segunda-feira, 9 de agosto de 2010

DEBATE: PRESIDENCIÁVEIS NA BAND

O fato político da semana, sem dúvida, foi o primeiro debate entre os candidatos à presidência, na noite da última quinta feira, na Band.

E eu quero colocar, aqui para vocês, as minhas impressões.

Tia Marina Silva Clorofila Malafaia iniciou sua participação hesitante, voz trêmula, mas foi acertando o tom no decorrer do debate, usando uma fala rápida, inflexão forte, acompanhada por um rosto imóvel e sisudo.
Só que seu discurso contundente é muito mais adequado ao palanque, ao corpo a corpo, porquê na telinha ficou grave, over, sem a plasticidade exigida pela mídia televisiva.

Plínio de Arruda Cavaleiro da Esperança Sampaio alternou tom de voz coloquial, fala pausada como quem dá conselhos, com artilharia rápida, como quando disse "Serra é hipocondríaco" e "aqui é tudo poliana".
Sua gesticulação foi contida, transmitindo serenidade, interrompida por bruscas movimentações do corpo, olho direto na câmera, criando o efeito "candidato diferente".
Por tudo isso, foi o que se saiu melhor.
Se essa exuberância na telinha vai se transformnar em mais votos no candidado do PSOL, só o tempo dirá.

E eu aproveito aqui para cobrar royalties do Plínio, por ter chamado a candidata do PT de "Dona Dilma" o tempo todo no debate, como eu a nomeio desde sempre, aqui no blog.

Serra Nomuro usou o tom de "cidadão comum", da fala coloquial e branda, das formas breves e didáticas, assessível, dirigindo-se a todos pelos nomes, com intimidade e entonação pausada.
Não se esqueceu de olhar para o eleitor diretamente, olho na câmera, sem paracer incisivo.
O gestual pontuou sua fala, parecendo estar artificialmente à vontade.
Essa maneira de dirigir-se ao eleitor produziu o efeito de uma oposição moderada, sem grandes confrontos.
Bom orador, dessa vez não foi a sua noite.

Dona Dilma carregou o peso de ser situação.
No início, ela pareceu muito pouco à vontade, usando uma fala rápida,entrecortada, hesitante, gaguejante.
Extrapolou várias vezes o tempo.
Não se entendeu com a câmera: olhava para os lados, procurando o olho mágico.
Sem gesticulação, seu rosto se manteve impassível.
Com o tempo melhorou a simbiose com o meio audiovisual, olhou para o tele eleitor, mas seu discurso não foi fluente, não usou formas coloquiais e didáticas, não produziu o efeito de proximidade com o telespectador.
Como estréia, ficou evidente que os marqueteiros ainda não conseguiram dar à candidata do Luiz Inácio ao menos uma aura de simpatia, de cumplicidade.
Essa posição impediu que Dona Dilma construísse a imagem de "mulher comum", e a levou a ocupar o lugar de "candidata a um lugar".

Fou só o primeiro debate dessa campanha, que ainda concorreu em audiência com uma partida de futebol decisiva.

Mesmo assim, temas importantes para a vida dos brasileiros foram discutidos, como infraestrutura de postos e aeroportos, recuperação de rodovias federais, reforma agrária, saúde e política externa.

Espero que, nos próximos, e já com a campanha correndo solta no horário político da TV, os brasileiros dêem audiência e importância devidas a esse instrumento dos mais democráticos, sem dúvida importantíssimo para que os eleitores saibam escolher bem em quem votar - que são os debates.

Você pode conferir essa coluna em vídeo, já postado no YouTube, e reproduzida abaixo:


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