quarta-feira, 5 de julho de 2017

ENTENDA O ACORDO HISTÓRICO QUE PERMITIU AO HOMEM-ARANHA FIZESSE PARTE DO UNIVERSO CINEMATOGRÁFICO MARVEL

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Marvel/Disney e Sony Pictures precisaram negociar bastante antes de bater o martelo
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O Homem-Aranha, um dos mais icônicos personagens da Marvel, está de volta às telonas.

Em 'De Volta ao Lar', Tom Holland assume o papel de Peter Parker novamente - ele estreou sua versão do herói em 'Capitão América: Guerra Civil' - com a difícil missão de conciliar sua adolescência à necessidade de derrotar o perigoso Abutre (Michael Keaton).

Além de trazer o retorno de um dos personagens mais amados pelo público, 'De Volta ao Lar' também é importante por sacramentar a participação do Homem-Aranha no Universo Cinematográfico Marvel.

A situação é complexa.

Enquanto propriedade da Sony Pictures nos cinemas, o Homem-Aranha não poderia fazer parte do MCU - cujos personagens só podem ser adaptados pela Marvel Studios, adquirida pela Disney em 2009.

Mas, calma: como assim a Marvel não pode utilizar um personagem criado pelos seus próprios escritores na década de 1960?

Para entender a questão, é preciso compreender que estúdio possui os direitos de adaptação de cada personagem dos quadrinhos da empresa  que Stan Lee tornou lenda.

Antes de 'X-Men', de Bryan Singer, ser lançado em 2000, nenhum longa significativo baseado nos personagens da Marvel havia sido produzido.

A adaptação foi encarada com desconfiança porque o cenário não era dos melhores.

Afinal de contas, depois dos fracassos das adaptações do Batman durante a década de 1990, o gênero de filmes de super-herói parecia estar morrendo.

Mas a Fox Film apostou no potencial dos personagens relacionados à saga dos X-Men e comprou os direitos de adaptação.

Resultado: o filme foi bem aceito pela crítica em geral e arrecadou quase US$ 300 milhões - quatro vezes mais que o seu custo de produção.

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Banner de 'X Men' (2000) - Fox
Logo, a Sony também quis entrar na jogada e negociou a adaptação do Homem-Aranha e em 2002, a primeira versão do personagem chegou às telonas.

A abordagem de Sam Raimi trouxe mais realismo aos filmes de super-herói e a trilogia protagonizada por Tobey Maguire se tornou um grande sucesso.

Atenta ao contexto e aos hits da concorrência, a Marvel decidiu que precisava agir e responder com filmes produzidos "em casa".

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Tobey Maguire, em cena do primeiro 'Homem-Aranha' - Sony Pictures
Sem poder contar com os seus personagens mais famosos - além dos X-Men, a Fox também comprara os direitos do Quarteto Fantástico - a Marvel planejou seus passos futuros com extremo cuidado.

Kevin Feige, o grande estrategista por trás do MCU, apostou em heróis menos conhecidos pelo grande público como o Homem de Ferro (Robert Downey Jr.) e o Capitão América (Chris Evans).

Hoje, 10 anos depois, a Marvel comanda um dos maiores impérios cinematográficos de todos os tempos.

Mas, mesmo com todo o sucesso, algo estava faltando: na visão de Feige, o MCU não estava completo sem o Homem-Aranha.

Entra, então, Amy Pascal, comandante da Sony, que realizou algo sem precedentes: ela conseguiu negociar um contrato de colaboração com a Marvel para que os dois estúdios pudessem compartilhar o Homem-Aranha.

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Amy Pascal (Sony) e Kevin Feige (Marvel) - THR
O acordo foi o seguinte: 100% da verba de financiamento e distribuição de 'De Volta ao Lar' veio dos cofres da Sony e a direção criativa do longa - ou seja, a escolha do diretor, da equipe, do elenco e da tonalidade do filme - ficou a cargo de Feige.

Contudo, quando se trata de negócios, é claro que as coisas não são tão simples assim.

Primeiramente, há a questão dos lucros: segundo o contrato, a Sony ficará com todo dinheiro que for arrecadado nas bilheterias e a Marvel levará para casa toda a renda proveniente do merchandising.

Em segundo lugar, o Peter Parker de Tom Holland só poderá ser apresentado como parte do MCU em 5 filmes: ou seja, 'Guerra Civil', 'De Volta ao Lar', sua sequência e as partes três e quatro da saga dos Vingadores.

É evidente que depois de 2019, ano em que 'Vingadores 4' e 'De Volta ao Lar 2' serão lançados, as partes podem retomar as negociações para estender o contrato - principalmente se 'De Volta ao Lar 3' realmente vier a ser produzido.

Olhando por esse ângulo, parece que é a Marvel que sai ganhando na negociação.

Entretanto, a Sony não perdeu tempo e assim que viu o sucesso obtido por Holland na pele de Peter Parker, anunciou novos filmes baseados nos personagens derivados da saga do Homem-Aranha: 'Venom' (estrelado por Tom Hardy) deve chegar aos cinemas em 2018 e 'Sabre de Prata e Gata Negra' tem previsão de lançamento para o ano seguinte.

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Holland, nas filmagens do longa solo - THR
Todavia, o que é importante notar é que estes dois longas, que serão distribuídos durante o auge da Fase 3 do MCU, não poderão ser influenciados de forma alguma por Kevin Feige e companhia, uma vez que são propriedades exclusivas da Sony nos cinemas.

Isso quer dizer que Venom e Sabre de Prata e Gata Negra não pertencem ao Universo Cinematográfico Marvel e que Tom Holland, enquanto Peter Parker, não poderá ser parte de nenhum dos dois filmes.

Se ele aparecer em 'Venom', por exemplo, isso automaticamente faria com que o longa de Ruben Fleischer se tornasse parte do MCU, levando em consideração que a versão do Homem-Aranha de Holland é de exclusiva utilização da Marvel nos cinco filmes citados anteriormente.

Enquanto Kevin Feige conseguiu o que queria - trazer o Homem-Aranha de volta, ainda que temporariamente - a Sony ganhou notoriedade e crédito suficientes para inaugurar seu próprio Universo Marvel.

O que acontecerá com o Peter Parker de Holland no cinema ainda é uma incógnita.

Por enquanto, tudo o que pode ser feito é especular acerca do futuro do personagem nas telonas - e aproveitar a interpretação "radiante e irresistível" de Tom Holland, como define várias críticas, em 'De Volta ao Lar'.

Coestrelado por Robert Downey Jr., Marisa Tomei, Zendaya, Laura Harrier e Donald Glover, o filme dirigido por Jon Watts entra em cartaz nos cinemas brasileiros amanhã (6).

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