sexta-feira, 18 de junho de 2010

"A JOVEM RAINHA VITÓRIA": RESGATE HISTÓRICO DE UMA RAINHA MUITO HUMANA

Vencedor da estatueta de Melhor Figurino no último Oscar, "A Jovem Rainha Vitória" não aposta só no luxo de uma cuidadosa produção de época.
Atualizada pelo diretor canadense Jean-Marc Vallée ( de "C.R.A.Z.Y. - Loucos de Amor"), a rainha britânica que mais tempo reinou - 64 anos, a atual Tia Beth Segunda logo a alcança - a história real não fica só na abordagem do conservadorismo normalmente associado ao seu nome, já que aqui a soberana é retratada em sua juventude, antes de virar mito.

A atriz inglesa Emily Blunt ( de "O Diabo Veste Prada") interpreta Vitória pouco antes de completar 18 anos, onde ela vive não só uma angustiante solidão, mas uma grande tensão e medo na mesma medida - como ela revela na narração que abre o filme, ainda não via nenhuma vantagem em ser quem era, a única herdeira ao trono de uma família real sem crianças.

Essa situação a torna alvo de uma intensa pressão por parte de sir John Conroy (Mark Strong, de "Sherlock Holmes"), o administrador dos bens e possível amante de sua mãe, a duquesa de Kent (Miranda Richardson), que desejava a todo custo que Vitória o nomeasse regente.
Mas a garota resistiu e chegou ao trono com a morte de seu tio, o rei William 4o (Jim Broadbent).

Veja o trailer do filme:


A feliz ideia da câmera em primeiro plano - que acompanha toda a intimidade de Vitória na corte com diversos closes no rosto da atriz - carrega na subjetividade da jovem rainha, cujos sentimentos são revelados pelas sutis expressões faciais de Emily Blunt - na época da filmagem com 25 anos, e que consegue passar verdade ao personagem, desde a adolescência até o início da maturidade.

Foto: Divulgação GK FILMS

Emily Blunt, em cena do filme

O foco em muitas cenas - restritas ao círculo mais íntimo da rainha - reforça não só esta subjetividade do temperamento altivo de Vitória, como expõe por dentro a fortaleza em que a realeza mantém-se fechada.

A leveza que se procura fica por conta do comportamento dos personagens, onde até mesmo a linguagem empolada do final do século 19 é atenuada ao limite da compreensão do espectador.

Para que esse clima seja devidamente alcançado, mais uma vez digo aqui que, para mim, um bom roteiro é meio filme andado.
O roteirista Julian Fellowes - vencedor do Oscar da categoria por "Assassinato em Gosford Park" - equilibra a história entre as inevitáveis intrigas palacianas, e revelando uma Vitória imatura frente às manipulações da curriola próxima - como o primeiro-ministro lorde Melbourne (Paul Bettany), que inclusive chega a insinuar-se para virar o seu marido.

O roteiro torna Vitória simpatissíssima, vista muito de perto, no seu quarto, de camisola, se trocando, brincando com seu cachorro, confessando seus temores às suas damas de companhia, e aparecendo muito pouco envergando sua coroa, na pompa máxima de sua condição de soberana do Império Britânico.

O roteiro ainda é feliz na opção de reforçar o lado romântico, seu namoro e casamento com o primo e príncipe Albert (Rupert Friend), o que completa a humanização da soberana, tão humana que nunca mais se casou novamente, e vestiu para sempre preto depois da viuvez, que ela viveu por 40 anos, a partir de 1861.
Uma linda história de amor que nunca foi lembrada nas telonas, alcança aqui um resultado muito positivo.

Depois de assistir ao filme, e de ver Emily em cena, ficará muito difícil lembrarmos da imagem física normalmente associada a Vitória - a matrona gorducha vestida de preto.
Por outro lado, fica fácil compreender o espírito da dama de ferro, que conduziu o império britânico no auge de seu poderio.

A produção filmou em nove castelos ou mansões pertencentes ao Estado britânico, o que garantiu a fidelidade histórica dos cenários lindos de viver, o que não deve ter sido difícil de conseguir, já que uma das produtoras do filme é a duquesa de York, Sarah Ferguson, ex-esposa do príncipe Andrew, tendo como parceiro o cineasta norte-americano Martin Scorsese.

Um espetáculo para os olhos, e uma senhora aula de história e interpretação.

"A Jovem Rainha Vitória"
Título original: Young Victoria
Diretor: Jean-Marc Vallée
Elenco Principal: Emily Blunt
Paul Bettany
Miranda Richardson
Gênero: Drama, Baseado em fatos reais
Duração: 105 minutos
Ano: 2009
Data da Estreia: 18/06/2010
Cor: Colorido
Classificação: Não recomendado para menores de 10 anos
País: Reino Unido, EUA
COTAÇÃO DO KLAU:

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