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Ator inglês foi o que mais viveu o agente 007 nas telas
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Sir Roger George Moore nasceu em Londres, em 14 de outubro de 1927.
Alto, loiro e muito bonito, ele trabalhou como modelo até o começo dos anos 1950 e graças à sua beleza, assinou um contrato de sete anos com a MGM, mas suas produções iniciais não fizeram muito sucesso.
A fama só veio com 'Ivanhoé', série de televisão britânica exibida pela ITV em 1958-59.
Em seu primeiro papel como protagonista, Moore era Sir Wilfred de Ivanhoe, um cavaleiro da idade média em uma série de aventuras destinadas a um público infantil.
Moore em cena de 'Ivanhoé' - ITV |
A série, já sucesso no Reino Unido em 1958, começou a ser exibida na TV americana no ano seguinte, virou febre e possibilitou a Moore a ter mais oportunidades em Hollywood.
Confira trecho de 'Ivanhoé':
Em Los Angeles, Moore continuou alternando atuações no cinema e na TV - na época dois veículos distintos.
De 1962 a 1969, Moore estrelou outra série de absurdo sucesso - 'O Santo'.
Baseada no best seller de Leslie Charteris que o lançou em uma série de livros de mistérios policiais publicados entre 1928 e 1963, a série trazia Moore como Simon Templar, um mestre dos disfarces que, apesar de agir do lado da lei como um detetive amador ou eventualmente policial, possui habilidades próprias de um grande ladrão e provavelmente fora um criminoso no passado.
Templar é chamado de "O Santo" devido as iniciais do seu nome (ST, que se pronuncia 'Saint' em inglês).
Em cena de 'O Santo' - ITC |
Os disfarces de Simon também usam as iniciais S.T. ("Sebastian Tombs" ou "Sugarman Treacle", por exemplo).
Sempre com um senso de humor juvenil, ele deixa um cartão de visitas em seus "crimes", nos quais aparece a figura de um boneco de linhas geométricas com uma auréola sobre a cabeça.
Esse desenho aparecia como o logotipo nos livros lançados na década de 1960 e nas série de TV.
Como era comum na época, os primeiros anos da série inglesa, da emissora ITC, que teve seis temporadas e 118 episódios, foram rodados em preto & branco e os últimos, já ganharam cor.
O sucesso foi global: aqui no Brasil, a série foi exibida, com muito sucesso, pela TV Record.
Invariavelmente, cada episódio começara com uma cena de ação com Moore, que no final acabara ganhando uma auréola de 'Santo'.
Relembre a abertura e os créditos de encerramento da série:
A história do personagem Simon Templar pode ser vista nesse vídeo:
Não demorou muito e Moore emplacou outro grande sucesso: “The Persuaders”, série de ação / aventura / comédia também produzida pela ITC Entertainment e inicialmente transmitida pela ITV inglesa e pela ABC americana em 1971.
Aqui, Moore era Brett Sinclair, um nobre britânico polido, educado em Harrow e em Oxford , ex- oficial do exército britânico e um piloto de rali.
Ele formava uma improvável dupla com o Danny Wilde vivido por Tony Curtis, um grosseiro americano criado nas favelas da cidade de Nova York, que escapou por se alistar na Marinha dos EUA e mais tarde se tornou um milionário no negócio de petróleo.
Com Tony Curtis, em foto promocional de 'The Persuaders' - ABC |
No piloto, os dois se trombam em férias na Riviera Francesa , se estranham e destroem um bar de hotel durante uma briga.
Presos pela arruaça, eles são entregues ao juiz aposentado Fulton (Laurence Naismith), que lhes oferece a opção de passar 90 dias na prisão ou ajudá-lo a corrigir erros de impunidade .
De má vontade, Wilde e Sinclair concordam em ajudar Fulton a resolver um caso - e ele então os libera de qualquer ameaça de prisão.
O refinamento britânico de Sinclar e a falta de tato de Wilde renderam cenas poderosas, com os dois atores tendo uma química absurda.
Lógico, os dois desenvolvem uma afeição mútua e logo partem para mais aventuras mundo afora, às vezes por acaso, às vezes a mando do juiz Fulton, que não tem nenhum relacionamento formal com seus dois agentes.
Na série, o Brett Sinclair de Moore dirige um Aston Martin DBS com rodas V8 e marcações - curiosamente, o carro ícone de James Bond nunca foi usado por Roger Moore na sua fase de 007.
Brett Sinclair de Moore dirige um Aston Martin DBS - Divulgação |
A série 'The Persuaders' foi filmada na Grã-Bretanha, França e Itália entre maio de 1970 e junho de 1971 e apesar de seu foco nos mercados britânico e americano, tornou-se mais bem sucedida em outros mercados internacionais como aqui no Brasil, onde foi exibida na Globo em horário nobre com um sucesso absurdo.
O tema da série foi composto por John Barry - o mesmo dos temas de James Bond - e a abertura mostrava uma pequena biografia de Sinclair e Wilde, usando fotos antigas de Moore e Curtis.
Veja:
Quando Sean Connery abandonou a cinessérie de 007 pela primeira vez, após filmar 'Com 007 só se Vive Duas Vezes' (1967), o produtor Albert 'Cubby' Broccoli chamou Roger Moore para o papel, mas ele não pode aceitar pelos compromissos com a TV.
A cinessérie então teve '007 - A Serviço Secreto de Sua Majestade (1969), que tinha um ótimo roteiro e cenas de ação espetaculares - mas o público não aceitou o ator australiano George Lazenby como Bond.
Desesperados, Broccoli e seu sócio, Harry Saltzman, procuraram novamente Moore, mas o sucesso de 'The Persuaders' fez o ator novamente recusar o papel.
Assim, só restou à dupla pagar US$ 1 milhão a Sean Connery, que retornou triunfalmente à cinessérie para seu último longa, '007 - Os Diamantes São Eternos' (1971).
Connery deixou a cinessérie oficial após seis filmes: '007 Contra o Satânico Dr. No' (1962), 'Moscou contra 007 (1963), '007 Contra Goldfinger' (1964), '007 Contra Chantagem Atômica' (1965), 'Com 007 só vive duas vezes' (1967) '007 - Os Diamantes São Eternos' (1971), dando um rosto e uma atitude ao agente secreto criado por Ian Fleming em suas novelas.
Sem Connery, que seguiu sua carreira de sucesso no cinema, Broccoli e Saltzman tentaram novamente Roger Moore, que finalmente, livre do contrato com a TV, pode dizer o tão esperado 'sim'.
Broccoli, Saltzman e Moore, nas filmagens de “Com 007 Viva e Deixe Morrer”, na Luisiana, EUA - Divulgação |
A carreira como James Bond começou em 1973, no filme “Com 007 Viva e Deixe Morrer” e a árdua missão de substituir Sean Connery fez com que o ator não entrasse completamente no papel.
Relembre a icônica cena do crocodilo:
Relembre a abertura do longa:
Apesar da excepcional música tema de Pal McCartney na abertura e da inovadora história, que misturava espionagem com elementos vudus, o filme não foi muito bem nas bilheterias e depois de algumas críticas negativas, Moore procurou Broccoli e pediu para sair.
O lendário produtor o demoveu da ideia ao lhe dizer:
"Esqueça o outro Bond, não de ouvidos às críticas. Faça do seu jeito".
E foi o que Moore fez: no segundo longa como Bond, '007 contra o Homem com a Pistola de Ouro” (1974), a MGM não liberou nem a metade do orçamento do anterior, mas, mesmo assim e apoiado num vilão excepcional, o Scaramanga de Christopher Lee, Roger Moore finalmente foi um Bond excepcional.
Relembre cenas, ao som da música tema, cantada por Lulu:
A partir daí, as aberturas dos filmes traziam a frase: "Roger Moore as James Bond" e o espectador finalmente começou a curtir um 007 mais bem humorado e muito mais sarcástico que o interpretado por Connery.
No filme seguinte, “007 - O Espião que me amava (1977), Moore finalmente tinha deixado de ser a estrela de TV para ser uma das mais famosas estrelas do cinema de todos os tempos.
Relembre a icônica cena com a Lotus submarina:
Relembre a abertura,ao som de "Nobody Does it Better", interpretada por Carly Simon:
Ele continuou como o agente secreto mais famoso do cinema em '007 contra o Foguete da Morte' (1979) , o único da cinessérie que teve cenas rodadas no Brasil.
Confira Bond chegando ao Rio de Janeiro, a bordo do supersônico Concorde:
Na trama, Bond viaja até o Rio de Janeiro, palco da grandiosa cena na qual o vilão Jaws (Richard Kiel) arrebenta, com os dentes, o cabo do bondinho do Pão de Açúcar, onde o agente estava com a agente da CIA Holly Goodhead (Lois Chiles)
Relembre a cena:
No mesmo longa, ele ainda vai até a Floresta Amazônica via Cataratas do Iguaçu (!), onde está situada a base secreta do megavilão Hugo Drax (Michael Londsdale).
Relembre a abertura, com música tema cantada por Shirley Bassey:
Depois, rodou “007 - Somente para Seus Olhos" (1981), filme que marca a 'morte' do megavilão Blofeld dos tempos de Connery.
Como não podiam mais usar o vilão na cinessérie, os produtores decidiram mata-lo na divertida cena inicial deste longa.
Veja:
Relembre a abertura, com música tema cantada por Sheena Easton:
Ao rodar '007 Contra Octopussy' (1983) na Índia, Moore ficou chocado com o estado de pobreza total que lá viu, principalmente das crianças - e pensou em usar sua fama para ao menos tentar mudar aquele estado de coisas.
A partir daí, além de sua vida diante das câmeras, Moore ficou conhecido mundialmente por suas obras de caridade, participando de várias ações para arrecadar fundos que seriam doados aos mais necessitados.
Por esse trabalho, o ator foi escolhido como embaixador da boa vontade da Unicef e em 1991, Moore retornou ao Brasil para dar ao ator Renato Aragão o título de representante da Unicef no país.
Sir Moore com a Rainha Elizabeth II - Getty |
Por seu trabalho na agência da ONU, o ator foi condecorado pela rainha Elizabeth II como Cavaleiro do Império Britânico em 1999 e passou a ser chamado de Sir Roger Moore.
Relembre a icônica cena da Mercedes do longa:
Relembre a abertura, com música tema na voz de Rita Coolidge:
Sir Moore se despediu do personagem em '007 - Na Mira dos Assassinos” (1985), com Tanya Roberts como Bond Girl e após sete filmes (recorde ainda não batido), sendo o ator a interpretar o agente secreto por mais tempo: 12 anos.
Relembre a abertura, com música tema da banda Duran Duran:
Embora tenha dezenas de filmes no currículo, Moore era tratado como "eterno 007", mas o título não incomodava o ator.
"Ser eternamente conhecido como Bond não têm desvantagem”, afirmou Moore em 2014.
“As pessoas às vezes me chamam de ‘Sr. Bond’ quando eu estou fora e eu não me importo nada com isso. Por que eu deveria?”
Nesse clipe, vemos muitas cenas de Roger Moore como James Bond - veja:
Durante o período em que foi Bond, Moore estrelou 13 outros filmes: um thriller com Susannah York ('Ouro', de 1974); uma aventura com Lee Marvin, 'Shout at the Devil' (1976), uma ação com Richard Burton ('The Wild Geese', em1978), o thriller 'North Sea Hijack' (1979) e a aventura 'The Cannonball Run' (1981).
Nesse período, Moore foi muito criticado por ter aceitado fazer três filmes na África do Sul ainda sob o regime do Apartheid.
Roger Moore na comemoração pelos 50 anos de James Bond, em Londres, em 2012 - REUTERS/Neil Hall/File Photo
Depois do ultimo filme como Bond, Moore não atuou por cinco anos.
Em 1990, apareceu em vários filmes e na série de televisão 'My Riviera' - do escritor-diretor Michael Feeney Callan - estrelou o filme 'Bed & Breakfast' (1989), teve um papel grande no filme 'A Busca' (1996) e no ano seguinte, apareceu como o chefe das Spice Girls em 'Spice World'.
Aos 73 anos, interpretou um homossexual em 'Boat Trip' (2002) e, apesar de o filme ter sido criticado, o desempenho cômico de Moore foi apontado por muitos críticos e espectadores como um dos poucos aspectos agradáveis do longa.
Em cena de 'Boat Trip' (2002) - Divulgação |
Em outubro de 2015, Moore leu "Little Claus e Big Claus" de Hans Christian Andersen para o aplicativo de contos infantis GivingTales para a UNICEF , juntamente com várias outras celebridades britânicas, como Michael Caine , Ewan McGregor , Joan Collins , Stephen Fry , Joanna Lumley , David Walliams , Charlotte Rampling e Paul McKenna.
Foi seu último trabalho como ator.
Como embaixador da Unicef - Divulgação |
Sir Moore continuou viajando o mundo como embaixador do Unicef e alternando períodos entre suas casas em Londres e na Suíça.
Foi justamente nesse segundo país que Sir Roger Moore morreu aos 89 anos nesta terça (23), após lutar durante algum tempo contra um câncer de próstata.
A família do ator enviou um comunicado pelo Twitter e afirmou estar devastada.
"É com o coração pesado que nós anunciamos que nosso amado pai, Sir Roger Moore, faleceu hoje na Suíça após uma curta, mas brava, batalha contra câncer. O amor com que ele foi cercado em seus dias finais foi tão grande que não pode ser quantificado apenas em palavras”, escreveram seus filhos Deborah, Geoffrey e Cristian.
Veja:
Sir Moore era casado com Kristina Tholstrup desde 2002.
Segundo a família, Sir Moore será velado em uma cerimônia privada em Mônaco.
Com a última mulher, Kristina Tholstrup - Zimbio |
Numa entrevista ao The Guardian, em 2004, Roger Moore recusava a deia de que, para ter sucesso, é preciso ter carisma, sorte e talento em doses iguais.
“Para mim tem sido 99% sorte. Não vale a pena ter talento se não se estiver no local certo, na hora certa”, dizia.
Foi com Sir Moore que eu aprendi a amar James Bond - tenho tudo, os filmes, os carros...
Thank You, Sir Moore.
Foi com Sir Moore que eu aprendi a amar James Bond - tenho tudo, os filmes, os carros...
Thank You, Sir Moore.
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