sábado, 12 de junho de 2010

CARMEN MIRANDA TOCANDO NO RÁDIO, EM 2010, E FAZENDO SUCESSO!

"Carmen Miranda voltou a tocar no rádio aqui no Rio. Três músicas. A gente bem que estava precisando de uma cantora de samba melhor do que essas todas que andam por aí"

Tudo começou quando eles resolveram mexer com os arranjos originais das gravações feitas por Carmen Miranda (1909 -1955) na gravadora Odeon, na década de 1930, criados então por Benedito Lacerda e outros mestres do instrumental brasileiro.

Assim, e coordenados pelo violonista e cavaquinista carioca Henrique Cazes, 51, os músicos Luís Filipe de Lima (violão de sete cordas), Beto Cazes (percussão), Dirceu Leite (sopros) e Ovídio Brito (cuíca) entraram em estúdio e acrescentaram seus instrumentos às faixas históricas.

O disco "Carmen Miranda Hoje" - que já está nas lojas - é o resultado dessa incrível experiência.

Traz versões - do que Cazes batizou de "remixadas acusticamente" - de 12 clássicos da Pequena Notável, como "Uva de Caminhão", "No Tabuleiro da Baiana", "O que É que a Baiana Tem", "...E o Mundo Não se Acabou" e "Adeus Batucada".

O método é o mesmo usado em remixes de música eletrônica: os fonogramas originais são abertos em programa de edição de áudio e, sobre eles, são gravadas as intervenções.

E com isso, as novas versões ganharam entre 40 segundos a 1 minuto de duração em relação às originais.

E Henrique cazes diz:
"A ideia era não ter pudor nenhum [de modificar], não precisava ficar 100% fiel ao que aconteceu na [gravação] original. O importante era colocar a tecnologia de gravação moderna a serviço da voz de Carmen e trazê-la para hoje."

Foto: Arquivo do Klau
A cantora, atriz e Diva das Divas Carmen Miranda, em imagem de 1948

Biógrafo de Carmen Miranda - seu livro é para mim o melhor já feito sobre ela - e coprodutor do disco de remixes, o jornalista Ruy Castro, 62, desautoriza quem possa considerar "heresia" esse tipo de intromissão em material histórico, com o argumento de que, graças à "vestimenta" criada por Cazes e seus músicos,estão de volta os sons graves e agudos que se ouvia na década de 1930 - quando Carmen cantava ao vivo - mas que a tecnologia de então era incapaz de colocar em disco.
"A proposta era mostrar que, substituído o som 'antigo' das gravações, Carmen é atemporal", diz Castro.

"Carmen Miranda voltou a tocar no rádio aqui no Rio. Três músicas. A gente bem que estava precisando de uma cantora de samba melhor do que essas todas que andam por aí", conclui Cazes.

Ruy Castro lança o disco em Portugal - terra natal da cantora - durante a exposição "A Nossa Carmen", que estreia por lá no dia 18.

Com curadoria dele e direção de arte de Luiz Stein, a mostra terá cerca de 600 imagens, dois documentários, quatro vídeos e uma jukebox tocando continuamente.

"Vou estar lá no dia do jogo entre Brasil e Portugal. Rezo para que os dois países já estejam classificados. Não quero que haja atrito com o símbolo do Brasil que é Carmen Miranda", diz Castro.

Fiz a minha parte, comprei o CD ontem, e já o ouvi muitas e muitas vezes.
O trabalho é primoroso, de uma beleza que eu a muito não ouvia.

Obrigatório para tietes de Carmen - como eu - e para quem quer conhecer o excepcional trabalho da Diva das Divas das cantoras brasileiras, mas não tem paciência, nem cultura, para ouvir gravações consideradas "velhas".

CARMEN MIRANDA HOJE
O que é: CD de remixes de sambas escolhidos a dedo, gravados por Carmen Miranda nos anos 30
Lançamento: Biscoito Fino
Quanto: R$ 34,90
COTAÇÃO DO KLAU

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