segunda-feira, 7 de abril de 2014

MICKEY ROONEY: DO CINEMA MUDO AO INÉDITO 'UMA NOITE NO MUSEU 3' , CONHEÇA A TRAJETÓRIA DO "MELHOR TALENTO DO MUNDO"


É simplesmente impossível se falar do bom Cinema 'Made in Hollywood' sem se falar em Mickey Rooney, considerado pelo Livro Guiness dos Recordes como o ator com a mais longa carreira no palco e nas telas.

O maior ator que Hollywood já viu nasceu no bairro novaiorquino do Brooklin, em 23 de setembro de 1920 em uma família  toda dedicada ao 'vaudeville'.

Seu pai, Joseph Yule a mãe, Nellie, atuavam no teatro quando ele,  Joseph Yule, Jr. , nasceu - o bebê logo começou a atuar aos quinze meses de idade acompanhando os pais, usando um smoking especialmente costurado para ele, e nunca mais parou.

Seus pais se separaram em 1924 durante uma pausa no vaudeville e, no ano seguinte, ele mudou-se com a mãe para Los Angeles.

Criança encantadora e muito inteligente, a mãe via que ele teria muito futuro no cinema e procurava leva-lo em todos os testes que podia.

Foi assim que o pequeno Joseph Jr estreou em Hollywood aos seis anos, com um pequeno papel no filme mudo "Not to Be Trusted" (1926).

Um dia, a mãe topou com um anúncio de jornal, que procurava "uma criança de cabelos pretos" para fazer o papel de "Mickey McGuire" numa série de curtas-metragem baseadas numa história em quadrinhos muito popular à época.

Sem grana para pintar os cabelos lourinhos do Junior, a Sra. Yule não teve dúvidas: pegou uma rolha de cortiça, esquentou no fogo, escureceu os cabelos do moleque e o levou para a audição.

Lógico, Joe fez um teste memorável, rifou todos os seus concorrentes e conquistou o papel.

Nascia aí o "Mickey" nos 78 curtas cômicos, que foram exibidos ao público entre 1927 a 1936 com enorme sucesso.

Já famoso, Junior tentou trocar seu nome legalmente para Mickey McGuire  - quando, durante uma pausa na série, em 1932, a Sra. Yule fez planos de levar seu filho por uma turnê de vaudeville.

Só que a Fox - que detinha os direitos do personagem para o cinema -  os impediu judicialmente de usarem o nome.

Sua mãe então propôs que adotassem "Mickey Looney", para logo depois adorarem definitivamente 'Mickey Rooney'.

Relembre Rooney como 'McGuire' em 'Mickey's Medicine Man' (1934):


Rooney fez outros filmes, além de continuar atuando algumas vezes como McGuire na sua adolescência.

O maior estúdio da época logo ficou de olho grande e o chamou para seu cast - que, dizia-se, "tinha mais estrelas que o céu" - e foi assim que jovem talento assinou contrato com a MGM, em 1934.

O estúdio do leão logo escalou Rooney como Andy Hardy o filho adolescente de um juiz em 'A Family Affair' ( 1937), que, lógico, graças a ele, também foi um sucesso estrondoso.

Planejado inicialmente como um filme 'B', Rooney simplesmente arrebentou tudo como o filho do juiz James K. Hardy, interpretado por Lionel Barrymore (Lewis Stone interpretaria o papel nas sequências).

A cinessérie teve, assim, treze sequências - entre 1937 e 1946 - até a última, feita em 1958 - 'Andy Hardy Final'.

Confira uma cena de Rooney em 'A Family Affair' (1937):


Nesse mesmo ano de 1937, Rooney foi campeão de bilheteria em 'Hoosier Schoolboy' e fez seu primeiro filme ao lado daquela que seria sua melhor amiga, Judy Garland - 'Thoroughbreds Don't Cry'.

Confira Judy Garland e Mickey Rooney, em cena de 'Thoroughbreds Don't Cry'(1937):


No ano seguinte, fez seu primeiro papel dramático em 'Boys Town' (1938), quando interpretou Whitey Marsh, antagonista de Spencer Tracy, que foi lançado pouco antes de Mickey completar 18 anos.

Mickey era agora o ator mais bem pago em Hollywood.

Garland e Rooney tornaram-se um par de sucesso cantando e dançando e além dos três filmes de 'Andy Hardy' em que ela representou Betsy Booth ('Love Finds Andy Hardy'), uma garota mais nova que se apaixona por Andy, a futura Diva das Divas apareceu com ele em cenas de musicais, como o sucesso indicado ao Oscar 'Babes in Arms' (1939).

Veja Mickey ao piano e Judy cantando 'Good Morning', em cena de 'Babes in Arms' (1939):


Astro ainda jovem  - e melhor, antes da Segunda Guerra -  Rooney foi uma das muitas celebridades retratadas no cartoon feito por Tex Avery para a Warner Bros., chamado 'Hollywood Steps Out' (1941).

Rooney e Judy Garland, em cena da animação 'Hollywood Steps Out' (1941)
Em 1944, Rooney integrou o serviço militar por 21 meses durante a Segunda Grande Guerra, período no qual foi personalidade radiofônica da American Forces Network.

Após seu retorno à vida civil, sua carreira continuou ascendente e ele apareceu em vários filmes, como 'Words and Music' (1948) - sua última aparição com Garland em filme (ele ainda apareceu com ela em um episódio como convidado da série cômica que ela tinha na CBS em 1963).

A partir daí, Rooney começou a ousar e a aceitar papéis em longas os mais diferentes - inclusive pequenas participações em filmes da Fox, alguns ao lado de Carmen Miranda - mas ocasionalmente apareceu em trabalhos melhores, como 'Requiem for a Heavyweight'  (1962).

Relembre 'Mickey Miranda', a partir dos 5:30 do vídeo, cantando 'Mamãe eu Quero', em 'Babes on Broadway' (1941):



Em 1951, ele dirigiu um longa para a Columbia Pictures, 'My True Story' com Helen Walker e com o aparecimento da TV, ele estreou no novo veículo como um comediante egocêntrico no telefilme dramático 'The Comedian', escrito por Rod Serling e dirigido por John Frankenheimer, em 1957.

Adotado pela TV, entre 1954 e 1955 Rooney esteve à frente do 'The Mickey Rooney Show', série com 39 episódios para a rede NBC.

Em 1960, ele dirigiu e protagonizou 'The Private Lives of Adam and Eve', uma comédia ambiciosa conhecida por seus múltiplos flashbacks e alguns clichês e ainda nessa década, retomou sua carreira teatral.

Um dos papéis mais controversos de Rooney foi no aclamado filme 'Bonequinha de Luxo' (1961), de Blake Edwards, onde arrasou interpretando Mr. Yunioshi, um vizinho japonês míope da personagem principal, Holly Golightly (Audrey Hepburn).

Alguns consideraram sua interpretação extremamente caricata e racista, mas a maioria se rendeu ao seu talento, do alto dos seus agora 41 anos.

Como Mr. Yunioshi, em 'Bonequinha de Luxo' (1961)

E sua carreira continuou, tanto nas telonas, quanto nas telinhas: entre um especial de TV e outro, ele apareceu em pequenas participações, em longas como 'Babe - Uma Aventura na Cidade' (1998), na atual cinessérie de  Adam Sandler,  'Uma Noite no Museu' (2006) e em "Os Muppets" (2011).

Veja Rooney no 'red carpet' da estreia de 'Os Muppets' (2011) em Los Angeles:


O último filme que apareceu na telona foi o "thriller" "The Woods" (2012).

Nos anos 80 e 90 participou de séries de televisão populares como "The Love Boat" (1982), "The Golden Girls" (1988), "Murder, She Wrote" (1993) e "ER - Plantão Médico" (1998).

Ele foi candidato ao Oscar quatro vezes - pelos filmes "Sangue de Artista" (1939), "A Comédia Humana" (1943), "The Bold and the Valente" (1956) e "O Corcel Negro" (1979).

Em 1939 a Academia de Hollywood lhe concedeu um prêmio por sua contribuição como ator juvenil e em 1983 a mesma instituição lhe entregou um segundo prêmio, em reconhecimento a seus 50 anos de carreira.

Só por "O Corcel Negro" (1979) e dirigido por Francis Ford Coppola, Rooney levou finalmente um Oscar - de melhor ator coadjuvante- pelo trabalho.

Veja Rooney em ação - a partir dos 2:05 - no trailer de 'O Corcel Negro':


Rooney rodou mais de 200 longas-metragens em sua longa carreira.

Sucesso absoluto com a mulherada, o ator de pequena estatura mas, dizem, muito bem dotado, se casou oito vezes e sua primeira mulher foi nada menos que a deusa Ava Gardner - em 1942.

Mickey com sua primeira mulher, a deusa Ava Gardner

A lenda inglesa Sir Laurence Olivier definiu certa vez Mickey Rooney como "o melhor ator de cinema que a América já produziu",sentimento seguido por outra lenda, o ator James Mason.

Em inúmeras entrevistas, a Diva das Divas Judy Garland,  disse que Rooney foi "o maior talento do mundo".

Mickey Rooney, o maior dos maiores em Hollywood, morreu ontem em Los Angeles, aos 93 anos bem vividos.

Segundo o site TMZ, ultimamente a sua saúde vinha se deteriorando mas, mesmo assim, segundo o The Hollywood Reporter, ele atualmente estava rodando o filme "The Strange Case of D.r Jekyll and Mr. Hyde".

Após sua morte ser divulgada, o diretor de "Noite no Museu 3", Shawn Levy, confirmou que o nonagenário ator tinha rodado algumas sequências para a sequência no mês passado.

O grande dos grandes ainda nos deixou performances inéditas e uma grande saudade. 

Eu cresci vendo os filmes dele - imaginem, portanto, como eu estou hoje.


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Fotos dessa postagem:
Warner Bros. Archives
Site do Ator
Fox Film
Internet Movie Database
The Hollywood Reporter

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