sexta-feira, 6 de agosto de 2010

COMO FOI O PRIMEIRO DEBATE DOS PRESIDENCIÁVEIS NA BAND

Foi um debate morno entre os presidenciáveis, ontem à noite na Band.

Dona Dilma (PT) e Serra Nomuro (PSDB) se esforçaram para polarizar entre si, mas foram obrigados a dividir espaço ao desempenho arrasador do candidato Plínio de Arruda Cavaleiro da Esperança Sampaio (PSOL).
Já Tia Marina Silva Clorofila Malafaia (PV) forçou a barra para se apresentar como alternativa aos líderes das pesquisas.

Divulgação: Band
Da esq. para a dir: Serra, Marina, Boechat, Dilma e Plínio

O tucano partiu para o ataque primeiro, mas evitou desqualificar o governo do Luiz Inácio - até fez elogios à gestão - como tem sido em sua campanha em cima do muro até agora.
Em sua estreia em debates, a petista aparentou nervosismo nos dois primeiros blocos, deixando frases incompletas e estourando o tempo para respostas.
Depois,mais calma, a candidata encontrou seu tom.

Dona Dilma e Serra Nomuro evitaram os temas mais presentes das últimas semanas de campanha, como o vínculo do PT com as Farc - Forças Armadas Revolucionárias da Colômbi - as relações diplomáticas entre Brasil e Irã, a acusação tucana de que o governo boliviano não combate traficantes que operam no país, o suposto dossiê anti-tucano e o vazamento de dados sigilosos do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge.

Também estreante, Tia Marina direcionou sua primeira pergunta a Serra Nomuro, já se apresentando como alternativa.
"Tivemos dois grandes partidos que não foram capazes de esquecer as divergências que muitas vezes são da oposição pela oposição", disse.

Confira um trecho do início do debate:

Fonte: BandNews

Mas foi o octogenário Plínio quem mandou melhor, atraindo a atenção com críticas a todos os candidatos, permeadas de ironias e adjetivos que arrancaram sorrisos até dos adversários.
Chamou Serra Nomuro de hipocondríaco e Tia Marina de conciliadora, classificou políticas de Dona Dilma e Serra de "quinquilharia", e ainda fez uma de suas críticas mais diretas à presidenciável do PV.
"Você não sabe pedir demissão. Você devia ter pedido demissão", afirmou Plínio, em relação às tensões entre o Ministério do Meio Ambiente comandado por Marina com outros setores do governo.
A senadora deixou a legenda onde começou sua militância para ser candidata à Presidência pelo PV.
"Estou ouvindo você aqui e nem parece que você saiu do PT", disse Plínio com todas as letras à Tia - Dona Dilma era a principal rival de Tia Marina dentro do governo.
Sua atuação - ao meu ver a melhor do debate de ontem - levou o nome do socialista, à posição número um dos "trending topics" do microblog Twitter.
O desempenho do ex-promotor público e um dos fundadores históricos do PT surpreendeu, levando-se em conta que seu atual partido passou meses dividido entre o grupo dele e o da ex-presidenciável Heloísa Helena, que nas próximas eleições tentará novamente voltar ao senado pelo seu estado, Alagoas.

Confira o desempenho de Plínio, ontem:

Fonte: BandNews

Abaixo, um resumo do debate, bloco a bloco:

Primeiro bloco

Após um começo morno, em que cada candidato falou sobre saúde, educação e segurança pública, Dona Dilma e Serra Nomuro elevaram o tom a partir de uma pergunta da petista ao tucano sobre o pouco crescimento do Brasil durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.
Serra disse que não se pode discutir o Brasil "olhando para o retrovisor".

Dona Dilma replicou, dizendo que é muito confortável que se esqueça o passado.
No final do primeiro bloco, Serra Nomuro criticou os investimentos em infraestrutura no Brasil, afirmando que os portos e aeroportos do Brasil estão saturados.
Já Dona Dilma - que, em alguns momentos, se mostrou nervosa, se posicionando de lado para a câmera e gaguejando muito - afirmou que os dados apresentados por seu adversário sobre portos são de 2006.

Segundo bloco

Serra Nomuro foi ao ataque, perguntando a Dona Dilma “por que o governo federal está discriminando as Apaes (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais)”.
Dona Dilma disse que “não é muito correto" afirmar que o governo não olha pra essa questão.

Em sua réplica, o tucano disse que o Ministério da Educação “quis proibir as Apaes de ensinar, [...] cortou o transporte dessas crianças. As Apaes vem sendo perseguidas”.
A petista mais uma vez disse que não podia concordar e que seu eventual governo dará atenção aos excepcionais.

Veja as imagens:

Fonte: BandNews

Além desta polêmica, Dilma fez uma pergunta a Tia Marina relativa ao combate ao crack, enquanto Tia Marina perguntou a Plínio de Arruda Sampaio sobre distribuição de renda.

Terceiro bloco

Dona Dilma perguntou a Serra Nomuro sobre o programa Luz para Todos e sobre a política federal para a indústria naval.
Em relação a esta, o tucano disse não ter objeções, mas disse que o Luz para Todos era um "prolongamento" do programa Luz no Campo, do governo FHC.

Serra Nomuro voltou a atacar, ao cobrar o governo Lula por ter acabado com os mutirões da saúde, realizados pelo tucano quando foi ministro de Fernando Henrique.
"Eu não sou contra mutirões. Acho que é só uma medida de urgência. Não pode ser a nossa característica na política de saúde", respondeu Dona Dilma.

Após ouvir Dona Dilma e Serra Nomuro falarem sobre saúde, Plínio foi irônico:
"Isso tudo que tem aí é quinquilharia. é solução pela metade", afirmou.

Quarto bloco

Nesse bloco, as perguntas foram feitas por jornalistas da Band.

Dona Dilma e Serra Nomuro falaram sobre privatizações.
O tucano disse que o governo Lula desvalorizou o patrimônio público, enquanto a petista criticou a gestão de FHC por não ter reduzido a dívida pública.

“Com relação ao governo Lula e ao governo FHC, se eles eram tão contra, é um mistério. Porque nada foi reestatizado”, disse Serra Nomuro.
Por sua vez, Dona Dilma disse que o governo Lula não reestatizou empresas porque não revê contratos.
“A gente respeita contrato”, disse ela, que mais tarde chamou de “magia financeira” a “venda do patrimônio público”.

A petista também prometeu redução de juros, enquanto o tucano disse que criará, a exemplo de São Paulo, a "nota fiscal brasileira".

Quinto bloco

Em suas considerações finais, Serra Nomuro disse que "concorrer à Presidência é algo que me emociona" e relembrou seu passado no exílio.
"A defesa da Petrobrás e da reforma agrária me custou 14 anos no exílio. Voltei com um compromisso com o povo brasileiro", encerrou.

No início de sua fala, o candidato tucano contou que sua filha cobrou um pai mais sorridente durante o debate, e explicou:
"Eu estou muito feliz. Posso nao ter sorrido, mas fiquei bem feliz [com o evento]".

Já Dona Dilma aproveitou seus dois minutos finais para elogiar a "generosidade e a experiência política" do presidente Lula e ressaltar seu trabalho como chefe dos ministros do governo petista, e se comprometeu com a erradicação da miséria e da pobreza,reforçando a ideia de que o governo atual "devolveu a auto estima de que podemos ser um país desenvolvido".

Tia Marina encerrou sua participação reforçando um compromisso com "educação de qualidade" e elogiou os governos anteriores.
"O Brasil acabou com o preconceito de classe e foi capaz de colocar um sociólogo no poder. Depois um operário. Agora, a primeira mulher de raiz humilde de origem amazônica".

Plínio concluiu sua participação ironizando, mais uma vez, a participação dos candidatos.
"Ficou claro que todos são Poliana. O bem tem que ser feito e o mal tem que ser evitado", disse.
O candidato aproveitou para dizer que acredita que "foi discriminado no debate, assim como foi discriminado em outras ocasiões".

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O colunista do Band e Bandnews, Joelmir Beting, disse que o debate foi bastante proveitoso para o telespectador:

Fonte: BandNews

Para o diretor de jornalismo da Band, Fernando Mitre, o debate realizado ontem ditou os rumos da campanha eleitoral:

Fonte: BandNews

O jornalista Ricardo Boechat, que foi o mediador, disse que o debate entre os presidenciáveis teve muitos momentos de discussão objetiva:

Fonte: BandNews

Os coordenadores das campanhas também opinaram:

Fonte: BandNews








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