Daniel Craig pode relaxar: interpretar James Bond não arruinou sua carreira.
Seu segredo é a flexibilidade.
Dê ao ator de 43 anos uma arma, uma garota e um martini, e ele se transforma em um 007 sen-sa-cio-nal.
Mas basta tirá-los e ele se torna um homem comum igualmente convincente.
Estas últimas características foram exigidas em “Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres”, que estreou na última sexta no Brasil e onde Craig interpreta Mikael Blomkvist, um jornalista sueco envolvido na caçada de um assassino em série.
Suas habilidades investigativas, e não seus músculos, são a chave para seu sucesso.
“Eu usaria alegremente a palavra ‘cara comum’ para descrever Blomkvist, mas ele não é exatamente comum”, diz Craig, falando por telefone de Londres à jornalista Nancy Mills , da Hollywood Watch.
“Eu o vi como um jornalista que provavelmente passa tempo demais diante das câmeras dando sua opinião sobre as coisas. No início do filme, seu ego é a sua ruína.”
Divulgação
Daniel Craig em cena de “Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres”, de David Fincher
Baseado no best-seller internacional de Stieg Larsson, em "Milleniun" a atriz Rooney Mara interpreta Lisbeth Salander, a hacker socialmente problemática mas altamente eficaz, que se torna parceira de Blomkvist em sua investigação.
Pelo papel, Mara foi indicada ao Oscar, o que não aconteceu com Craig, apesar de o ator ter nesse filme o seu melhor desempenho nas telonas, disparado.
“Eu gostei de Blomkvist por causa de seu idealismo, sua honestidade, seu amor pelas mulheres, sua crença no combate à injustiça e seu relacionamento com Salander”, diz Craig.
“Ele é complexo o suficiente para torná-lo interessante.”
Blomkvist é o anti-James Bond?
“Talvez”, diz Craig após pensar um instante.
“Não foi uma escolha deliberada de minha parte torná-lo assim.”
“Ele é um homem muito seguro de si. Não é um sujeito que sai por aí batendo no peito. Ele não finge ser algo que não é.”
“Eu gostei da ideia de que a certa altura ele precisa ser salvo por uma mulher jovem. Eu espero que o público esqueça a comparação [com Bond] quando eu estiver pendurado no teto.”
No meio de sua investigação, Blomkvist se associa a Salander, e é o relacionamento deles que move a história.
O diretor David Fincher não tinha dúvidas de que Craig era o ator certo para interpretar Blomkvist.
“Eu precisava de alguém que fosse extremamente viril e também bastante modesto”, disse o diretor em entrevista.
“Nós encontramos Mikael em um momento de sua vida em que ele levou um duro chute no estômago. Ele precisava ser alguém sem um pingo de autojustificação e defensividade.”
“Mikael é um jornalista pós-Watergate”, prossegue Fincher.
“Ele é inspirado pela ideia do homem pequeno fazendo a diferença. Apesar de levar a sério o que faz, ele também cometeu um erro crasso.”
Quando o filme começa, Blomkvist está saindo de um tribunal, após ter sido condenado em um processo por difamação.
Precisando de dinheiro, ele aceita o trabalho de escrever a biografia de um magnata dos negócios aposentado - Christopher Plummer - mas seu verdadeiro trabalho é descobrir o que aconteceu com a sobrinha do magnata, que desapareceu décadas atrás.
“Eu precisava que uma garota se apaixonasse por Blomkvist por vários motivos diferentes. Os mais importantes são por ele ser um bom ouvinte, por estar sempre presente, não ser um sujeito narcisista, com a mente sempre em outro lugar.”
“Como conheço Daniel socialmente, eu sabia que ele era encantador e atencioso. Eu também sabia que ele tinha uma presença formidável na tela.”
Montagem: Cláudio Nóvoa - Fotos: Divulgação
Daniel Craig, em cena dos filmes "007 - Skyfall", "As Aventuras de Tintim" e "Cowboys & Aliens" O ano de 2011 foi marcante na carreira de Daniel Craig: além de “Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres”, ele foi visto em “Cowboys & Aliens”, “A Casa dos Sonhos” e emprestou sua voz ao vilão Sacarine, do primeiro desenho animado de Steven Spielberg - “As Aventuras de Tintim”. “Eu interpreto um pirata e um bandido”, ele diz. Craig está atualmente no meio das filmagens de seu terceiro 007, “Skyfall”, que ele diz ser “tão 007 quanto é possível”. “Nós não estamos buscando algo profundo e significativo. Não é um grande estudo de personagem. Ele vai começar da forma como os filmes de Bond sempre começam e vai terminar da forma como sempre terminam, com tudo o que há entre isso.” Depois disso ele poderá voltar como Blomkvist em “A Menina que Brincava com Fogo” e “A Rainha do Castelo de Ar” - histórias que deram continuidade à trama de "Os Homens que não Amavam as Mulheres". “Ele não aparece muito no segundo livro”, diz Craig, “de modo que talvez seja um trabalho mais fácil”. |
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