SINOPSE:
O detetive Hercule Poirot (Kenneth Branagh) embarca de última hora no trem Expresso do Oriente, graças à amizade que possui com Bouc (Tom Bateman), que coordena a viagem.
Já a bordo, ele conhece os demais passageiros e resiste à insistente aproximação de Edward Ratchett (Johnny Depp), que deseja contratá-lo para ser seu segurança particular.
Na noite seguinte, Ratchett é morto em seu vagão.
Com a viagem momentaneamente interrompida devido a uma nevasca que fez com que o trem descarrilhasse, Bouc convence Poirot para que use suas habilidades dedutivas de forma a desvendar o crime cometido.
CRÍTICA:
Agatha Christie não foi - e nem tinha a pretensão de ser - a maior romancista da sua geração.
Uma das escritoras mais lidas de todos os tempos, seus livros venderam milhões de exemplares e são entretenimento puro e simples, de apelo popular.
A pequena senhora inglesa escreveu mais de 80 títulos, muitos deles protagonizados por sua criação mais famosa, o detetive belga Hercule Poirot.
Poirot também é o principal personagem de uma de suas mais famosas novelas, 'Assassinato no Expresso do Oriente', que já tinha virado filme em 1974, com Albert Finney no papel principal.
Como adaptar é “trair com amor”, o trabalho do ator e cineasta Kenneth Branagh, especialista em Shakespeare e diretor de 'Thor', é irregular como o sentimento, mas bem-sucedido, nessa nova versão, 'Assassinato no Expresso Oriente', que com um elenco estelar, estreia hoje aqui no Brasil.
Além de dirigir, Branagh interpreta o protagonista Hercule Poirot - Fotos dessa Postagem: Divulgação/Fox Film do Brasil |
Aqui, Branagh procura, sabiamente, atualizar o contexto de uma história lançada em 1934 (e que há mais de 40 não vê o frescor de um projetor) não só para a audiência dos dias atuais, como também para o modus operandi da Hollywood do século XXI.
Assim, a versão 2017 diz muito sobre como consumimos entretenimento hoje em dia.
A versão literária se passa quase que inteiramente dentro de um trem, onde um assassinato acontece no percurso da viagem do Expresso do Oriente.
Impossibilitados de seguir o caminho por conta de uma avalanche que bloqueia os trilhos, cabe ao detetive Poirot (também Branagh, que sabiamente reservou o melhor papel para si mesmo) interrogar os 12 passageiros, das mais variadas idades e classes sociais, para tentar chegar a um veredicto sobre o (ou a) responsável pelo crime.
Se o longa parece ser à primeira vista pouco cinematográfico, Kenneth Branagh, ciente do desafio, posiciona a câmera nos mais variados ângulos, com tomadas feitas do teto dos vagões ou abusando (no bom sentido) do traveling no meio de transporte longilíneo por definição.
Assim, a imagem resultante é de uma criatividade que agrada aos olhos - o destaque é o plano-sequência dos personagens embarcando na estação, de fazer os fãs de cinema comemorarem como um gol.
Johnny Depp é Edward Ratchett |
Partindo do mesmo princípio, não são incomuns as cenas que se passam fora dos limites do trem - em meio à neve (que sempre fotografa bem, obrigado) ou na entrada do túnel sobre a qual o veículo não conseguiu avançar - onde Kenneth monta uma análoga "Santa Ceia" que nem o leitor mais dedicado de Agatha Christie seria capaz de imaginar.
O inspirado roteiro, assinado pelo experiente Michael Green (Logan, Blade Runner 2049), acrescenta uma historinha - uma espécie de prólogo - para apresentar a personalidade excêntrica de Poirot para uma plateia mais jovem, um ótimo ponto para a adaptação.
O mesmo intuito pode ser notado com a adição de uma ou outra sequência de ação, que, no entanto, não prejudica a experiência.
O texto falha ao introduzir um interesse amoroso para o policial sem desenvolvê-lo - independente da decisão de abrir o leque para a continuação da franquia (a “sequência”, 'Morte no Nilo', já foi anunciada).
Se o livro tem como mérito oferecer ao leitor as pistas para chegar ao assassino, o filme tropeça no desenvolvimento, mesmo com o jeito estapafúrdico de Poirot sendo captado de forma bastante convincente por Branagh.
A grande (grande mesmo) diferença que o filme apresenta na comparação com o livro está na resolução (sem spoiler) da trama.
Enquanto, nos anos 30, tudo se resolvia de forma mais simples, aqui (em 2017), não é bem assim que acontece.
O filme acrescenta mais uma camada narrativa quando faz Poirot colidir de frente com um dilema moral.
O elenco estelar está simplesmente espetacular, com destaque para Johnny Depp e Michelle Pffeifer, além da ponta espetaculosa de Dame Judi Dench.
Dame Judi Dench é a princesa Natalia Dragon |
E Branagh faz um Poirot magistral.
Se a problematização, em si, é bem-vinda, por outro lado, é executada de maneira emocionalmente apelativa (o que quer dizer genérica, dentro dos padrões de Hollywood).
De fato, o mundo (do entretenimento, inclusive) era mais simples em 1934.
Mesmo assim, é um filmaço.
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
'ASSASSINATO NO EXPRESSO ORIENTE'
Título Original:
MURDER ON THE ORIENT EXPRESS
Gênero:
Suspense
Direção:
Kenneth Branagh
Elenco:
Adam Garcia, Bern Collaco, Bernardo Santos, Daisy Ridley, Derek Jacobi, Hadley Fraser, Honey Holmes, Johnny Depp, Joseph Long, Josh Gad, Judi Dench, Kenneth Branagh, Lampros Kalfuntzos, Lasco Atkins, Leslie Odom Jr., Lucy Boynton, Manuel Garcia-Rulfo, Marwan Kenzari, Michelle Pfeiffer, Miranda Raison, Olivia Colman, Penélope Cruz, Phil Dunster, Sergei Polunin, Tom Bateman, Willem Dafoe
Roteiro:
Michael Green, baseado na novela de Agatha Christie
Produção:
Judy Hofflund, Kenneth Branagh, Mark Gordon, Simon Kinberg
Fotografia:
Haris Zambarloukos
Trilha Sonora:
Patrick Doyle
Montador:
Mick Audsley
Estúdio:
Genre Films, Kinberg Genre, Twentieth Century Fox Film Corporation
Distribuidora:
Fox Film do Brasil
Estréia:
30/11/2017
Ano de Produção:
2017
Duração:
114 min.
Classificação Indicativa:
12 anos
COTAÇÃO DO KLAU:
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