quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

62ª EDIÇÃO DO FESTIVAL DE BERLIM COMEÇOU HOJE - CONFIRA TUDO O QUE DE MELHOR ACONTECEU


Confira o que de melhor aconteceu nesse primeiro dia da 62ª  edição do Festival de Cinema de Berlim:

FESTIVAL COMEÇOU COM LONGA ONDE DIANE KRUGER INTERPRETA MARIA ANTONIETA

O Festival de Berlim começou nesta quinta, com Diane Kruger interpretando María Antonieta no longa "Les Adieux à la Reine" e na expectativa de receber em seu tapete vermelho Angelina Jolie e Javier Bardem - sobre o cenário dos Bálcãs e do Saara, respectivamente.

As últimas 48 horas de vida de María Antonieta antes da guilhotina, em um filme dirigido por Benoit Jacquot, inaugurou o circuito dos 18 aspirantes aos Ursos - entre eles os italianos Paolo e Vittorio Taviani e o espanhol Antonio Chavarrías.
Divulgação
Cena de "Les Adieux à La Reine", um dos destaques do Festival de Berlim 2012

O júri desta edição é presidido pelo diretor britânico Mike Leigh, e conta com a atriz francesa Charlotte Gainsbourg e o diretor iraniano Asghar Farhadi - Urso de Ouro de 2010 por "A Separação".

Os responsáveis pela escolha deverão ter um difícil trabalho, já que os indicados deste ano se destacam com carga muito intensa de cinema comprometido.

O festival garantiu uma boa leva de astros e estrelas - em sua maioria fora de concurso, como Meryl Streep, Robert Pattinson, Antonio Banderas e Uma Thurman - além de Jolie e Bardem, a primeira como diretora e o segundo com o documentário "Filhos das Nuvens".

Entre os temáticos, o diretor do festival, Dieter Kosslick, optou por centrar essa 62º edição na primavera árabe, desde suas origens até suas consequência no mundo islâmico, o que será visualizado na seção oficial e nas restantes.

Os Tavianis levarão Shakespeare para uma prisão romana, com "Cesare Deve Morire" ("Caesar Must Die"), e o cineasta Spiros Stathoulopoulos viajará para outra prisão interior, a de um jovem monge ortodoxo de "Metéora".

Além da co-produção da abertura, a Espanha apresentará um segundo título na disputa, o suspense psicológico "Dictado", de Antonio Chavarrías, interpretado por Juan Diego Botto, Bárbara Lennie e Mágica Pérez no papel de uma órfã.

Um único filme americano na disputa, "Jayne Mansfield's Car", levará ao festival Billy Bob Thornton na dupla tarefa de dirigir e atuar, junto a Robert Duvall, John Hurt e Kevin Bacon.

As produções anfitriãs serão representadas por um conhecido trio: Christian Petzold, com "Barbara"; Matthias Glasner, com "Gnade" ("Mercy"), e Hans Christian Schmid, com "Was bleibt" ("Home For The Weekend").

A seleção europeia é completada pela francesa "A Moi Seule", de Frederic Videau; a suíço-francesa "L'enfant d'em haut", de Ursula Meier; a dinamarquesa "A royal affair", de Nikolaj Arcel, e a húngara "Csak a szél" ("Just The Wind"), de Benedek Fliegauf.

A lista de participantes é completada com o canadense "Rebelle", de Kim Nguyen, a indonésia "Postcards from the zoo", de Edwin, e a chinesa "Bai lu iuane" ("White Deer Plain"), de Wang Quan'an - incluída no último minuto.

O programa do Festival de Berlim inclui 400 filmes, todos repartidos em diversas seções e temáticas.

As estrelas apresentarão suas múltiplas facetas, desde um Bardem transformado em guia do conflito saharaui no filme dirigido por Álvaro Longoria, e Angelina Jolie como diretora do "In The Land Of Blood And Honey", um longa centrado em uma história de amor impossível em plena Guerra da Bósnia.

Meryl Streep receberá o Urso de Ouro de Honra e apresentará seu "A Dama de Ferro", enquanto Antonio Banderas participará com "À Toda Prova", de Steven Soderbergh -  fora do concurso, assim como o "Bel Ami", que destaca Uma Thurman e Robert Pattinson.

A atriz Juliette Binoche marca presença no festival com "Elles" - na seção Panorama, enquanto a Espanha apresentará outra atriz internacional, Victoria Abril, à frente de "The Woman Who Brushed off Her Tears", na mesma seção.

O Festival de Berlim também espera a equipe de Álex de la Iglesia e "A Chispa da Vida" - com Salma Hayek - enquanto Pedro Pérez Rosado retoma o conflito saharaui para apresentar "Wilaya" - que foi rodada em um campo de refugiados e integrará a seção Forum.

WERNER HERZOG RETORNA AO TEMA DA MORTE, EM "DEATH ROW'

Depois do longa-metragem "Into the Abyss", o cineasta alemão Werner Herzog volta ao tema da pena de morte com o documentário em quatro partes "Death Row" (literalmente, corredor da morte).

Na série, que será exibida na televisão americana em um dos canais Discovery, Herzog perfila cinco condenados à pena capital nos Estados Unidos.

Exibido nesta quarta (8) para os jornalistas que cobrem Berlim 2012, o documentário em quatro partes integra a mostra paralela Berlinale Special.

Cada um desses retratos começa com um plano sequência que mostra o caminho para a câmara da morte, onde o indivíduo condenado receberá a injeção letal - enquanto isso, Herzog narra em off que ele é contra a pena de morte.
Divulgação
O cineasta Werner Herzog entrevista um detento para o filme "Death Row"

Embora não apareça em cena, o cineasta não se furta a uma linha de questionamento inquisitiva e, quando acha oportuno, intervém para deixar clara sua intenção de apenas examinar o que produz no ser humano a iminência da morte.

No primeiro retrato, de James Barnes, o diretor chega a dizer ao entrevistado que não necessariamente precisa gostar ou ser simpático a ele.

"XINGU', DE CAO HAMBURGER, É MUITO ELOGIADO EM BERLIM

Pela segunda vez, o brasileiro Cao Hamburger participa da Berlinale - na primeira, em 2007, ele concorreu ao Urso de Ouro por "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias".

Agora, ele toma parte da seção Panorama com "Xingu" - sobre os irmãos Villas Bôas, idealizadores do Parque Nacional do Xingu.

"A história retrata a coragem incondicional dos irmãos em proteger o povo do Xingu, em preservar sua cultura e em criar o parque. Eu estou muito feliz que Wieland Speck [diretor do Panorama] tenha selecionado o filme", disse Dieter Kosslick, diretor do festival.
Divulgação
Cena do documentário "Xingu", de Cao Hamburguer

"Xingu" será exibido na próxima quarta e contará com a presença de Hamburger e de parte do elenco - encabeçado pelos atores João Miguel, Felipe Camargo e Caio Blat.

A temática indígena está em outras produções brasileiras: "Licuri Surf", de Guile Martins, participa da seção de curtas, e "Olhe pra Mim de Novo", de Kiko Goifman e Claudia Priscilla, está na seção Panorama Documento.

PRESIDENTE DO JÚRI, MIKE LEIGH PROMETE UMA BERLINALE "REVOLUCIONÁRIA" E "COMPROMETIDA"

Liderado pelo diretor britânico Mike Leigh, o júri do Festival de Berlim prometeu ficar atento "às revoluções" - da francesa às atuais - ao acompanhar os candidatos aos Ursos.

"Não queremos nos antecipar ao que vamos ver. Mas há um grande potencial de temas que comovem o mundo atualmente", disse Leigh, em referência à decisão do diretor da Berlinale, Dieter Kosslick, de transformar a primavera árabe e outras revoluções em eixo temático.
Reuters
Membros do júri se reúnem para foto oficial da 62° edição do Festival de Berlim. Anton Corbijn, Jake Gyllenhaal, Barbara Sukowa, Mike Leigh (presidente do júri), Charlotte Gainsbourg, François Ozon, Boualem Sansal

Em entrevista coletiva antes da abertura do festival, Leigh compareceu ao lado de seus companheiros de júri: a atriz francesa Charlotte Gainsbourg e a alemã Barbara Sukowa, o ator americano Jake Gyllenhaal, o diretor iraniano Asghar Farhadi - Urso de Ouro de 2011 com "A Separação" -, o cineasta francês François Ozon e o escritor argelino Boualem Sansal.

O trio de atores se encarregou de atrair os flashes, enquanto Leigh, Farhadi e Sansal assumiram a incumbência de falar do cinema e de seu compromisso.

"A revolução francesa foi a 'mãe' de todas as revoluções. Nós, seus filhos, devemos preservar muito esse espírito", disse Sansal

O escritor argelino afirmou ter consciência, mesmo não sendo um "homem do cinema", da vontade de Kosslick de exaltar a temática o mundo árabe um ano depois da queda de Hosni Mubarak e outros ditadores.
AP
Jake Gyllenhaal e Charlotte Gainsbourg, membros do júri, com o presidente Mike Leigh (à dir.)

Na coletiva, Leigh foi incisivo sobre a posição do cinema de autor.

"Existe Hollywood e existe o cinema do mundo. Pela primeira vez na história, podemos ter confiança de que o domínio de Hollywood está diminuindo, e essa é uma boa notícia. Fico feliz que Hollywood não consiga comprar sua entrada nos festivais europeus", declarou.

Apesar do tom crítico, Leigh brincou com Jake Gyllenhall, o único americano no júri.
"Ele está se sentindo um peixe fora d'água no grupo, mas não tem motivo".

Barbara Sukowa, lendária atriz alemã dos filmes de Fassbinder, hoje com 62 anos, brincou com o fato de ser membro do júri.
"Quando você é uma atriz, vai envelhecendo e não consegue mais trabalho, recebe muitos convites para ser jurada. Se eu fosse paga, poderia viver disso."

A 62ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim, a Berlinale, começou hoje e vai até o dia 19 na capital alemã.
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Com Reuters, AFP, AP e Alessandro Giannini - UOL

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