quinta-feira, 17 de abril de 2014

'COPA DE ELITE': MARCOS VERAS BRILHA EM PARÓDIA QUE ZOA IMPIEDOSAMENTE SUCESSOS RECENTES DO CINEMA NACIONAL


Paródias zoando superproduções são muito comuns em Hollywood.

Da recente saga 'Todo Mundo em Pânico' (primeiro filme em 2000) - que zoa com a saga de terror - até os cults dirigidos por Mel Brooks, 'S.O.S. - Tem um Louco Solto No espaço' (1987) - zoando muito a saga 'Star Wars' - e 'Alta Ansiedade' (1977) - tirando sarro de praticamente todos os longas de Alfred Hitchcock -  por exemplo, o cinema americano nunca teve pudores de rir de si mesmo e nos entregou paródias na maioria das vezes muito boas e com roteiros muito criativos.

O cinema brasileiro também teve sua era de ouro nas paródias, onde o estúdio carioca Atlântida pontuava em sátiras de filmes 'made in Hollywood' maravilhosos, como 'Nem Sansão, nem Dalila' (1954), onde Oscarito e Fada Santoro zoavam impiedosamente a superprodução bíblica americana 'Sansão e Dalila' (1949), estrelada por Victor Mature e Hedy Lamarr.

Infelizmente, no período da ditadura militar e mesmo depois dela, nosso cinema pareceu ter perdido o gosto pela paródia, até o recente 'Totalmente Inocentes' (2012), que quis fazer graça em cima da popularidade de filmes como 'Cidade de Deus' e 'Tropa de Elite' mas foi um desastre.

Ainda bem que 'Copa de Elite' - que estreia hoje em 175 salas em todo o Brasil - se sai muito melhor.

Se o título já remete ao campeão de bilheteria 'Tropa de Elite' (2007), o divertido longa vai além e zoa impiedosamente outros filmes brasileiros que tiveram bom público - como 'Bruna Surfistinha' (2011), 'Nosso Lar' (2010), 'Se Eu Fosse Você' (2006), o recente 'Minha Mãe é Uma Peça' (2013) e muitos outros.

Na trama, o ótimo e atualmente subaproveitado na TV Marcos Veras é Jorge, um Capitão do BOP (sem o E) que, ao resgatar de um sequestro o maior craque da seleção argentina às vésperas da Copa do Mundo no Brasil, vira de imediato o inimigo público número 1 do país, é expulso da corporação e logo depois descobre um plano maquiavélico para assassinar o Papa na final do torneio.

Marcos Veras como Jorge Capitão - Fotos dessa postagem: Divulgação/Fox Film do Brasil

Sem talento para trabalhar em equipe, Jorge é obrigado a se juntar à empresária de sex shop Bia Alpinistinha (Júlia Rabello) para tentar salvar o pontífice argentino e sua "tropa de elite" também tem dois fiéis ex-comandados atrapalhados, um médium e Bruno de Luca (interpretando... Bruno de Luca!).

Se o longa começa com piadas ruins e sem graça alguma, tudo começa a melhorar quando o personagem de Rafinha Bastos - Renê Rodrigues, um ator metido até a tampa - faz um discurso em homenagem ao policial Jorge Capitão e uma falha do microfone leva o público a entender errado o que ele diz - a primeira boa piada do filme.

Renê Rodrigues (Rafinha Bastos) faz discurso, o microfone falha e...

A partir daí, o filme deslancha com uma boa sucessão de 'gags' muito boas, onde o espectador muitas vezes vai gargalhar muito.

O longa ganha muito com Marcos Veras e sua incrível habilidade em criar tipos: seu Jorge Capitão é quase sempre sério, daqueles que mal abre um sorriso, mas em determinados momentos Veras tem espaço para exercitar outras facetas, especialmente no trecho relacionado a 'Se Eu Fosse Você' e quando Capitão se disfarça de traficante.

Se na TV Globo, Veras atualmente é um mero coadjuvante do programa de Fátima Bernardes, aqui ele assume ser o protagonista que ele sempre mereceu ser.

Veras e Júlia Rabello (como Bia Alpinistinha) em cena do longa

Rafinha Bastos, ao mesmo tempo que sua persona pública ajuda a construir o vilão Renê Rodrigues, é  também que faz a maioria das piadas apelativas, com o filme exagerando muitas vezes nas sequências escatológicas e sexuais.

Ao ridicularizar algumas sequências de filmes nacionais, como no caso da troca de corpo de 'Seu Eu Fosse Você', os roteiristas Pedro Aguilera e  Vitor Brandt (também diretor) são criativos e o cinismo presente em certos momentos faz com que o filme como um todo cresça, assim como piadas bem encaixadas no roteiro - como as referentes ao ex-goleiro Bruno e ao Kikito, troféu entregue no Festival de Gramado.

A cantora Anitta, aqui em cena com Rafinha, faz uma repórter no longa

A cantora Anitta aparece muito bem como uma repórter e o brucutu Alexandre Frota, de bóbis na cabeça para compor melhor sua personagem, a mãe do Jorge Capitão, também se sai muito bem - gosto do Frota fazendo comédia, acho a praia dele.

Mamãe e filhinho...

Naturalmente, numa comédia algumas piadas funcionam melhor que outras, mas o longa tem um elenco que sabe fazer graça, mesmo ficando evidente que faltou elaborar melhor o roteiro e chegar num todo mais harmônico em termos de humor.

Thammy Miranda (centro), como um bandido na cadeia
Mesmo assim, temos aqui um filme que entrega o que propõe e vai além do que se espera de uma paródia.

É irregular, tem momentos apelativos, mas também situações em que é possível rir bastante, como as piadas auto depreciativas de Bruno de Luca, Thammy Miranda (como um presidiário!) e do grupo Molejo, não apenas pela situação em que são apresentadas mas também pelo bom humor e coragem em fazer as cenas.

Confira o trailer do filme:


*****
'COPA DE ELITE'
Gênero:
Comédia
Direção:
Vitor Brandt
Roteiro:
Pedro Aguilera, Vitor Brandt
Elenco:
Alexandre Frota, Anitta, Antonio Pedro, Babu Santana, Bento Ribeiro, Bruno de Lucca, Júlia Rabello, Marcos Veras, Rafinha Bastos, Thammy Miranda
Duração:
99 min.
Ano:
2014
País:
Brasil
Cor:
Colorido
Estreia no Brasil:
17/04/2014
Distribuidora:
Fox Film do Brasil
Estúdio:
Glaz Entretenimento, Fox International Productions
Classificação:
14 anos
Cotação do Klau:

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