quinta-feira, 7 de setembro de 2017

'AMERICAN HORROR STORY: CULT' : CLAUSTROFÓBICA, SONHOS E MEDO DE PALHAÇOS NA ERA TRUMP


SINOPSE:

A noite do dia 8 de novembro de 2016 foi um momento assustador para muitos, e catártico para outros; o anúncio da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos causou um desespero e uma incredulidade coletivos.

E é catapultando este medo para territórios mais literais que Ryan Murphy e Brad Falchuk apresentam a sétima parte da sua antologia de 'American Horror Story'.

CRÍTICA:

Embora a premissa anunciada de 'American Horror Story: Cult' - que estreou no Brasil nesta quarta, no FX, depois de ter estreado um dia antes nos EUA - seja a realidade pós-Trump, a série não fica presa ao universo político e mergulha logo em um clima mais obscuro que é apenas iniciado pelo medo do que o Presidente faria.

Nem Sarah Paulson, Alison Pill, Evan Peters ou Billie Lourd: o real protagonista de da sétima parte da antologia de terror de Ryan Murphy é o medo, que aqui é representado por palhaços, muito, muito sinistros.

A trama acompanha o casal lésbico Ally e Ivy Mayfair-Richards (vividas respectivamente por Paulson e Pill), que têm um filho pequeno, Oz (Cooper Dodson).

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 Paulson e Pil em cena da nova temporada - Fotos dessa Postagem: Divulgação/FX
A ideia de Trump como presidente faz com que Ally tenha crises de ansiedade, que logo desencadeiam o retorno de suas fobias; entre elas uma irracional aversão a palhaços.

A coulrofobia (esse é o nome do medo de palhaços) é tanta que até mesmo a revista em quadrinhos de seu filho (cujo protagonista é um velho conhecido para os fiéis de AHS, o palhaço Twisty) lhe causa pânico.

Paralelamente, Kai (Peters) e Winter Anderson (Lourd) são irmãos que dividem uma estranha (e sinistra) conexão.

Eles não parecem ser exatamente próximos à primeira impressão, mas logo a história muda e algo particularmente esquisito faz com que eles tomem o centro das atenções.

Diferente da sexta temporada, 'Roanoke', 'Cult' já começa aceleradíssima e não economiza ou esconde a sua paixão pela paranoia e pelo bizarro.

O primeiro episódio já mergulha os personagens em um mundo que rapidamente se transforma, sobretudo através da visão de Ally/Sarah Paulson, que é o fio condutor do público neste universo, à medida que seu próprio enfraquecimento e crescente delírio são exatamente formas de representar a decadência de um sistema e a perspectiva incerta a respeito do futuro.

American Horror Story: Cult é uma potente metáfora do confinamento (Primeiras Impressões)
Ally/Sarah Paulson em cena - olha o palhaço lá no fundo!
Os comentários políticos da temporada parecem estar escondidos exatamente por baixo desta analogia.

Enquanto Ally representa o enfraquecimento de uma parte, que cede ao desespero e se sente cada vez mais diminuída, Kai representa o exato oposto.

O personagem de Peters, multifacetado, impulsivo e ao mesmo tempo metódico, é fortalecido pelo medo e apesar dos olhares assustados que direciona é um dos mais seguros de si.

As duas cenas de ódio que protagonizou no primeiro episódio - a primeira, jogando café sobre o casal de mulheres e a segunda, zoando um grupo de imigrante mexicanos, enchendo uma camisinha com urina e atirando neles, mostra do que o personagem será capaz - mesmo apanhando uma barbaridade dos chicanos.

Evan Peters é Kai
“Acima de tudo, os humanos amam o medo”, afirma com uma certeza que parece nem vir de dentro dele mesmo.

Esta relação de poder e controle através da manipulação de sentimentos (que se abrem ao mundo enquanto delírio obsessivo e transtornos de ansiedade) toca fundo no que move extremismos políticos e a ascensão de líderes nominais, únicos e controversos.

Parece ficção, mas é só uma outra forma de ver a triste realidade americana, agora sob o maior palhaço de todos, Donald Trump.

Se o mundo já não é um lugar exatamente agradável para Ally (e consequentemente, Ivy e Oz), também não é para o público.

A exploração das fobias como uma grande analogia às fraturas políticas dos Estados Unidos (que não por acaso refletem a instauração do medo ao redor de todo o globo) faz de 'American Horror Story: Cult' uma metáfora do confinamento ideológico do século XXI calcada na ultra-violência, mas com a qual é extremamente fácil criar empatia.

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Palhaços, muitos palhaços...
Claustrofóbica quando precisa, bem escrita e veloz, a sétima temporada de uma das melhores séries dos últimos tempos teve um ótimo começo para mais uma ideia inacreditavelmente interessante de Ryan Murphy e Brad Falchuk.

A nova temporada, além do elenco de temporadas anteriores - como Sarah Paulson, Evan Peters, Cheyenne Jackson, Adina Porter, Frances Conroy, Mare Winningham, Emma Roberts, Chaz Bono, James Morosini e John Carroll Lynch - também conta com novas adições, como Billie Lourd, Alison Pill, Colton Haynes, Billy Eichner, Leslie Grossman e Lena Dunham.

TRAILER:



'AMERICAN HORROR STORY: CULT'
Onde:
Canal FX
Quando:
Quartas:
Horário:
Meia Noite

COTAÇÃO DO KLAU:

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