sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

PRIMEIRO FILME INFANTIL E EM 3D DE SCORSESE, 'A INVENÇÃO DE HUGO CABRET' RESGATA A EMOÇÃO E O ESCAPISMO DOS PRIMÓRDIOS DO CINEMA


"A Invenção de Hugo Cabret" é o primeiro filme infantil na carreira do diretor Martin Scorsese e com certeza vai cativar crianças de todas as idades, pois é um longa de um cineasta completamente apaixonado pelo cinema, o que dá razão à sua vida.

É também o primeiro projeto no formato 3D de Scorsese, que aqui usa o máximo da tecnologia que o cinema pode oferecer para contar uma história retrô, sobre um período de quase um século atrás e falar do começo do cinema.
Divulgação
Asa Butterfield e Clöe Moretz, em cena do filme

Tem até a recriação da famosa cena do trem feita pelos inventores da sétima arte - os irmãos Lumière - que ao mostrar um trem em movimento, fez com que os espectadores ficassem com medo de que a máquina saísse da telona e passasse por cima de todos.

Scorsese vai além: em cima da cena histórica, cria outra, de um trem descarrilado, que pela qualide do 3D, parece saltar para fora da telona.

O roteiro de John Logan foi adaptado do espetacular livro infantil de Brian Selznick que já fazia uma homenagem ao cinema não só pelo tema como por suas ilustrações - feitas por Selznick, elas são um "story board" cinematográfico, mostrando detalhes e recortes entre planos de imagens.

A jornada de Hugo - o ótimo ator mirim Asa Butterfield - encontra paralelo com a infância do próprio Scorsese - que descobriu a paixão pelo cinema ainda criança - mas que também nos remete ao Scorsese de hoje - além de cineasta, ele é um dos profissionais mais empenhados na restauração, preservação e difusão de filmes antigos.

Aqui, o diretor faz um filme que é a soma de tudo que fez e também mostra novos caminhos para sua filmografia, para o seu cinema e para a arte, enfim.
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Cena do filme

O pequeno órfão vive escondido numa grande estação de trem em Paris desde a morte do pai (Jude Law), e lá seria criado por um tio bebum (Ray Winstone), que sumiu.

Para não ser descoberto e mandado para um orfanato, o garoto executa secretamente o trabalho que o tio tinha na estação - o de dar corda em todos os relógios, todos os dias.

Lá, precisa diblar constantemente o Inspetor - Sacha Baron Cohen, magnífico - obcecado por manter a ordem no local.
Ferido de guerra, ele manca de uma perna e sempre está acompanhado de um feroz doberman - em resumo, é o "chien chupando manga".

Vivendo entre máquinas e mecanismos, o garoto guarda do pai um boneco autômato, que foi resgatado do porão de um museu em que ele trabalhava pouco antes de morrer no incêndio que destruiu o local.

Hugo intui que o boneco é capaz de lhe transmitir uma mensagem deixada pelo pai, só que precisa terminar de conserta-lo.

As peças de que precisa para o conserto, Hugo consegue cometendo pequenos furtos na loja de brinquedos dentro da estação, cujo dono é um velho rabugento, Papa Georges - interpretado por Sir Ben Kingsley.

A amizade entre Hugo e a filha adotiva de Papa Georges e Mama Jeanne - Helen McCrory -, Isabelle - a gracinha Chloë Grace Moretz - poderá ajudar Hugo finalmente fazer o andróide funcionar e assim descobrir a mensagem secreta de seu pai, como também resgatar o passado de Georges.

A partir daí, a trama nos levará ao início do cinema, quando a arte era diversão pura até a chegada de Georges Méliès - que soube melhorar o invento dos irmãos Lumière, colocando elementos de fantasia e produzindo verdadeiras obras-primas, como o olho da Lua atingido por um foguete - imagem que aparece nesse longa e vem cheia de nostalgia.
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Scorsese fez uma aparição à la Hitchcock nesse seu filme

É a deixa para Scorsese nos levar numa jornada pelos filmes antigos, e que desde já é uma das mais bonitas cenas do cinema em todos os tempos: quando Hugo e Isabelle folheiam um livro de história do cinema, as figuras que eles veem brotam na telona na forma de antigos filmes mudos - cena tocante e genial.

Ao mostrar o começo do cinema, Scorsese aproveita para desmistifica-lo e mostrar que tudo - de Méliès até hoje - não passam de efeitos, trucagens e talento para contar uma boa história.

A fotografia de Robert Richardson usa o 3D para ampliar o campo de visão do espectador e possibilitar um mergulho na narrativa.

Se James Cameron criou um novo mundo por meio de efeitos gráficos - em "Avatar" - , em "A Invenção de Hugo Cabret" Scorsese e Richardson reinventam o mundo real, com um clima artificial semelhante a ilustrações de livros infantis nos cenários, na direção de arte, tudo levando para nos levar às criações do próprio Méliès.
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Sacha Baron Cohen e seu "cãozinho fofo", em cena do filme

"A Invenção de Hugo Cabret" é o primeiro filme de Scorsese sem Leonardo DiCaprio após nove anos de colaboração, já levou os Globo de Ouro de Melhor Diretor e é o recordista em indicações - 11 categorias - ao Oscar 2012: Melhor Filme, Diretor (Scorsese), Roteiro Adaptado, Direção de Arte, Fotografia, Figurino, Montagem, Trilha Sonora, Edição de Som, Efeitos Sonoros e Efeitos Visuais.

Injustiça se no domingo - 26 - esse filme não levar ao menos um das estatuetas douradas consideradas importantes - Melhor Filme ou Melhor Diretor.

Confira o trailer do filme:
*****
"A INVENÇÃO DE HUGO CABRET"
Título original:
Hugo
Diretor: 
Martin Scorsese
Elenco: 
Ben Kingsley, Sacha Baron Cohen, Asa Butterfield, Chloë Grace Moretz, Ray Winstone, Emily Mortimer, Christopher Lee, Helen McCrory, Michael Stuhlbarg, Frances de la Tour
Produção: 
Johnny Depp, Tim Headington, Graham King, Martin Scorsese
Roteiro: 
John Logan
Fotografia: 
Robert Richardson
Trilha Sonora: 
Howard Shore
Duração: 
126 min.
Ano: 
2011
País: 
EUA
Gênero: 
Aventura
Cor: 
Colorido
Estúdio: 
GK Films
Classificação: 
Livre
Cotação do Klau:

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