segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

'A TESTEMUNHA', CLÁSSICO COM HARRISON FORD, FAZ 25 ANOS!


Há 25 anos, um filme de um diretor ainda pouco conhecido na época, misturou no mesmo enredo a vida de um grupo religioso fundado no início do século XVIII - os amish - a uma história policial surpreendente, que deu a Harrison Ford sua única indicação ao Oscar.


Cartaz do filme "A Testemunha"

Dirigida pelo australiano Peter Weir, "A testemunha" foi seu primeiro longa-metragem realizado nos Estados Unidos, e também sua estreia como candidato ao Oscar.

Foi indicado para oito prêmios, e levou dois: melhor roteiro original e melhor edição. Nesse ano, o filme "Entre dois amores" levou sete estatuetas.

Weir e Ford ficaram sem Oscar, mas o filme - que estreou nos EUA em 8 de fevereiro de 1985 - foi um importante passo para a carreira de ambos.

Para o diretor australiano, o filme representou sua entrada em Hollywood pela porta principal, enquanto o papel do íntegro policial John Book permitiu a Ford demonstrar que podia fazer algo mais do que interpretar Hans Solo ou Indiana Jones. E foi a partir daí que a atriz Kelly McGillis pode demonstrar o quanto ela era ótima.

O ator - que já era famosíssimo na época pelos papéis de Hans Solo em "Star Wars" e do arqueólogo Indiana Jones - decidiu se arriscar em um projeto a princípio menor , de um diretor que chegava aos EUA com dois filmes elogiadíssimos pela crítica, embora não tenham sido sucessos de público: "Gallipoli" (1981) e "O ano em que vivemos em perigo" (1982).

O diretor australiano Peter Weir

"Para ser honesto, aceitei o convite porque achei que era uma boa ideia não só fazer filmes que me seduzissem. Queria ser como os diretores dos anos 40 que aceitavam convites de seus estúdios e o faziam bem feitos", explicou Weir em entrevista.

Apesar de o projeto ter começado como um simples convite, Weir se mostrou rapidamente interessado na história, especialmente em sua vertente mais social - a vida dos amish. E dali começou a estruturar a narrativa com o apoio de Ford.

A ideia era misturar uma típica história policial - uma criança que é testemunha de um assassinato no qual estão misturados agentes da lei - com a aprendizagem que pode significar para uma pessoa o contato com uma cultura diferente.

O capitão John Book busca proteger a criança (Lukas Haas e seus impressionantes olhos, um dos grandes acertos do filme) e a sua mãe Rachel (Kelly McGillis). Para isso, Book deve permanecer com eles em sua comunidade amish da Pensilvânia.

"Era uma grande oportunidade mostrar um choque entre dois mundos. Um homem do século XX para quem a violência era um fato e que tem de se refugiar em uma sociedade pacífica inalterada desde o século XVIII", explicou o diretor.

Seu objetivo não era usar os amish como um cenário exótico. Weir queria que fossem uma parte essencial da história, e conseguiu.

Embora a parte policial do filme esteja bem roteirizada, é sem dúvida a vida dos amish e a relação tão desigual que se estabelece entre a mãe e o policial o que chamou a atenção dos espectadores.

Os amish tinham passado despercebidos até então para o grande público, que descobriu com interesse esta comunidade religiosa que vive seguindo as tradições de princípios do século XVIII ,vividas por seus antepassados holandeses quando chegaram aos EUA.

Vestidos longos pretos, camisas brancas, botões em lugar de cremalheiras, cordões para substituir os cinturões, nada de eletricidade, nem carros, móveis, televisão ou sequer música.

Esses elementos aliados à vida eminentemente agrícola e criadora de gado e em relações pessoais muito conservadoras foram fielmente retratados por Weir no filme.

Através dos olhares de Rachel e Book - e a famosa cena do baile na garagem -, o diretor soube transmitir as diferenças sociais e culturais entre ambos. E embora na relação do policial e da criança essa brecha pareça menor, as distâncias entre os dois mundos vão se tornando cada vez mais evidentes à medida que a história avança.

Uma parte antropológica do filme bem entrelaçada com a Polícia é no confronto entre Harrison Ford e Danny Glover, na qual o clímax ocorre em uma perseguição brilhantemente gravada em um celeiro.

O resultado foi o filme de Weir de maior bilheteira até entãoe oito nominações a os prêmios Oscar.

Assista ao trailer de "A Testemunha":




Depois, Weir faria muitos - e ótimos - filmes, como "Sociedade dos poetas mortos", "O show de Truman - o Show da Vida" e "Mestre dos Mares - O lado Mais Distante do Mundo")

E uma curiosidade: "A testemunha" foi a estreia como ator de Vigo Mortensen, que se tornaria famoso com a série de filmes do "Senhor dos Anéis".

Se você ainda não viu "A Testemunha", vale a pena ver!

Classificação do Klau: Muito Bom!


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