personagens mais votados são recentes [todos foram interpretados a partir de 2000]”, ponderou.
O ator diz que se identifica com o coronel Boanerges no que se refere à brasilidade, simplicidade e preocupação com a família.
“Tenho uma vida muito mais simples do que as pessoas imaginam. Claro que gosto de uma leitura mais sofisticada, uma música sofisticada, um bom vinho, mas sou um cidadão comum.Tenho angústias e expectativas iguais a todo mundo. Só não sou depressivo. O que tenho são momentos de melancolia”, confessou o ator que atualmente arrebenta, mais uma vez, como o Totó na novela “Passione”.
Tony, que já chegou a dizer que não é um bom entrevistado porque tem uma vida comum, corrigiu essa informação e completou:
“Não é que tenha uma vida chata, só não sou ‘novidadeiro’. As novidades referem-se somente ao meu trabalho, até porque minha vida já é muito exposta”.
“Você não vai me encontrar em nenhuma rede social dizendo que acabei de comer uma empada. Eu não tenho Orkut, Facebook, Twitter e nem MSN. Se tiver algum perfil meu, pode saber que é falso [risos]. Quando quero falar com uma pessoa, eu ligo, gosto de ouvir a voz”.
Com 46 anos de carreira, nenhum papel o intimida, nem mesmo as atuais cenas calientes que vem fazendo com a atriz Mariana Ximenes em “Passione”.
AgNews
Tony Ramos e Mariana Ximenes, em cena da novela "Passione"
“Já fiz tantas assim na minha carreira. A única diferença agora é a idade [risos]. Só que isso também tem a ver com o personagem. O Totó é um homem maduro, viúvo, que estava descomprometido e apaixonou-se perdidamente”, afirma Tony.
E completa: “Para mim o nu é muito normal. Tanto que fiz o primeiro nu masculino na televisão. Foi numa cena da novela ‘O Astro’ (1977) em que meu personagem fazia votos de pobreza a São Francisco de Assis”.
Ainda sobre cenas de intimidade, Tony declarou:
“É difícil explicar para o público que para os atores fazer uma cena de sexo é só uma parte do trabalho, até porque a cena pode ser intimista, mas o ambiente não é. São 120 pessoas no estúdio”, conta o ator.
Na opinião de Tony, “o importante é o ator passar a emoção de um beijo, de uma transa e não fazer de verdade. O beijo, por exemplo, não precisa de língua. Até porque com língua não fica muito estético [risos]. Para mim, vale o que eu combino com a atriz com quem estou contracenando. Eu aviso: vou pegar assim, vou beijar assim... “
O assunto é tão tranqüilo na carreira de Tony que até sua mulher, Lidiane, já assistiu a várias cenas de sexo que ele fez.
“Às vezes eu peço a ela para ir me buscar na Globo e ela acaba assistindo. Isso já aconteceu muitas vezes”.
Sobre o futuro, ele disse:
“Vou descansar durante um ano. O que não quer dizer que não vá fazer nada [risos]. Pretendo ler, estudar, analisar projetos, mas já avisei que em 2011 não vou fazer novela. Cinema e teatro ainda vou pensar”.
Um dos maiores atores brasileiros de todos os tempos, Tony Ramos acha importante “descansar a imagem”, embora acredite que, se um papel for bem feito, o telespectador esquece rapidinho o trabalho anterior.
Está aí o Totó, que não me (nos) deixa mentir.
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Participe também da enquete do Uol, enquanto você recorda trabalhos marcantes de Tony Ramos na telinha:
Fotos: Divulgação
Na primeira versão de outra novela de Ivani Ribeiro, "A Viagem" (1975, Tupi), Tony Ramos era Téo, um marido que se torna violento
Já na Globo, em "O Astro" (1977) Tony interpretava Márcio Hayala, filho do empresário Salomão Hayala que vivia em conflito com o pai
Em "Pai Herói" (1979) Tony era André Cajarana, que cresceu achando que seu pai era um grande homem mas na verdade era bandido
Em "Baila Comigo" (1981), Tony Ramos interpreta os gêmeos Quinzinho e João Victor; um não sabia da existência do outro
A minissérie "Grande Sertão: Veredas" (1985), adaptação do livro de Graciliano Ramos, trazia Tony como o vaqueiro Riobaldo Tatarana
Como Tonico Ladeira em "Bebê a Bordo", de 1988, Tony Ramos exercitou sua veia cômica
Seu personagem em "Torre de Babel" (1998) era o amargurado pedreiro José Clementino, que arma um plano de vingança contra um empresário
Em "Laços de Família" (2000), Tony era o dono de livraria Miguel Soriano, apaixonado por Helena (Vera Fischer)
Mais uma vez em uma comédia, Tony foi o dono de bingo cubano Manolo Gutiérrez em "As Filhas da Mãe" (2001)
Como o músico Téo, Tony novamente tem uma relação amorosa com uma Helena em "Mulheres Apaixonadas" (2003)
Na segunda versão de "Cabocla" (2004), o ator interpretou o coronel fazendeiro Boanerges
O grego brincalhão Níkos Petrákis foi o papel de Tony em "Belíssima" (2005), na qual fez par romântico com Júlia (Glória Pires)
Na minissérie "Mad Maria" (2005), o empreendedor americano Percival Farquhar (Tony Ramos) quer construir uma ferrovia no coração da Amazônia
Em um papel que iniciou como vilão e depois se arrependeu, Tony foi o empresário Antenor Cavalcanti em "Paraíso Tropical" (2007). O papel marcou mais um casal com Glória Pires na carreira do ator
Na sua novela mais recente, "Caminho das Índias" (2009), Tony foi o indiano Opash Ananda, que iniciou uma guerra de castas com Shankar (Lima Duarte), que na verdade era seu pai
Ator de dezenas de novelas, Tony Ramos trabalhou em "Os Inocentes" (1974), escrita por Ivani Ribeiro e exibida na TV Tupi. Seu papel era o de Marcelo, um dos inocentes do título que eram perseguidos pela vingativa Juliana (Cleyde Yáconis)
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Participe, vote e veja o resultado.
Matéria base: Iva Oliveira/UOL
Redação Final: Cláudio Nóvoa
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