Com um trio de atrizes europeias talentosas e bonitas, "Les Adieux à La Reine", de Benoit Jacquot, abriu oficialmente o Festival de Berlim 2012, e também é o primeiro filme que concorre aos Ursos de Ouro e Prata a ser exibido para a imprensa internacional que acompanha o festival alemão.
A presença no elenco da atriz alemã Diane Kruger ("Bastardos Inglórios"), considerada uma celebridade por aqui, justifica a escolha do filme para abrir o evento.
Kruger faz o papel da rainha Maria Antonieta no filme, embora não seja ela a personagem principal.
O protagonismo cabe à francesa Léa Seydoux ("Bastardos Inglórios", "Robin Hood"), outro rosto emergente na constelação de novos artistas europeus.
Ela é Sidonie Laborde, uma das amas da rainha francesa, responsável pela leitura dos livros da monarca.
Completa o trio Virginie Ledoyen, outra celebridade em ascenção na França, que interpreta Gabrielle de Polignac, uma das amigas mais próximas da rainha e, como sugere a trama, sua amante secreta.
REUTERS/Tobias Schwarz
Da esq. para a dir., Lea Seydoux, Diane Kruger e Virginie Ledoyen divulgam o filme "Les Adieux à la Reine", no Festival de Berlim (9/2/12)
Inspirado no romance homônimo da escritora francesa Chantal Thomas, o filme mostra a escalada da Revolução Francesa nos dias imediatamente posteriores à Queda da Bastilha e a capitulação do rei Luís 16.
Leal e devotada à rainha, Sidonie é a testemunha do desespero que toma conta da família real e de sua corte no interior do Palácio de Versalhes.
Sua admiração se transforma ao perceber que está sendo manipulada para se fazer passar por Gabrielle de Polignac na rota de fuga da França.
"Sua Majestade quer me usar como isca", diz ela, a certa altura, indicando a perda da inocência.
O tema da suposta homossexualidade da rainha foi questionado durante a entrevista coletiva com o diretor e as atrizes, logo após a sessão do filme para a imprensa.
"Toda vez que vamos interpretar uma figura histórica temos que lidar com uma carga de julgamentos anteriores", disse Kruger.
"Eu tentei não julgá-la. O filme é muito íntimo, mostra a rainha e sua corte nos quartos do Palácio sob a perspectiva dos serviçais. Foi um desafio tirá-la do registro que conhecemos, de garota mimada, temperamental e ingênua. A cada dia que a interpretava foi diferente e esse foi o principal trabalho. Mas não acho que ela seja lésbica."
Jacquot falou sobre o ponto de vista escolhido para mostrar essa história e a ideia de que existe nessa opção um meio de falar sobre a luta de classes.
"Sim, continuamos a pensar de forma classista", disse ele.
"Mas não é esse o principal tema do filme e sim a perda da inocência dessa menina que idealizava a figura da rainha."
Roteirista do filme, Gilles Taurand disse que, além do livro, estudou textos históricos e documentos da época.
"No entanto, a personagem de Sidonie é completamente ficcional", contou ele.
"O que é muito bom, porque nos deu liberdade para criar."
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Matéria de Alessandro Giannini - correspondente do UOL em Berlim
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