SINOPSE:
A trama acompanha a evacuação militar britânica da cidade francesa de Dunquerque, em 1940, e da Operação Dínamo, que resgatou mais de 300 mil soldados em 800 navios enquanto as tropas aliadas estavam cercadas pelo exército alemão.
O exército inglês calculava que apenas 25% das tropas Aliadas conseguiria sair do cerco, mas a operação conseguiu tirar mais de 330 mil homens das forças da França, do Reino Unido, da Bélgica e da Holanda em um dos momentos mais importantes da Segunda Guerra Mundial.
CRÍTICA:
Com três perspectivas diferentes, no ar, na terra e no mar, Christopher Nolan rege com maestria uma intrincada trama que mostra um dos momentos mais importantes da Segunda Guerra Mundial, a retirada de milhares de soldados das forças aliadas da Europa, impedindo um massacre que teria deixado a guerra na mão dos nazistas.
'Dunkirk', que estreia hoje em 274 salas em todo o Brasil, não é um filme de guerra convencional.
Barry Keoghan, em cena do longa - Fotos dessa postagem: Divulgação/Warner Bros. |
Ao mostrar o drama de mais de 400 mil soldados isolados na costa do norte da França, cercados pelo inimigo, o longa tem poucos combates, quase nenhuma cena sangrenta, raramente os nazistas são vistos e, quando isso acontece, é por sombras ou dentro de aviões.
O foco aqui é o drama pela sobrevivência e o desespero dos soldados presos em uma situação desesperadora.
O filme não fica explicando as coisas óbvias, com exceção de uma ou outra cena, como quando dois soldados escondidos ouvem oficiais comentando a morte certa.
Melhor: o longa não cai em clichês como histórias de antes da guerra ou saudades de entes queridos e, sim, nos mostra jovens aterrorizados que só querem sobreviver.
Kenneth Branagh, em cena do longa |
A falta de aprofundamento de personagens não faz falta, já que faz pouca diferença quem essas pessoas eram antes de se encontrarem nessa situação.
A tensão permeia a tela do começo ao fim e como em outro magistral longa, 'Gravidade', sentimos a pressão e o desespero da situação, mergulhamos na tyrama e não ficamos impassíveis diante de tamanha opressão e falta de esperança.
Outro acerto de Nolan se deu na escolha do seu elenco, composto na maioria por atores desconhecidos, todos ótimos, apesar dos poucos diálogos.
Harry Styles, do One Direction, em cena do longa |
Harry Styles, do One Direction, impressiona como ator, mesmo com sua pouca idade e falta de experiência na área.
Já os experientes Kenneth Branagh e Tom Hardy dão show, mas o destaque mesmo é Mark Rylance como o heroico Mr. Dawson, um civil que atende a um chamado por ajuda e vai com sua embarcação para o meio da guerra.
Tom Hardy, em cena do filme |
Visualmente impressionante, o ar cinzento ajuda o longa a criar a sensação de falta de esperança, a névoa toma conta, quase como se transformasse aquele local em algo irreal, místico.
A fotografia magistral - de Hoyte Van Hoytema - só não é mais importante do que os efeitos sonoros.
Momentos de silêncio quase sobrenatural são quebrados por explosões ou pelo motor dos caças inimigos e o impacto de cada ataque é sentido pelo espectador, com a urgência da situação ampliada pela trilha sonora inspirada - de Hans Zimmer.
Quando o silêncio retorna, os diálogos se tornam desnecessários, já que não há o que falar.
Todos querem sair de lá o mais rápido possível e falar sobre o assunto não muda nada.
É ousado fazer um filme desses com tantos momentos de silêncio, mas é exatamente essa calma, quase aceitação do destino cruel que os espera, quebrada apenas por momentos de horror, com imagens lindamente filmadas em Imax, que faz do filme algo tão impactante.
A passagem do tempo pode gerar confusão - fique atento, afinal a parte terrestre se passa ao longo de uma semana.
A parte no mar se passa ao longo de um dia e a parte aérea ao longo de uma hora e quando as histórias convergem ou a mesma situação é vista de pontos de vista diferentes pode haver um estranhamento, mas é um recurso usado de forma inteligente para o peso narrativo necessário para a história, mesmo que, às vezes, não fique tão claro se a situação é nova ou não.
O longa mostra o horror de milhares de pessoas esperando para serem massacradas, com a salvação apenas a alguns quilômetros de distância, mas fora de alcance.
Atuações sólidas, atenção ao detalhes e qualidade técnica inegável fazem desse filme um dos melhores de Chris Nolan e também do ano, graças à forma como retrata o heroísmo, mostrado com pequenos atos aparentemente comuns, como uma porta aberta na hora certa, um voo um pouco mais longo, um desvio de rota, pequenos gestos que fazem uma grande diferença.
A guerra durou mais cinco anos depois dessa batalha, mas o mundo poderia ser um lugar bem diferente se essa retirada não tivesse dado certo e conhecer o drama de quem viveu esses dias de desespero é tocante.
Filmaço.
TRAILER:
FICHA TÉCNICA:
DUNKIRK
Título Original:
DUNKIRK
Gênero:
Guerra
Direção e Roteiro:
Christopher Nolan
Elenco:
Adam Long, Aneurin Barnard, Barry Keoghan, Bobby Lockwood, Brian Vernel, Charley Palmer Rothwell, Cillian Murphy, Elliott Tittensor, Fionn Whitehead, Harry Styles, Jack Lowden, James D'Arcy, Kenneth Branagh, Kevin Guthrie, Mark Rylance, Tom Hardy
Produção:
Christopher Nolan, Emma Thomas
Fotografia:
Hoyte Van Hoytema
Montador:
Lee Smith
Trilha Sonora:
Hans Zimmer
Duração:
110 min.
Ano:
2017
País:
Estados Unidos / França / Holanda / Reino Unido
Cor:
Colorido
Estreia:
27/07/2017 (Brasil)
Distribuidora:
Warner Bros.
Estúdio:
Dombey Street Productions / Warner Bros.
Classificação:
12 anos
COTAÇÃO DO KLAU: