Paródias zoando superproduções são muito comuns em Hollywood.
Da recente saga 'Todo Mundo em Pânico' (primeiro filme em 2000) - que zoa com a saga de terror - até os cults dirigidos por Mel Brooks, 'S.O.S. - Tem um Louco Solto No espaço' (1987) - zoando muito a saga 'Star Wars' - e 'Alta Ansiedade' (1977) - tirando sarro de praticamente todos os longas de Alfred Hitchcock - por exemplo, o cinema americano nunca teve pudores de rir de si mesmo e nos entregou paródias na maioria das vezes muito boas e com roteiros muito criativos.
O cinema brasileiro também teve sua era de ouro nas paródias, onde o estúdio carioca Atlântida pontuava em sátiras de filmes 'made in Hollywood' maravilhosos, como 'Nem Sansão, nem Dalila' (1954), onde Oscarito e Fada Santoro zoavam impiedosamente a superprodução bíblica americana 'Sansão e Dalila' (1949), estrelada por Victor Mature e Hedy Lamarr.
Infelizmente, no período da ditadura militar e mesmo depois dela, nosso cinema pareceu ter perdido o gosto pela paródia, até o recente 'Totalmente Inocentes' (2012), que quis fazer graça em cima da popularidade de filmes como 'Cidade de Deus' e 'Tropa de Elite' mas foi um desastre.
Ainda bem que 'Copa de Elite' - que estreia hoje em 175 salas em todo o Brasil - se sai muito melhor.
Se o título já remete ao campeão de bilheteria 'Tropa de Elite' (2007), o divertido longa vai além e zoa impiedosamente outros filmes brasileiros que tiveram bom público - como 'Bruna Surfistinha' (2011), 'Nosso Lar' (2010), 'Se Eu Fosse Você' (2006), o recente 'Minha Mãe é Uma Peça' (2013) e muitos outros.
Na trama, o ótimo e atualmente subaproveitado na TV Marcos Veras é Jorge, um Capitão do BOP (sem o E) que, ao resgatar de um sequestro o maior craque da seleção argentina às vésperas da Copa do Mundo no Brasil, vira de imediato o inimigo público número 1 do país, é expulso da corporação e logo depois descobre um plano maquiavélico para assassinar o Papa na final do torneio.
Marcos Veras como Jorge Capitão - Fotos dessa postagem: Divulgação/Fox Film do Brasil
Sem talento para trabalhar em equipe, Jorge é obrigado a se juntar à empresária de sex shop Bia Alpinistinha (Júlia Rabello) para tentar salvar o pontífice argentino e sua "tropa de elite" também tem dois fiéis ex-comandados atrapalhados, um médium e Bruno de Luca (interpretando... Bruno de Luca!).
Se o longa começa com piadas ruins e sem graça alguma, tudo começa a melhorar quando o personagem de Rafinha Bastos - Renê Rodrigues, um ator metido até a tampa - faz um discurso em homenagem ao policial Jorge Capitão e uma falha do microfone leva o público a entender errado o que ele diz - a primeira boa piada do filme.
Renê Rodrigues (Rafinha Bastos) faz discurso, o microfone falha e...
A partir daí, o filme deslancha com uma boa sucessão de 'gags' muito boas, onde o espectador muitas vezes vai gargalhar muito.
O longa ganha muito com Marcos Veras e sua incrível habilidade em criar tipos: seu Jorge Capitão é quase sempre sério, daqueles que mal abre um sorriso, mas em determinados momentos Veras tem espaço para exercitar outras facetas, especialmente no trecho relacionado a 'Se Eu Fosse Você' e quando Capitão se disfarça de traficante.
Se na TV Globo, Veras atualmente é um mero coadjuvante do programa de Fátima Bernardes, aqui ele assume ser o protagonista que ele sempre mereceu ser.
Veras e Júlia Rabello (como Bia Alpinistinha) em cena do longa
Já Rafinha Bastos, ao mesmo tempo que sua persona pública ajuda a construir o vilão Renê Rodrigues, é também que faz a maioria das piadas apelativas, com o filme exagerando muitas vezes nas sequências escatológicas e sexuais.
Ao ridicularizar algumas sequências de filmes nacionais, como no caso da troca de corpo de 'Seu Eu Fosse Você', os roteiristas Pedro Aguilera e Vitor Brandt (também diretor) são criativos e o cinismo presente em certos momentos faz com que o filme como um todo cresça, assim como piadas bem encaixadas no roteiro - como as referentes ao ex-goleiro Bruno e ao Kikito, troféu entregue no Festival de Gramado.
A cantora Anitta, aqui em cena com Rafinha, faz uma repórter no longa
A cantora Anitta aparece muito bem como uma repórter e o brucutu Alexandre Frota, de bóbis na cabeça para compor melhor sua personagem, a mãe do Jorge Capitão, também se sai muito bem - gosto do Frota fazendo comédia, acho a praia dele.
Mamãe e filhinho...
Naturalmente, numa comédia algumas piadas funcionam melhor que outras, mas o longa tem um elenco que sabe fazer graça, mesmo ficando evidente que faltou elaborar melhor o roteiro e chegar num todo mais harmônico em termos de humor.
Thammy Miranda (centro), como um bandido na cadeia |
Mesmo assim, temos aqui um filme que entrega o que propõe e vai além do que se espera de uma paródia.
É irregular, tem momentos apelativos, mas também situações em que é possível rir bastante, como as piadas auto depreciativas de Bruno de Luca, Thammy Miranda (como um presidiário!) e do grupo Molejo, não apenas pela situação em que são apresentadas mas também pelo bom humor e coragem em fazer as cenas.
Confira o trailer do filme:
*****
'COPA DE ELITE'
Gênero:
Comédia
Direção:
Vitor Brandt
Roteiro:
Pedro Aguilera, Vitor Brandt
Elenco:
Alexandre Frota, Anitta, Antonio Pedro, Babu Santana, Bento Ribeiro, Bruno de Lucca, Júlia Rabello, Marcos Veras, Rafinha Bastos, Thammy Miranda
Duração:
99 min.
Ano:
2014
País:
Brasil
Cor:
Colorido
Estreia no Brasil:
17/04/2014
Distribuidora:
Fox Film do Brasil
Estúdio:
Glaz Entretenimento, Fox International Productions
Classificação:
14 anos
Cotação do Klau:
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