sábado, 18 de fevereiro de 2012

PERFIL: MERYL STREEP, ATRIZ QUE NUNCA CONFUNDIU FAMA COM ARROGÂNCIA


“Minha realização, se assim você quiser chamar, é que basicamente eu me passei pela pele de pessoas incríveis por toda a minha vida, e agora eu sou confundida com uma delas”, disse Meryl Streep há alguns anos, mostrando que fama não se confunde com arrogância.

Em mais de 30 anos de carreira, incluindo 17 indicações ao Oscar  - a mais recente este ano, por "A Dama de Ferro" -, Mary Louise Streep, se tornou uma das atrizes mais férteis que Hollywood já produziu e recebeu na terça (14) uma justa homenagem do Festival de Berlim 2012, que a premiou com um Urso de Ouro Honorário por sua carreira.

Nascida em 22 de Junho de 1949, filha de uma artista com um farmacêutico, a garota de New Jersey desde cedo mostrou sinais de talento.

Aos 15 anos, cansada de ser uma garota desajeitada, Meryl resolveu mudar: tingiu os cabelos escuros tornando-se loura oxigenada - episódio que descreve como sua primeira caracterização.

Foi enquanto frequentava a prestigiosa escola Vassar, em Nova York, que Meryl descobriu que seu talento iria longe.
“Após a peça, meus amigos correram para me perguntar como eu sabia fazer aquilo”, conta.
“Eu não sabia como eu havia feito, mas eu percebi que queria [ser atriz] e adorava aquilo”, diz a camaleônica atriz.

Antes mesmo da adolescência, Meryl - assim apelidada pela mãe - estudava opera, iniciando sua carreira profissional nos palcos da Broadway em 1975 - após receber graduação da escola de drama da Universidade de Yale.

Nos anos seguintes, Meryl fez a transição dos palcos para as telonas: ganhou o Emmy pela minissérie "Holocausto" (1978), fez uma aparição marcante em "Julia" (1977) - estrelado por Dame Vanessa Redgrave e Jane Fonda -  e seu primeiro grande papel no cinema - em "O Franco Atirador" (1978),  dirigido por Michael Cimino e ao lado de Robert De Niro - foi nesse filme que eu fiquei simplesmente apaixonado por ela.

E por falarmos na lenda Jane Fonda, em uma previsão da revista "Newsweek" há alguns anos, Meryl  foi apontada como “a primeira mulher americana desde Jane Fonda com poder para rivalizar astros do calibre de De Niro e Al Pacino”.

Previsão corretíssima, já que Meryl aos poucos mostrou sua força em papéis marcantes nas telonas - afinal, ela é uma mulher de muitas faces.

Brigitte Lacombe
A maior atriz americana viva se chama Meryl Streep

Entre as muitas faces de Meryl Streep nas telonas, destaco:
Sophie - em "A Escolha de Sofia" (1982); Sarah/Anna em “A Mulher do Tenente Frances” (1981); Julia Child, em "Julie e Julia" (2009); Jill - em "Manhattan" (1979); a megera Miranda - de "O Diabo Veste Prada" (2006) e Donna - de "Mamma Mia" (2008).

Agora, a atriz de 62 anos incorpora à prefeição a controversa ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, em "A Dama de Ferro".

Apesar de nunca ter sido grande fã de Thatcher no passado - assim como toda a classe artística americana, que não via com bons olhos a aproximação da britânica com o então presidente americano Ronald Reagan - Meryl explica que admira as realizações da ex-governante ao assumir o poder.

“O papel de Margaret Thatcher me atraiu, pois nele eu vi a oportunidade de levantar a questão, que ainda incomoda, sobre as mulheres no poder”, disse a atriz, em entrevista durante sua passagem por Londres - onde lançou o filme e aproveitou para levar o Bafta de Melhor Atriz.

“Eu lembro em 1979, como era o mundo quando ela foi eleita primeira-ministra do Reino Unido. Eu não concordava com nada do que ela pregava politicamente, mas secretamente eu estava super feliz de saber que aquela era a primeira mulher a assumir o poder na política mundial”, conta.

Americana, Meryl foi obviamente uma escolha polêmica para viver a ex-primeira-ministra, mas a melhor decisão, de acordo com a diretora Phyllida Lloyd - que já tinha dirigido Meryl em "Mamma Mia" (2008).

“Eu fiquei tão nervosa ao aceitar esse papel; Sabia que teria que estar bem preparada. Não foi simples ter a autoconfiança para gravar as cenas do Parlamento [em um estúdio na Inglaterra], em meio a mais de 200 atores britânicos, todos homens”, conta Meryl, defendendo que o desafio foi tão intimidador quanto o de Margaret Thatcher no poder.
“As filmagens me remeteram a época em que estava no colégio, quando nós meninas éramos a minoria - 16 garotas para seis mil meninos - e a maioria não nos queria ali. Foi uma volta ao tempo”, confessa ela.

Em um notável desempenho, Meryl humaniza a controversa personalidade da historia britânica, dos seus 40 anos de idade até a atualidade, aos 86, sofrendo de demência.
O longa mostra uma mulher forte, apesar dos erros que a tornaram amplamente impopular durante os dez anos que permaneceu no poder.

Apesar da excelente interpretação de Meryl, foi um choque saber que a atriz quase nada sabia sobre a vida de Tatcher antes de aceitar vive-la nas telonas.
“O que mais me interessou foi o preço que ela pagou por suas decisões políticas”, diz.
“Quanto mais eu pesquisava, mais fascinada eu ficava. Ela era muito persistente. Eu também percebi como suas decisões políticas dividiram os britânicos. Alguns a achavam excelente enquanto outros a detestavam pelas mesmas razões. Era um trabalho tão solitário, especialmente para uma mulher”, comenta a atriz, acrescentando ainda: “Eu aprendi muito com ela, Margaret Thatcher. É uma grande história de vida. Eu até a apresentei como um exemplo para as minhas três filhas sobre o que as mulheres podem fazer para mudar o mundo”.

"A Dama de Ferro" tem sido comercializado como um filme sobre política e guerra, e criado controvérsia exatamente por ser o oposto.
“As pessoas pensavam que iriam ver a saga da mulher que dominou o mundo, mas o filme, na realidade, é muito pessoal; mostra a história de uma mulher, hoje frágil, que recorda os eventos do passado”, comenta Meryl, confessando semelhanças com Thatcher.
“Eu também sou muito mandona e gosto de ser ouvida!”, brinca a mulher considerada a melhor atriz americana viva atualmente.

Confira todos os prêmios da carreira de Meryl Streep:

Prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood - Oscar

Melhor Atriz Principal
1983 - "A Escolha de Sophia"

Arquivos do Klau
Meryl segura seu Oscar de Melhor Atriz, por "A Escolha de Sophia" - 1984

Melhor Atriz Coadjuvante
1980 - "Kramer vs. Kramer"

Arquivos do Klau
Meryl segura seu Oscar de Coadjuvante em 1981, por "Kramer vs. Kramer"

Emmy Awards

Melhor Atriz Principal em Minissérie ou Filme
1978 - "Holocausto"
2004 - "Angels in America"

Exposay
Meryl segura seu Emmy em 2004, por "Angels in America"

Globo de Ouro

Melhor Atriz em Drama
1982 - "A Mulher do Tenente Francês"
1983 - "A Escolha de Sophia"
2012 - "A Dama de Ferro"

AP
Meryl segura seu Globo de Ouro 2012 de Melhor Atriz em Drama, por "A Dama de Ferro"

Melhor Atriz Coadjuvante
1980 - "Kramer vs. Kramer"
2003 - "Adaptação"

Melhor Atriz em Minissérie ou Filme
2004 - "Angels in America"

Melhor Atriz em Comédia ou Musical
2007 - "O Diabo Veste Prada"
2010 - "Julie & Julia"

PRÊMIO DO SINDICATO DOS ATORES - SCREN ACTORS GUILD OF AMERICA/SAG

Melhor Atriz em Minissérie ou Telefilme
2004 - "Angels in America"

Melhor Atriz Principal no Cinema
2009 - "Dúvida"

Michael Caulfield
Meryl segura seu SAG de 2009, por "Dúvida"

Festival de Cannes

Palma de Ouro de Melhor Atriz
1989 - "Um Grito no Escuro"

PRÊMIO DA ACADEMIA BRITÂNICA DE ARTES E CIÊNCIAS CINEMATOGRÁFICAS - BAFTA

Melhor Atriz Principal
1982 - "A Mulher do Tenente Francês"
2012 - "A Dama de Ferro"


FESTIVAL DE CINEMA DE BERLIM - BERLINALE

Urso de Prata de Melhor Atriz Principal
2003 - "As Horas"

Urso de Ouro pelo Conjunto da Carreira
2012

Reuters
Meryl mostra a matrioska com faces de personagens suas, que ganhou de um jornalista noFfestival de Berlim, nessa semana

A batalha atual de Meryl Streep  fora das telas é para conseguir permissão do Senado americano para o seu Museu da História da Mulher em Washington - um projeto de U$ 400 milhões.
“As mulheres contribuíram amplamente para a história mundial e há muito que não sabemos sobre essas historias”, diz a atriz, defendendo sua ideia.

Grande atriz, grande mulher, grande personalidade - e eu simplesmente continuo adorando ela!
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Matéria Base: Pedro Caiado, do UOL
Dados adicionais e redação final: Cláudio Nóvoa

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