A atriz inglesa Emily Blunt ( de "O Diabo Veste Prada") interpreta Vitória pouco antes de completar 18 anos, onde ela vive não só uma angustiante solidão, mas uma grande tensão e medo na mesma medida - como ela revela na narração que abre o filme, ainda não via nenhuma vantagem em ser quem era, a única herdeira ao trono de uma família real sem crianças.
Essa situação a torna alvo de uma intensa pressão por parte de sir John Conroy (Mark Strong, de "Sherlock Holmes"), o administrador dos bens e possível amante de sua mãe, a duquesa de Kent (Miranda Richardson), que desejava a todo custo que Vitória o nomeasse regente.
Mas a garota resistiu e chegou ao trono com a morte de seu tio, o rei William 4o (Jim Broadbent).
Veja o trailer do filme:
A feliz ideia da câmera em primeiro plano - que acompanha toda a intimidade de Vitória na corte com diversos closes no rosto da atriz - carrega na subjetividade da jovem rainha, cujos sentimentos são revelados pelas sutis expressões faciais de Emily Blunt - na época da filmagem com 25 anos, e que consegue passar verdade ao personagem, desde a adolescência até o início da maturidade.
Foto: Divulgação GK FILMS
Emily Blunt, em cena do filme
O foco em muitas cenas - restritas ao círculo mais íntimo da rainha - reforça não só esta subjetividade do temperamento altivo de Vitória, como expõe por dentro a fortaleza em que a realeza mantém-se fechada.
A leveza que se procura fica por conta do comportamento dos personagens, onde até mesmo a linguagem empolada do final do século 19 é atenuada ao limite da compreensão do espectador.
Para que esse clima seja devidamente alcançado, mais uma vez digo aqui que, para mim, um bom roteiro é meio filme andado.
O roteirista Julian Fellowes - vencedor do Oscar da categoria por "Assassinato em Gosford Park" - equilibra a história entre as inevitáveis intrigas palacianas, e revelando uma Vitória imatura frente às manipulações da curriola próxima - como o primeiro-ministro lorde Melbourne (Paul Bettany), que inclusive chega a insinuar-se para virar o seu marido.
O roteiro torna Vitória simpatissíssima, vista muito de perto, no seu quarto, de camisola, se trocando, brincando com seu cachorro, confessando seus temores às suas damas de companhia, e aparecendo muito pouco envergando sua coroa, na pompa máxima de sua condição de soberana do Império Britânico.
O roteiro ainda é feliz na opção de reforçar o lado romântico, seu namoro e casamento com o primo e príncipe Albert (Rupert Friend), o que completa a humanização da soberana, tão humana que nunca mais se casou novamente, e vestiu para sempre preto depois da viuvez, que ela viveu por 40 anos, a partir de 1861.
Uma linda história de amor que nunca foi lembrada nas telonas, alcança aqui um resultado muito positivo.
Depois de assistir ao filme, e de ver Emily em cena, ficará muito difícil lembrarmos da imagem física normalmente associada a Vitória - a matrona gorducha vestida de preto.
Por outro lado, fica fácil compreender o espírito da dama de ferro, que conduziu o império britânico no auge de seu poderio.
A produção filmou em nove castelos ou mansões pertencentes ao Estado britânico, o que garantiu a fidelidade histórica dos cenários lindos de viver, o que não deve ter sido difícil de conseguir, já que uma das produtoras do filme é a duquesa de York, Sarah Ferguson, ex-esposa do príncipe Andrew, tendo como parceiro o cineasta norte-americano Martin Scorsese.
Um espetáculo para os olhos, e uma senhora aula de história e interpretação.
"A Jovem Rainha Vitória"
Título original: Young Victoria
Diretor: Jean-Marc Vallée
Elenco Principal: Emily Blunt
Paul Bettany
Miranda Richardson
Gênero: Drama, Baseado em fatos reais
Duração: 105 minutos
Ano: 2009
Data da Estreia: 18/06/2010
Cor: Colorido
Classificação: Não recomendado para menores de 10 anos
País: Reino Unido, EUA
COTAÇÃO DO KLAU:
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