sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

FESTIVAL DE SUNDANCE: CONFIRA TUDO O QUE DE MELHOR ACONTECEU ATÉ AGORA


O Sundance Filme Festival acontece anualmente em Park City, uma estação de esqui no estado de Utah, EUA, e é atualmente o principal festival do cinema independente norte -americano.

Criado pelo ator e diretor Robert Redford para dar visibilidade à produção independente americana e internacional -  sempre ofuscada pelos grandes estúdios - o Sundance teve seu início em 1981 como uma mostra local sem maiores repercussões, o US Film Festival.

Ao longo dos anos teve um grande crescimento e se transformou em um grande evento que atrai distribuidores de todo o mundo em busca daquele filme inovador e criativo de baixo orçamento que de repente poderá render milhões.

Nesse ano, o festival vai de 19 a 29 de janeiro e apresentará 117 longas-metragens de 30 países, entre os quais 45 obras-primas  - 24 delas em competição - e 91 estreias mundiais.

Nessa postagem, procurei reunir o que de melhor rolou até hoje nessa edição de 2012:

ROBERT REDFORD ATACA PRÉ-CANDIDATOS REPUBLICANOS À PRESIDÊNCIA

Robert Redford criticou na quinta (19), na abertura do Sundance, o "cogumelo atômico de egos" que, segundo ele, formam os pré-candidatos republicanos às eleições presidenciais dos Estados Unidos.

Aos 75 anos e conhecido por sua postura à esquerda do tabuleiro político, Redford aproveitou a conferência de mídia que marcou a abertura do festival para lançar algumas farpas contra os pré-candidatos.

"Quando vemos os debates (das primárias republicanas), se pode observar este cogumelo atômico de egos que flutua acima de todo mundo", declarou.
"É tão idiota, estúpido, que me entristece".

O ator, vestido da forma informal que caracteriza o festival - de jeans, um grosso suéter preto e casaco - também criticou veementemente os congressistas porque, segundo ele, fazem muito pouco para financiar a cultura.

AP
Robert Redford fala à mídia reunida em Park City

"Há anos e anos tivemos de conviver com o fato de que outros países apoiam muito mais seus artistas que o nosso, e isso é imperdoável", disse Redford.

"Mas temos congressistas de mente estreita, que temem as mudanças quando a mudança é a única coisa que pode ter êxito", lamentou.
"Devemos lutar contra este gênero de pensamento no Congresso".

WAGNER MOURA ESTRELA ÚNICO FILME BRASILEIRO EM SUNDANCE, QUE TEM VÁRIAS NOVIDADES NESSE ANO

O longa "A Cadeira do Pai", de Luciano Moura, é o único representante brasileiro no Festival de Sundance.

Estrelado por Wagner Moura, o longa gira em torno das relações familiares, fugindo da linha estrangeira de reverenciar filmes brasileiros com temática social - Sundance foi responsável pela visibilidade internacional de filmes como "Central do Brasil" (1998) e "Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora É Outro" (2010), e é conhecido por diretores e atores como porta de entrada para distribuidores de grande porte.

As modificações introduzidas nas duas últimas edições serão mantidas e a principal delas é que não há mais título de abertura: ao invés de apenas um filme iniciar o evento serão exibidos um drama e um documentário da competição para representar cada um dos principais grupos de filmes do festival.

John Cooper, diretor do festival, acredita que "os cineastas independentes estão buscando uma vida artística diferente para si".
"Eles não são tão rápidos ou talvez nunca queiram passar para um grande filme de Hollywood ou uma situação semelhante. O que muitas pessoas aprenderam e o que está voltando especialmente com os jovens cineastas é que eles querem trabalhar de um modo que fiquem animados e realizados", disse à Reuters.

CONFIRA OS FILMES NORTE-AMERICANOS DE FICÇÃO DA MOSTRA COMPETITIVA DE SUNDANCE 2012

- Filly Brown, de Youssef Delara e Michael D
- The First Time, de Jonathan Kasdan
- For Ellen, de So Yong Kim
- Hello I Must Be Going, de Todd Louiso
- Keep The Lights On, de Ira Sachs
- Luv, de Sheldon Candis
- Middle Of Nowhere, de Ava Duvernay
- Nobody Walks, de Ry Russo-Young
- Safety Not Guaranteed, de Colin Trevorrow
- Save The Date, de Michael Mohan
- Simon Killer, de Antonio Campos
- Smashed, de James Ponsoldt
- The Surrogate, de Ben Lewin

CONFIRA OS FILMES ESTRANGEIROS DE FICÇÃO DA MOSTRA COMPETITIVA DE SUNDANCE 2012

- A Cadeira do Pai(Brasil), de Luciano Moura
- Violeta se Fue a Los Cielos (Chile, Argentina, Brasil, Espanha), de Andrés Wood
- Young & Wild (Chile), de Marialy Rivas
- El Ultimo Elvis (Argentina), de Armando Bo
- Madrid, 1987 (Espanha), de David Trueba
- Gypsy Davy (Israel, EUA, Espanha), de Rachel Leah Jones
- Suns (República Checa), de Bohdan Slama
- About The Pink Sky (Japan), de Keiichi Kobayashi
- Can (Turquia), de Rasit Celikezer
- L (Grécia), de Babis Makridis
- My Brother The Devil (Reino Unido), de Sally El Hosaini
- Teddy Bear (Dinamarca), de Mads Matthiesen
- Valley Of Saints (Índia, EUA), de Musa Syeed
- Wish You Were Here (Austrália), de Kieran Darcy-Smith
- Wrong (França), de Quentin Dupieux

CONFIRA OS PRINCIPAIS DESTAQUES DE SUNDANCE 2012

Divulgação
"Arbitrage", de Nicholas Jarecki
Com um elenco de conhecidos veteranos (Richard Gere, Susan Sarandon) e novatos promissores (Brit Marling, Nate Parker), o suspense acompanha um magnata desesperado para vender seu império.

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"Bachelorette", de Leslye Headland
Depois do sucesso de "Missão Madrinha de Casamento", esta comédia sobre matrimônios produzida por Will Ferrell também deve chamar a atenção. 
Adam Scott, James Marsden e Kirsten Dunst estão no elenco

Aline Arruda/UOL
"A Cadeira do Pai", de Luciano Moura
Único filme brasileiro na programação de Sundance, o longa traz Wagner Moura e Mariana Lima como um casal que busca o filho depois de sua fuga por desentendimentos com o pai.

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"Celeste and Jesse Forever", de Lee Toland Krieger
Esta comédia romântica sobre um casal de ex-namorados que tentam continuar amigos tem Andy Samberg ("Saturday Night Live") e Rashida Jones ("Parks and Recreations") como protagonistas.

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"For a Good Time, Call...", de Jamie Travis
Na esteira da onda de comédias sobre mulheres iniciada por "Missão Madrinha de Casamento", o filme apresenta duas amigas que administram uma linha de telessexo.

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"Lay the Favorite", de Stephen Frears
Um diretor indicado ao Oscar (por "A Rainha"), duas grandes estrelas (Bruce Willis e Catherine Zeta-Jones), e uma atriz em ascensão (Rebeca Hall) fazem desta comédia dramática um dos destaques do festival.

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"The Queen of Versailles", de Lauren Greenfield
Este documentário que acompanha um casal bilionário com o sonho de construir a maior mansão dos Estados Unidos virou alvo de polêmica depois que os protagonistas resolveram processar a diretora, o produtor e o festival por difamação.

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"The Surrogate", de Ben Lewin
John Hawkes - indicado ao Oscar de coadjuvante em 2011 por "O Inverno da Alma" -, interpreta Mark O'Brien, jornalista e poeta americano que procurou manter uma vida ativa mesmo tendo quase todo seu corpo paralisado.

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West of Menphis, de Amy Berg
Com produção de Peter Jackson, o documentário explora um caso judiciário que gerou controvérsia nos Estados Unidos, quando três adolescentes foram condenados à morte e à prisão perpétua pelo assassinato de três garotos nos anos 1990.

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"The Words", de Brian Klugman e Lee Sternthal
A história de um escritor que se apropria do trabalho de outro tem três estrelas do momento em seu elenco: Bradley Cooper, Olivia Wilde e Zoey Saldana.

FILHO DE LUCAS MENDES, O CINEASTA ANTONIO CAMPOS RETORNA A SUNDANCE COM SEU SEGUNDO FILME

Filho de Lucas Mendes - jornalista brasileiro radicado em Nova York -, o cineasta Antonio Campos retorna a Sundance este ano depois de ter sido premiado por "Martha Marcy May Marlene", filme de Sean Durkin, que produziu.

Na edição 2012 do festival, Campos apresenta seu trabalho como diretor e roteirista em "Simon Killer", um drama sobre um jovem americano que se apaixona por uma prostituta francesa e que foi exibido na sexta (20).

Divulgação
Cena do longa "Simon Killer"

Em entrevista ao site "The Hollywood Reporter", Campos define seu segundo longa como diretor como um "estudo de caráter" sobre a angústia masculina.

Getty Images
O cineasta Antonio Campos em evento em Los Angeles (13/1/12)

Campos diz que não sabe de onde vem sua atração por temas sombrios, mas que não tem medo de explorá-los.
"Gostamos muito da sensação de nos assustar no cinema e gostamos de fazer isso em nossos filmes", diz, referindo-se a Sean Durkin, diretor de "Martha Marcy May Marlene".

PETER JACKSON PRODUZ E LEVA A SUNDANCE FILME SOBRE ASSASSINATOS REAIS, CUJAS INVESTIGAÇÕES PODEM TER INCRIMINADO INOCENTES

Um caso muito comentado de três assassinos em West Memphis, nos Estados Unidos, pode parecer uma escolha estranha para um filme do diretor Peter Jackson, mas o responsável pela trilogia "O Senhor dos Anéis" chegou a Sundance com um documentário sobre o caso e a nova revelação de um possível suspeito.

A equipe legal e Jackson, que ajudou financeiramente na defesa dos três assassinos condenados, que agora estão fora da prisão quase 20 anos depois do crime, alegam que eles testemunharam que o padrasto de uma das vítimas era o verdadeiro assassino.

Se for provada que essa alegação é verdadeira, será preciso aguardar a ação dos promotores de West Memphis, no Arkansas, onde os assassinatos aconteceram em 1993.

Até agora a promotoria manteve-se na crença de que tinha os verdadeiros culpados o tempo todo, mas Jackson e um dos Três de West Memphis, Damien Echols, acham que o documentário "West of Memphis" e o novo depoimento levarão a luta adiante.

"Isso tem que ser tratado", disse Jackson à Reuters no sábado (21) em Sundance.
"Você não pode simplesmente deixar um caso de assassinato como aquele suspenso no ar."

O caso dos "Três de West Memphis", que foram julgados e condenados como adolescentes por terem matado três garotos, obrigou Jackson a agir assim que soube da história perturbadora dos três jovens ligados a um assassinato horrendo e que acabaram sendo libertados da prisão em agosto de 2011.

"Eu fui assediado (quando jovem) e era visto como um pouco esquisito", disse Jackson.
"E eu vi isso acontecendo com outras pessoas, então eu quis ajudá-los."

Jackson e a diretora Amy Berg apresentaram pela primeira vez "West of Memphis" em Sundance na sexta (20), ao mesmo tempo em que os advogados de defesa divulgaram um press-release detalhando suas novas revelações.

O documentário segue o caso que muitos acreditam ser a condenação errônea de Echols, Jason Baldwin e Jessie Misskelley, que eram adolescentes quando foram acusados de ter matado três meninos de oito anos de idade em West Memphis, no Arkansas, em 1993.

O caso ganhou fama no documentário da HBO "Paradise Lost", mas a história dos três adolescentes presos chamou a atenção de Jackson e de sua mulher, a produtora Fran Walsh, já em 2005.

EM SUNDANCE, DIFERENTES TIPOS DE DÍVIDA, PELO OLHAR DA ESCRITORA MARGARET ATWOOD

Um documentário apresentado em Sundance explora as inúmeras caras da dívida - moral, financeira, legal e ambiental - através da adaptação de um ensaio da escritora canadense Margaret Atwood.

"Payback" (recuperação de investimento, numa tradução literal) está em competição pelo grande prêmio de documentário internacional.

A cineasta canadense Jennifer Baichwal, que já apresentou outros trabalhos em Sundance, admite que, no começo, rejeitou a proposta de adaptar "Payback: Debt and the Shadow Side of Wealth", livro de Margaret Atwood, que aborda o tema da dívida pública - lançado em 2008, antes da explosão da crise financeira e econômica.

"Achava que seria uma produção linear sobre dinheiro e não estou acostumada a fazer filmes de investigação. Mas quando li o livro, fiquei fascinada", declarou ela à AFP.

"No entanto, tinha que encontrar a maneira de expor em imagens as reflexões de Atwood" -uma representante emblemática da literatura canadense, autora de trabalhos de reflexão, ao mesmo tempo atraentes, como "O Conto da Aia" e o livro "Assassino Cego".

"Pensei que a única forma de apresentar um filme sobre o livro seria através de histórias viscerais, de imagens presentes da dívida e da relação íntima entre o credor e o devedor", explicou Baichwal.

"Assim, dividi o filme em quatro partes - a dívida financeira, a moral, a legal e a ambiental - passando livremente de uma a outra entrecruzando-as com imagens do trabalho de Margaret Atwood".

"Todas as minhas produções têm um final aberto. Não são lineares", precisou Baichwal.
"O que me interessa é criar um espaço para pensar as coisas de maneira diferente".

Os dois planos mais fortes são os dedicados às dívidas financeira e moral: para o primeiro, Bachwal se interessou por uma organização de imigrantes encarregados da colheita de tomates na Flórida (sudeste) e que obteve, graças à própria mobilização, melhoras em suas condições de trabalho.

A segunda, que se passa na Albânia, está ilustrada por um trágico "impasse" em duas famílias, depois de um conflito entre dois de seus membros: um atirou no outro e falhou, o que valeu - segundo um código ancestral código de conduta albanês - o confinamento do atacante na casa da vítima até ser perdoado, o que pode levar vários anos.

A dívida legal está ilustrada pelo perambular de um homem que deixa a prisão, enquanto que o enfoque ambiental aborda as consequências da maré negra provocada pela empresa britânica BP no Golfo do México em 2010.

Baichwal se declara surpreendida com as coincidências entre sua fita e os sobressaltos econômicos mundiais que aconteceram depois da rodagem.

"Comecei o filme depois do 'crack' americano de 2008, pensando que quando o concluísse seria uma história antiga", contou.
"Mas (a crise) prosseguiu e, agora, temos todos estes acontecimentos na Grécia e nos países europeus".

Segundo a cineasta, o filme não tem a intenção de fazer propostas para sair da crise, mas provocar reflexão.

"Como disse Margaret Atwood, parece que o ser humano possui, talvez de maneira inata, um sentido de equidade, de equilíbrio", disse. De qualquer forma, é preciso abrir as mentes das pessoas sobre a maneira de pensar a dívida", considerou.

IMAGENS DA GELADA PARK CITY, ONDE ACONTECE O FESTIVAL DE SUNDANCE

AP
Espectadores conferem pôsteres dos filmes que serão exibidos, na noite gelada de Parl City.

AP
Blythe Danner, Melanie Lynskey, Christopher Abbot e Sara Chase na pré-estreia do filme "Hello I Must Be Going" no Festival de Sundance.

AP
O diretor Todd Louiso esteve na abertura do Festival de Sundance em Utah, EUA.

EFE/George Frey
Ele viveu o Frodo de "O Senhor dos Anéis": o ator Elijah Wood participa da estreia do filme "Celeste and Jesse Forever".

AP Photo/Danny Moloshok
Sigourney Weaver dá uma ajeitada no visual no tapete vermelho durante a estreia do filme "Red Lights".

AP Photo/Danny Moloshok
O ator Cillian Murphy, na estreia do filme "Red Lights".

AP Photo/Chris Pizzello
Um dos produtores do documentário "West of Memphis", o cineasta Peter Jackson deu uma fugidinha das filmagens de "O Hobbit "na Austrália a tempo de posar com a roteirista e diretora do filme, "Amy Berg" na estreia do filme em Sudance.

Reuters/Mario Anzuoni
No elenco do filme "Arbitrage", o ator Richard Gere conversa com a imprensa durante a premiere do longa.

Reuters/Jim Urquhart
Conhecido por diversificar sua carreira entre filmes hollywoodianos e pequenas produções, o ator Sean Penn confere a estreia do longa "This Must be the Place" em Sudance.

Reuters/Mario Anzuoni
Bruce Willis faz gracinha para os fotógrafos durante a premiere de seu novo filme, "Lay the Favorite".

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