sexta-feira, 18 de junho de 2010

"TOY STORY 3" CELEBRA A AMIZADE EM HISTÓRIA BEM CONTADA

Se existe um tema do qual a Pixar - subsidiária da Disney, e a maior e melhor produtora de animações do cinema hoje - é craque, é o drama de se tornar obsoleto, ultrapassado, descartável.

O tema permeou "Toy Story" (1995), e na sequência de 1999.
E, também - diretamente ou não - em "Os Incríveis" (2004), "Carros" (2006), "Wall-E" (2008) e "Up - Altas Aventuras" (2009), todos sucessos de público, alguns nem tanto de crítica.

E nunca esteve tão presente como nesse "Toy Story 3".

Fotos Divulgação: Disney Pixar
Os brinquedos personagens de "Toy Story 3", em cena do filme

No primeiro filme da trilogia, o caubói Woody (voz original de Tom Hanks) e outros velhos brinquedos temiam que seu dono, o então menino Andy, os abandonasse com a chegada do moderno astronauta Buzz (voz original de Tim Allen).

No novo filme, Andy já é pós adolescente e está indo para a faculdade, situação que leva a Woody e aos outros brinquedos já conhecidos por nós o medo de terminarem no sótão ou, pior, no lixo.
Por uma atitude de um adulto - a mãe de Andy - os brinquedos - menos Woody, escolhido por Andy para ir com ele para o dormitório de estudante - são doados e vão parar em uma creche dominada por um urso de pelúcia cor de rosa com cheiro de morango, mas que é o cão chupando manga, literalmente.

A partir daí, "Toy Story 3" se torna um filme de prisão, sufocante, com cenas bem mais assustadoras que os outros dois da série, e a aventura de Woody tendo de ir à creche "libertar" seus amigos é ação do começo ao fim.
A trama conta ainda com um improvável, mas sensacional alívio cômico, com as participações da boneca Barbie e do seu "namorado" Ken.
Brinquedos conhecidos mundialmente, eles fazem cenas de chorar de rir, principalmente Ken, aqui retratado como um metrossexual compulsivo. Já Barbie interpreta ela mesmo, ou seja, a loira linda e burra. É muito bom.

Veja uma apresentação especial do filme, feita pelos próprios brinquedos:


O sucesso do filme - assim como o catálogo da Pixar - é baseado em alguns paradoxos: o estúdio faz um divertimento voltado para crianças - mas sempre interessante para adultos - centrado no medo do envelhecimento, da morte.
O descarte -seja de um brinquedo, um automóvel ou um robô- nada mais é do que uma representação dessa ideia.
E a posição sistemática da Pixar contra o descartável não deixa de ser uma atitude política a ser aplaudida, numa sociedade de consumo predatório e descartável.

O estúdio usa como poucos a tecnologia de ponta para fazer a defesa de valores antigos - mas não antiquados - para resgatar uma forma de contar uma boa história - com roteiro, construção de personagens, com fluência narrativa - que Hollywood parece ter perdido nos últimos tempos.

E ao fazer a terceira parte em 3D e IMAX, a Pixar mostra definitivamente que, com um bom roteiro, dá pra se fazer bons filmes, animados ou não.

Em outras sagas - "Star Wars", "O Poderoso Chefão", "Homem Aranha", "Shrek", "Batman" - há sempre ao menos um elo fraco. Aqui não.
"Toy Story 3" é um complemento tão emocionante e engraçado quanto seus dois antecessores, o que transforma a franquia da Pixar, para mim, na melhor trilogia da história do cinema, disparado.

Veja o trailer do filme:


Editor dos dois primeiros filmes - e codiretor do segundo - Lee Unkrich assumiu sozinho a direção da terceira parte, e manteve a mistura de imaginação e precisão que fizeram a fama de seu mentor John Lasseter.

Na Hollywood atual, o mais colaborativo projeto cinematográfico é também um dos mais autorais, com muito mais personalidade do que a maioria dos diretores americanos pode mostrar - e entregar.

E o bônus?
"Day & Night" - o curta da Pixar que abre a sessão de "Toy Story 3" - é não apenas espetacular, como um dos poucos filmes que justificam plenamente o uso do 3D.
Dirigido por Teddy Newton, em poucos minutos e sem qualquer diálogo, critica o preconceito e a intolerância e faz lembrar que temos dentro de nós tudo aquilo que admiramos ou detestamos no outro.

"Toy Story 3" é o melhor filme das telonas em 2010 até agora, e o bom uso do 3D serve para realçar cores, formas e volumes, em vez de apenas "atirar coisas contra o público", como já visto em muitas babaquices feitas no formato sensação do momento.
Mas, também, não é imprescindível que se veja o filme nesse formato, ou mesmo no IMAX.

Afinal, uma boa história sempre aparece em qualquer lugar, no livro, na telona, na telinha...

"TOY STORY 3"
Título original: Toy Story 3
Diretor: Lee Unkrich
Gênero: Animação, Infantil
Duração: 103 min
Vozes em inglês por:
Tom Hanks, Tim Allen, Joan Cusak, Ned Beatty, Don Rickles, Wallace Shawn, John Ratzenberger, Estelle Harris, Michael Keaton, Timothy Dalton
Ano: 2010
Data da Estreia: 18/06/2010
Cor: Colorido
Formato: 3D e IMAX
Cópias: Legendadas e Dubladas
Classificação: Livre para todos os públicos
País: EUA
COTAÇÃO DO KLAU:

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