Recebi dias atrás um e-mail de um leitor que assina S.P.Nascimento :
"A parada gay de SP está se aproximando e estamos cansados de ver sempre os jornais divulgarem só uma parte da parada gay: Travestis, drag queens etc.
Nada contra, mas o foco da parada gay nao é este, e sim inserção do gay na sociedade, e também a garantia de seus direitos civis, constitucionais.
Segue o link do YouTube em que mostra algo que nunca os jornais mostram,que a Parada também é frequentada por famílias, idosos, crianças e bebês, e não apenas por fervidos, drags e figuras carnavalescas.
http://www.youtube.com/watch?v=WWz5poMJO50&feature=player_embedded
Estou enviando o link para você, mais ativo nesta questão de reinvindicar, reclamar, exigir, cobrar.
Além disso, escreve melhor do que eu.
Poderiam mandar alguma recomendação para os jornais e para o "Fantástico" recomendando abordar isso em suas reportagens, mais o Fantástico, que por passar no domingo a noite, é o dia e a hora que mais alcança as famílias.
Como a parada está se aproximando, poderiam sugerir aos jornais fazerem algo do tipo."
Respondi que o vídeo sugerido é da Parada de 2005, e que, realmente, até aquele ano, a Parada tinha uma atenção maior à visibilidade, direitos civis e combate à homofobia.
E que me lembro de ter ido em 2005, pois foi o último ano que fui - fui à primeira, onde éramos um bando de gatos - e gatas - pingados, num ato político e extremamente reinvidicatório.
Já em 2005, a profusão de "manos" e "minas" bebaços, e fazendo toda sorte de bobices em público me deu a sensação de "basta".
Quem me acompanha, na minha vida ou aqui no blog, sabe que eu sou liberalíssimo, canso de dizer que já vi de um tudo, e que nada mais me choca.
Mas em 2005, achei tudo um pouco demais.
Afinal, se eu quero ver pessoas trepando em público, vou a um clube de suingue, a uma sauna, ao quarto escuro de uma boate, jamais na Avenida Paulista.
Esse é o grande mal de uma sociedade despolitizada: o de confundir reinvidicação com afronta.
O que vai melhorar nas vidas dos gays duas pessoas fazendo sexo em público, ou uma mona de joelhos, dentro de um caixa automático de banco, chupando trocentos paus?
Fora o desconforto de ser empurrado, apalpado - e não é pela sua bunda gostosinha, bicha burra, é pra roubarem a sua carteira e seu celular! - os bêbados chatésimos, as brigas e a violência no entorno.
Quanto à pessoa que me enviou o e-mail, informo que nessa semana, todas as TVs e jornais que tenho acesso, fora a net, vem falando sobre a parada, desde como as personalidades da cena e cultura paulistana se preparam para participar, as festas que rolam antes e depois, os milhares de turistas que vem à cidade e transformam a Parada no segundo evento que mais traz dinheiro para Sampa - o primeiro é a Fórmula 1 - e a pauta reinvidicatória do ano, pois parece que desde o ano passado os promotores querem que volte ao evento um viés maior de Orgulho, Diversidade & Direitos Civis - nome, aliás, dessa postagem.
Fariam melhor os patrocinadores se investissem toda a grana gasta no evento em lobies profissionais em Brasília, para que projetos de interesse dos LGBTs fossem aprovados - a quanto tempo a então deputada Marta apresentou o projeto de união civil de pessoas do mesmo sexo (e ele segue engavetado na Câmara) mesmo?
Quando a Parada LGBT da Cidade de São Paulo voltar a ser um instrumento de pressão por conquistas e de visibilidade maior, talvez eu até volte a participar dela.
Por enquanto, não, obrigado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário