Essa coluna estava sendo produzida em vídeo já a algum tempo, e era postada aqui no blog e no YouTube.
Até curto muito fazer, mas a audiência tem sido muito baixa, e nem compensa o trabalhão que eu tenho - texto - luz - câmera - edição - sonorização - postagem, já que faço tudo sózinho.
Como o que importa aqui é a minha opinião e não a minha cara feia, a partir de hoje volto a fazer a coluna EM TEXTO, e abordando um só tema.
Assim teremos uma abordagem mais aprofundada da política nacional, tema que,acho eu, todo brasileiro deveria se interessar muito mais.
Afinal, 2010 é ano de eleições, a gente tem de escolher melhor e voto serve justamente pra isso.
É a única maneira que todo brasileiro tem - pobre, classe média, rico - de mudar realmente esse país.
O "Biscates em Desfile" continua às quintas, trazendo um resumo semanal de várias notícias de política, sempre de forma bem humorada.
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OS TRINTA ANOS DO PARTIDO DOS TRABALHADORES
Eu era estudante universitário quando o PT foi fundado e isso já faz trinta anos - quando o partido dos Trabalhadores foi fundado.
O partido foi uma ótima novidade, num país que ainda vivia sob uma ditadura militar das piores que o planeta já conheceu.
E os estudantes, que naquela época tinham a consciência do "quem sabe faz a hora, não espera acontecer" da música do Vandré, embarcaram em peso na canoa petista.
O PT foi o único partido político brasileiro que nasceu de baixo pra cima, foi gerado pelo povo até cooptar intelectuais do quilate de Maria da Conceição Tavares, setores da igreja católica que pensam primeiro na mensagem cristã de Jesus - e depois, muito depois, em bobagens como dogmas, aborto, casamento gay e etc - e da imensa maioria dos trabalhadores sindicalizados - metalúrgicos do ABC paulista à frente.
Participei ativamente da sua fundação, até contra os conselhos de meu pai - ele era metaúrgico em São Bernardo, e conhecia muito bem Lula e Companhia.
Nas eleições de 1982, o PT fez história, ao eleger pela primeira vez pessoas simples, do povo mesmo. E os intelectuais como Eduardo Suplicy apareceram para a platéia e foram bem votados.
O regime militar acabou, e Lula virou uma expressão nacional - catapultado que foi pelo sindicado dos metalúrgicos do ABC.
Começei a perceber que algo não ia bem no PT quando a Luiza Erundina foi eleita prefeita da cidade de São Paulo. A prefeita passou a maior parte do mandato em atrito com o partido, que exigia para seus filiados um naco cada vez maior na burocracia da cidade.
Erundina sofreu muito nas mãos desse pessoal, a ponto de, apesar de ser uma de suas fundadoras históricas, ser obrigada a sair do Partido para continuar sua trajetória política e pessoal, cuja marca é a absoluta devoção às causas populares.
Me incomodava também o poder exercido na militância por José Dirceu. E aqui não posso deixar de lembrar que o grande novelista - e jornalista - Aguinaldo Silva disse a seu respeito, quando criou um personagem para uma novela, baseado na história de Dirceu: "Tenho medo dele. Afinal, um cara que sai do país, muda de rosto, volta e vive durante anos no interior do Paraná, enganando até mulher e filhos sobre quem ele realmente era, não pode ser um cara sério".
O escândalo do mensalão só fez bem a Dirceu. Tirou o ex-ministro da Casa Civil da frente da mídia, e deu oportunidade a ele de continuar onde ele é o melhor: nas sombras do poder, nas reuniões na calada da noite sem testemunhas, nos telefonemas que mudam projetos e verbas de lugar, na influência em um sem número de militantes do Partido - deputados e senadores aí inclusos.
O Brasil sempre foi pródigo em personagens subterrâneos desse tipo: No Império, tivemos José Bonifácio e o Chalaça. No regime militar, o general Golbery do Couto e Silva, signatário fiel de todos os ditadores, e o verdadeiro artífice da "abertura lenta, gradual e segura" no final da ditadura de Geisel e começo do período do último general ditador, João Figueiredo. José Dirceu não tem um décimo da fluência e elegância dos personagens acima citados. Ele está mais para um Rasputin, um Trotsky dos trópicos. É adepto do "para os amigos tudo, para os inimigos, o paredón". Deve ser por isso que um dos seus melhores amigos atende pelo nome de Fidel Castro.
Outro petista que eu nunca engoli foi o atual deputado federal José Genoíno. Se tem uma coisa na vida que eu mais abomino além da censura de todo tipo, é a deduragem, a figura do alcagueta que vira e mexe sempre aparece em um ou mais períodos de nossas vidas. Pois Genoíno, para mim, é o pior dos piores.
Enquanto muitos adversários do regime militar eram perseguidos, torturados - alguns até barbaramente, como a Dona Dilma - e mortos na guerrilha do araguaia, Genoíno dedurou tudo e todos. É um cara que deveria se envergonhar profundamente de ser chamado de "brasileiro".
Se no governo Erundina, as garras do Partido apareceram, nos governos do Luiz Inácio é que elas finalmente nos rasgaram profundamente, e chegaram até à alma.
O PT foi com uma sede tamanha ao pote, que muitos setores de nossa economia - e cito aqui a Petrobras como exemplo - foram aparelhados/partidarizados que, nem em mais 10 governos se conseguirá tirar esse povaréu todo lá encrustado.
Nas cidades e nos estados que o Partido administra ou administrou, o fenômeno do tsunami petista é o mesmo. A cidade de São Paulo ainda vê todos os dias os túneis da Dona Marta - que levam do nada a lugar nenhum - por exemplo.
O Partido é sinônimo de apadrinhamento e gastança desmedida.
No começo do seu governo, Lula era apenas "o metalúrgico que tinha chegado lá". O deslumbramento com o poder foi tal e tamanho, que governo federal, hoje, é lembrado mais pelos escândalos do mensalão, aviões caríssimos, plásticas, botox e toda sorte de gastanças com nossa grana.
E a política tem dessas coisas: Dilma foi torturada na ditadura, e um dos cotados pra tocar a sua campanha à presidência é o Genoíno!
E assim, o PT chega em 2010 como o exemplo mais prático de que o Poder, sim, corrompe.
O Poder, sim, transforma as pessoas pra pior.
Resta saber o que eles vão inventar dessa vez pra "doutrinar" a militância.
A mim, não vai mais não!
Até a semana!
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