SINOPSE:
Três momentos da vida de Chiron, um jovem negro morador de uma comunidade pobre de Miami, que tenta escapar a todo custo do caminho fácil da criminalidade e do mundo das drogas em Miami.
Vítima de bullying na escola e passando por dificuldades em casa, ele conhece um homem que o ajudará a trilhar uma jornada de autoconhecimento e descobrimento de sua sexualidade.
CRÍTICA:
Em 2014, 'Boyhood: Da Infância À Juventude' surpreendeu ao mostrar o crescimento de um garoto diante dos nossos olhos em um projeto que levou 12 anos para ser concluído.
O filme de Richard Linklater conquistou a Academia e o público pela sua abordagem singela e realista do que é amadurecer.
Nessa temporada, o drama 'Moonlight - Sob A Luz Do Luar' de Barry Jenkins e em exibição em 62 salas em todo o Brasil, surge com uma proposta semelhante: acompanhar, em três atos, a evolução de um garoto.
Entretanto, a trajetória do último é muito mais árdua e edificante.
Enquanto em 'Boyhood', o personagem central lidava com complicações típicas de um adolescente americano de classe média, aqui mergulhamos na dura realidade de Liberty City, bairro periférico de Miami dominado pelo tráfico de drogas.
Baseado na peça "In Moonlight Black Boys Look Blue (No Luar, garotos negros ficam azuis)", o filme aborda temas como homossexualidade, racismo e bullying, coroados por belos diálogos e narrativa bem construída.
Entretanto, acima de tudo o filme de Barry Jenkins é sobre um garoto que procura entender o seu lugar no mundo.
O longa acompanha Chiron (ou Little) em três fases: infância (Alex Hibbert), adolescência (Ashton Sanders) e vida adulta (Trevante Rhodes).
Ashton Sanders interpreta Chiron adolescente - Fotos dessa postagem - Divulgação/Diamond Films |
Vítima de um lar disfuncional - sua mãe é usuária de crack e sofre constantes crises de abstinência e seu pai sequer é mencionado - ele é alvo de bullying na escola pelo seu físico franzino e jeito quieto, o que leva os colegas a suspeitarem que ele seja homossexual.
O primeiro contato que temos com Little é bastante expressivo: enquanto fugia de uma agressão, seu caminho acaba cruzando com o de Juan (Mahershala Ali), um dos traficantes da região.
A figura de Juan é de extrema importância para o amadurecimento do garoto, já que o traficante e sua namorada Teresa (Janelle Monáe) são as primeiras pessoas a demonstrarem afeto por ele.
Janelle Monáe interpreta Tereza |
Na maior parte do tempo, o personagem de Ali age como um mentor e o ensina a superar seus medos e a lidar com sua própria sexualidade.
Os anos passam e as coisas ficam mais difíceis para Chiron.
Com sua mãe cada vez mais afetada pelo vício e Juan fora de cena, a situação fica insustentável - as agressões físicas e morais continuam uma constante em sua vida.
É nesse ponto em que a trama ganha uma virada radical, que marca a transição do personagem da adolescência para a vida adulta.
Alex Hibbert, o Chiron criança, em cena com Mahershala Ali, o traficante Juan |
O longa sofre com alguns problemas mínimos e evitáveis - como o desaparecimento de alguns personagens importantes, como a de Janelle Monáe, sem mais nem menos.
Além disso, o filme perde um pouco de sua força no terceiro ato, perdendo a chance de explorar um pouco mais a vida de Chiron na prisão e os motivos que o levaram a mudar tanto.
Quanto às atuações, Alex Hibbert, Ashton Sanders e Trevante Rhodes demonstram boa sintonia e parecem se mesclar perfeitamente.
Em nenhum momento, a atuação do trio parece destoar uma da outra, mesmo com os novos contornos ao longo do filme.
Mahershala Ali também demonstra uma atuação competente na pele do traficante Juan, mas é Naomie Harris que rouba a cena.
Naomie Harris, sensacional comoa mãe do protagonista |
Ela convence no papel de mãe megera e, ao mesmo tempo, desperta empatia pela sua situação como viciada em drogas.
O olhar analítico de Barry Jenkins nos faz descobrir nuances interessantes: Chiron é vítima de diversas opressões justapostas e apesar de viver em uma comunidade pobre e lidar com o racismo e a violência policial, como a maioria dos jovens negros, é de dentro de sua própria comunidade que partem os ataques homofóbicos que marcaram sua vida, como um círculo vicioso de violência.
Trevante Rhodes interpreta Chiron já adulto |
Muitos filmes se dedicam a narrar o crescimento de um personagem, mas poucos conseguem fazê-lo com a mesma sensibilidade e honestidade deste.
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Jenkins nos entrega um filme com verdades de sobra e sem apelos emocionais artificiais, nos lembrando de que o cinema não serve apenas como uma válvula de escape, mas também (principalmente) como veículo de reflexão.
(Crítica de Iara Vasconcelos - site Cineclick)
PRÊMIOS E INDICAÇÕES:
Wikipédia |
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
'MOONLIGHT - SOB A LUZ DO LUAR'
Título Original:
MOONLIGHT
Gênero:
Drama
Direção:
Barry Jenkins
Roteiro:
Barry Jenkins, Tarell McCraney
Elenco:
Alex R. Hibbert, Ashton Sanders, Duan'Sandy' Sanderson, Eddie Blanchard, Edson Jean, Fransley Hyppolite, Herman 'Caheei McGloun, Herveline Moncion, Jaden Piner, Janelle Monáe, Jesus Mitchell, Jharrel Jerome, Kamal Ani-Bellow, Larry Anderson, Mahershala Ali, Naomie Harris, Patrick Decile, Rudi Goblen, Shariff Earp, Tanisha Cidel
Produção:
Adele Romanski, Dede Gardner, Jeremy Kleiner
Fotografia:
James Laxton
Montador:
Joi McMillon, Nat Sanders
Trilha Sonora:
Nicholas Britell
Duração:
111 min.
Ano:
2016
País:
Estados Unidos
Cor:
Colorido
Estreia:
23/02/2017 (Brasil)
Distribuição:
Diamond Films
Estúdio:
A24 / Plan B Entertainment
Classificação:
16 anos
COTAÇÃO DO KLAU:
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