O drama "O Profeta" - dirigido pelo francês Jacques Audiard - vem sendo consagrado desde sua primeira exibição, no Festival de Cannes 2009, de onde saiu com o Grande Prêmio do Júri, o segundo em importância.
Se "A Fita Branca" - de Michael Haneke, que levou a Palma de Ouro - não estivesse no seu caminho, é bem provável que ficasse para Audiard o troféu maior de Cannes 2009.
Foto: Divulgação
O ator Tahar Rahim, em cena do filme
Mesmo assim, o filme foi consagrado na França - onde venceu 9 troféus César, inclusive melhor filme, roteiro e direção - e fora dela - venceu um Bafta na Inglaterra e foi indicado ao Oscar de filme estrangeiro - o que laureou de vez as qualidades do filme.
Se a trama já foi vista e revista incontáveis vezes nas telonas - o mundo dentro de uma prisão - esse filme consegue aproximar-se desse lugar com força narrativa, imprimindo um ritmo alucinante à irresistível ascensão de uma nova liderança entre os marginais.
Se antes do filme o ator Tahar Rahim, de 29 anos, era desconhecido - tinha feito participações na TV e pontas no cinema - com essa obra ele acumulou prêmios por sua interpretação sen-sa-cio-nal do novo líder bandido - Malik El Djebena.
Francês de origem árabe, ele é condenado aos 19 anos à sua primeira sentença de adulto, numa cadeia controlada pela máfia corsa, tendo à frente o implacável César Luciani (Niels Arestrup, de "O Escafandro e a Borboleta").
Assista ao trailer do filme:
A entrada neste submundo dominado pela lei da bandidagem, e onde novatos não podem recusar nenhum serviço a Luciani - nem mesmo o assassinato de seus desafetos - é acompanhada pelo olhar de Malik, abandonado pelos pais e de uma infância marginal.
Sozinho, ele mede forças contra essa monstruosa estrutura encontrada na prisão - onde não pode recorrer sequer à direção, já que ela também está na "folha de pagamento" da máfia corsa, por afinidades étnicas ou simples suborno.
Foto:Divulgação
César Luciani (Niels Arestrup), líder da máfia na prisão, acaba cooptando Malik (Tahar Rahim)
A cadeia será para Malik um lento e doloroso aprendizado.
Árabe não religioso, ele enfrenta a rejeição de sua própria comunidade, especialmente por ser capanga dos corsos, que enxergam nele não mais do que um serviçal, que acham que ele é incapaz de compreender qualquer coisa, inclusive sua língua.
Ninguém avalia o turbilhão interior de Malik, nem sua incrível capacidade de observar e aprender. E, lógico, vão dançar por isso.
Um dos pontos fortes do roteiro escrito a quatro mãos pelo diretor Audiard e outros três roteiristas - Thomas Bidegain, Abdel Raouf Dafri e Nicolas Peufaillit - está na magnífica composição das personagens na prisão.
Além de Rahim e Arestrup, destaco algumas figuras fundamentais para a evolução do protagonista, como Reyed (Richem Yacoubi) - homem que Malik assassinou e cujo fantasma se torna uma espécie de consciência e alterego - e o amigo Ryad (Adel Bencherif) - peça essencial para sua ascenção a ser um poderoso chefão.
Retratando um universo em que a lei e a ordem são meras aparências, Audiard também traça um sombrio retrato do mundo prisional francês, já que não se vê heróis, dentro ou fora das grades, apenas seres humanos submetidos a um jogo infernal de sobrevivência e poder.
Mesmo assim, o diretor não banaliza a violência, ou a torna mais glamurosa.
Tudo bem, as sequências de assassinato são violentíssimas, mas só contribuem para tornar claros o processo e o ambiente que produzem esta espécie de homens.
Fazia um bom tempo que um filme francês não me arrebatava tanto.
"O PROFETA"
Título original: Un Prophète
Diretor: Jacques Audiard
Elenco Principal:
Tahar Rahim
Niels Arestrup
Adel Bencherif
Gênero: Drama
Duração: 149 minutos
Ano: 2009
Data da Estreia:
18/06/2010
Cor: Colorido
Classificação: Não recomendado para menores de 18 anos
País: França, Itália
COTAÇÃO DO KLAU
Se "A Fita Branca" - de Michael Haneke, que levou a Palma de Ouro - não estivesse no seu caminho, é bem provável que ficasse para Audiard o troféu maior de Cannes 2009.
Foto: Divulgação
O ator Tahar Rahim, em cena do filme
Mesmo assim, o filme foi consagrado na França - onde venceu 9 troféus César, inclusive melhor filme, roteiro e direção - e fora dela - venceu um Bafta na Inglaterra e foi indicado ao Oscar de filme estrangeiro - o que laureou de vez as qualidades do filme.
Se a trama já foi vista e revista incontáveis vezes nas telonas - o mundo dentro de uma prisão - esse filme consegue aproximar-se desse lugar com força narrativa, imprimindo um ritmo alucinante à irresistível ascensão de uma nova liderança entre os marginais.
Se antes do filme o ator Tahar Rahim, de 29 anos, era desconhecido - tinha feito participações na TV e pontas no cinema - com essa obra ele acumulou prêmios por sua interpretação sen-sa-cio-nal do novo líder bandido - Malik El Djebena.
Francês de origem árabe, ele é condenado aos 19 anos à sua primeira sentença de adulto, numa cadeia controlada pela máfia corsa, tendo à frente o implacável César Luciani (Niels Arestrup, de "O Escafandro e a Borboleta").
Assista ao trailer do filme:
A entrada neste submundo dominado pela lei da bandidagem, e onde novatos não podem recusar nenhum serviço a Luciani - nem mesmo o assassinato de seus desafetos - é acompanhada pelo olhar de Malik, abandonado pelos pais e de uma infância marginal.
Sozinho, ele mede forças contra essa monstruosa estrutura encontrada na prisão - onde não pode recorrer sequer à direção, já que ela também está na "folha de pagamento" da máfia corsa, por afinidades étnicas ou simples suborno.
Foto:Divulgação
César Luciani (Niels Arestrup), líder da máfia na prisão, acaba cooptando Malik (Tahar Rahim)
A cadeia será para Malik um lento e doloroso aprendizado.
Árabe não religioso, ele enfrenta a rejeição de sua própria comunidade, especialmente por ser capanga dos corsos, que enxergam nele não mais do que um serviçal, que acham que ele é incapaz de compreender qualquer coisa, inclusive sua língua.
Ninguém avalia o turbilhão interior de Malik, nem sua incrível capacidade de observar e aprender. E, lógico, vão dançar por isso.
Um dos pontos fortes do roteiro escrito a quatro mãos pelo diretor Audiard e outros três roteiristas - Thomas Bidegain, Abdel Raouf Dafri e Nicolas Peufaillit - está na magnífica composição das personagens na prisão.
Além de Rahim e Arestrup, destaco algumas figuras fundamentais para a evolução do protagonista, como Reyed (Richem Yacoubi) - homem que Malik assassinou e cujo fantasma se torna uma espécie de consciência e alterego - e o amigo Ryad (Adel Bencherif) - peça essencial para sua ascenção a ser um poderoso chefão.
Retratando um universo em que a lei e a ordem são meras aparências, Audiard também traça um sombrio retrato do mundo prisional francês, já que não se vê heróis, dentro ou fora das grades, apenas seres humanos submetidos a um jogo infernal de sobrevivência e poder.
Mesmo assim, o diretor não banaliza a violência, ou a torna mais glamurosa.
Tudo bem, as sequências de assassinato são violentíssimas, mas só contribuem para tornar claros o processo e o ambiente que produzem esta espécie de homens.
Fazia um bom tempo que um filme francês não me arrebatava tanto.
"O PROFETA"
Título original: Un Prophète
Diretor: Jacques Audiard
Elenco Principal:
Tahar Rahim
Niels Arestrup
Adel Bencherif
Gênero: Drama
Duração: 149 minutos
Ano: 2009
Data da Estreia:
18/06/2010
Cor: Colorido
Classificação: Não recomendado para menores de 18 anos
País: França, Itália
COTAÇÃO DO KLAU
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