SINOPSE:
O crime não dura quando Frank Castle está por perto.
O veterano de guerra é impiedoso na sua guerra contra malfeitores, alimentada pelo ódio gerado quando sua família foi pega no fogo cruzado durante um tiroteio entre mafiosos.
Surge assim um impiedoso assassino: The Punisher, o Justiceiro.
CRÍTICA:
O mundo mudou para pior ou para melhor?
Se o exagero e o extremismo sempre irão existir, a violência e a intolerância parece cada vez maior.
Há alguns anos não tínhamos notícias quase diárias de atentados matando inocentes em cidades pelo mundo como hoje.
Atualmente um dos temas mais debatidos é o armamento de civis.
Em algumas cidades dos EUA um cidadão portar arma é legal, deixando espaço para que faça justiça com as próprias mãos, tirando a justiça das autoridades e trazendo para si próprio.
Bem, toda esta introdução é para focarmos no super-herói como conhecemos hoje.
Jon Bernthal é Frank Castle - Fotos dessa Postagem: Divulgação/Netflix |
Batman, Homem-Aranha e qualquer outro personagem mascarado que aprendemos a amar logo na infância são nada mais do que vigilantes, justiceiros, pessoas que pegam para si a justiça, agindo fora da lei (daí que muitos deles são perseguidos pela polícia, e tratados de forma igual aos criminosos que combatem).
Pessoas cansadas de um sistema falho, que não pode fazer nada por eles, decidindo então usar uma máscara e caçar criminosos por conta própria.
Para ser justo, é bem verdade que nenhum, ou a maioria, desses heróis matam os criminosos, apenas os capturam para que as autoridades responsáveis cuidem deles.
Isso, até chegarmos no Justiceiro, um personagem que de fato vai até o fim, não poupando sequer um contraventor que seja.
Justamente por isso, começou como vilão nos quadrinhos, até escalar ao posto de anti-herói, o máximo conquistado por ele ao longo dos 43 anos de sua criação.
O interessante aqui em 'O Justiceiro', primeira série solo do personagem da Marvel, que já havia ganhado três péssimos filmes, em 1989, 2004 e 2008 (onde o personagem foi interpretado respectivamente por Dolph Lundgren, Thomas Jane e Ray Stevenson) é a escolha por uma trama intrincada, muito mais semelhante a um thriller político de espionagem, que remete aos filmes de Jason Bourne, do que simplesmente ter o personagem perseguindo e matando bandidos e mafiosos em Nova York das mais variadas formas.
E isso é outro acerto da Marvel e do criador Steve Lightfoot, responsável também pela série 'Hannibal' (2013 – 2015).
Daniel Webber é Lewis Walcott |
O Justiceiro e seu alter ego Frank Castle apareceram pela primeira vez, já na forma do metódico Jon Bernthal, ano passado na segunda temporada do 'Demolidor' - e roubou a cena.
No programa, o personagem se comportou como o lado sombrio do herói cego, que como apontava Castle, “estava a um dia ruim de se tornar igual a ele”.
Os dois lados da mesma moeda se contrabalancearam bem, mas a dúvida era, como o Justiceiro se comportaria sozinho?
Em sua série solo, o passado do protagonista recebe um upgrade, e ele passa de um policial de Nova York, para um herói de guerra, um fuzileiro naval treinado para matar.
Ao descobrir uma operação ilegal orquestrada por seus superiores envolvendo tráfico de droga, Castle tenta botar a boca no trombone, mas termina tendo sua família assassinada e sendo dado como morto.
Além do trauma da perda, o protagonista ainda precisa lidar com os fantasmas de guerra que o assombram, lembranças de quando matou em nome do país, muitas vezes de forma cruel e injustificada.
Como Bernthal já disse, a série é mesmo uma série para incomodar, deixar desconfortável o público como nunca anteriormente uma série Marvel / Netflix fez, seja pelo grafismo de sua violência exacerbada, que faz filmes de heróis proibidos para menores - como 'Logan' e 'Deadpool' - parecerem animações da Disney, mas muito mais por suas ideias fervorosas, sempre acompanhadas de questões pra lá de polêmicas.
Existe toda uma subtrama envolvendo o personagem Lewis Walcott (Daniel Webber), um jovem que ao voltar para casa de seu serviço militar, não acha lugar na sociedade, e começa a se fechar para o mundo.
Pense no Rambo do primeiro filme, aquele tipo de personagem errático que não dá uma dentro e imerge numa paranoia sem fim acreditando que o mundo está contra ele.
As cenas com o personagem de Webber rendem socos no estômago consecutivos, ao percebermos a descida espiral que o jovem vai sofrendo, as decepções que vai tendo, quebra de confiança em relação a pessoas próximas e por aí vai.
Seus níveis de insanidade são muito bem trabalhados pelo programa, transformando o personagem numa verdadeira tragédia ambulante, uma bomba esperando para explodir.
É impossível não sentir sua dor, ao mesmo tempo situando-se na impotência de todos ao redor que tentam ajuda-lo sem êxito.
Quando tudo o que você quer é justiça, mas termina por se tornar o vilão da história - é de tirar o fôlego.
Deborah Ann Woll é Karen Page |
A série defende o uso de armas pelo cidadão e, talvez por isso, seu painel tenha sido retirado de um evento voltado para a cultura pop - que ocorreu muito próximo aos atentados em Las Vegas - teve sua estreia adiada, e correu o risco de ser cancelada.
E quando afirmo que a série é armamentista, a referência é Karen Page (Deborah Ann Woll), a mocinha indefesa de 'Demolidor', que cansou de ser alvo de bandidos e optou por andar armada.
A série mostra uma entrevista realizada por ela (agora jornalista) com um político, que pede pelo desarmamento.
O tópico da entrevista inclusive é este, mas quando o local é atacado, o tal político foge de medo, chegando ao cúmulo de jogar a mulher aos leões, que consegue ser salva, justamente devido à arma que carrega na bolsa.
Tudo isso após a afirmação do presidente Trump de que não irá apertar uma lei de desarmamento, já que foram cidadãos armados que conseguiram interceptar e impedir mais vítimas no último atentado no Texas.
Na parte apenas entretenimento, a série cria boas reviravoltas, como a relação de Frank Castle com seu melhor amigo, o agora empresário do ramo da segurança privada Billy Russo, vivido por Ben Barnes (Westworld), cujo fãs de quadrinhos conhecem bem e já sabem pelo que esperar – o desfecho deixa um imenso gancho para a segunda temporada.
Ben Barnes é Billy Russo |
Tudo isso faz de 'O Justiceiro' uma das melhores séries da Marvel, conseguindo caminho livre direto para o topo da lista, com sua relevância e imediatismo se posicionando ao lado de pratas da casa como 'Jessica Jones' e 'Demolidor'.
Isso porque a fantasia pode ser muito boa, mas a ficção é sempre melhor quando espelha a realidade de forma urgente.
Sensacional:
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
'O JUSTICEIRO'
Título original:
Marvel's The Punisher
Gênero:
Drama, Policial, Ação
Criado por/Showrunner:
Steve Lightfoot, baseado no personagem criado por Gerry Conway para a Marvel Comics
Elenco Principal:
Jon Bernthal, Ebon Moss-Bachrach, Ben Barnes, Deborah Ann Woll, Daniel Webber
Produtor:
Gail Barringer
Produtores Executivos:
Jeph Loeb, Jim Chory, Tom Shankland, Cindy Holland, Stan Lee, Joe Quesada, Karim Zreik, Steve Lightfoot
Produção:
Marvel Television
País:
EUA
Status:
Em andamento
Duração:
52 minutos
COTAÇÃO DO KLAU:
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