sexta-feira, 11 de novembro de 2011

'LATE BLOMERS - O AMOR NÃO TEM FIM' É COMÉDIA LEVE E INTELIGENTE, APESAR DE ABORDAR A VELHICE


A diretora francesa Julie Gavras é uma versão europeia de Sofia Coppola.

São filhas de cineastas famosos - Costa Gavras e Francis Ford Coppola - mas, nos últimos anos, vem fazendo carreira sólida e própria, distantes da sombra dos patriarcas, e ambas transformam a experiência pessoal em trama sólida para seus filmes.

Em Late Bloomers - O Amor Não Tem Fim, Julie se inspira em sua estrutura familiar para criar uma comédia leve sobre a maturidade e, embora o patriarca do filme, Adam - interpretado por William Hurt - seja um arquiteto famoso, e não um cineasta, como o pai da diretora -, ele incorpora nuances inspiradas no famoso diretor de Z - é a estrela da família, e por isso mesmo sempre distante, alienado.

Quem cuida de tudo é sua mulher, Mary - Isabella Rossellini, linda de viver -, professora aposentada, que começa a procurar trabalhos voluntários em que possa ocupar seu tempo, não raro se decepcionando.

Divulgação
William Hurt e Isabella Rossellini, em cena do filme

O roteiro, escrito por Julie e Oliver Dazat foca esses dois personagens que se aproximam de momentos de virada em suas vidas, pois Adam está mergulhado na rotina de um trabalho no qual não tem qualquer desafio e, por isso, envolver-se com um grupo de jovens funcionários de seu escritório e ajuda-os no inusitado projeto de um museu.

Os três filhos - Kate Ashfield, Aidan McArdle e Luke Treadaway - estranham, é claro, o novo comportamento dos pais, e tentam trazê-los de volta a como eram antes e o casal de filhos mais velhos, muitas vezes, age de forma mais moralista do que os próprios pais, algo recorrente nessa década mais que careta.

Embora a trama se situe na Inglaterra, Late Bloomers poderia se passar em qualquer grande cidade, pois lida com algo que está se tornando uma questão, tanto na Europa quanto em outros lugares: como lidar com a população, cuja média de idade está cada vez mais alta?

Aqui,a diretora bebe da fonte do cinema político do pai - embora mais sutilmente - e sua visão em relação ao envelhecimento de seus personagens é generosa, mas não desprovida de certo cinismo, especialmente na forma como os filhos reagem às atitudes dos pais.

Em seu primeiro longa - A Culpa É do Fidel (2006) - a diretora olhava os turbulentos anos de 1970 pelos olhos de uma criança que perdia a inocência enquanto aprendia o peso e a importância das ideologias.

Aqui, ela aponta nosso olhar na outra extremidade da vida, quando se repensa as ideologias e se faz o balanço do que possa ter valido a pena.

Apesar do tema espinhoso - a velhice - o filme é leve, inteligente e faz pensar sem melancolia.

Confira o trailer do filme:

*****
LATE BLOOMERS - O AMOR NÃO TEM FIM
Título original:
Late Bloomers
Diretor:
Julie Gavras
Elenco:
William Hurt, Isabella Rossellini, Doreen Mantle, Kate Ashfield, Aidan McArdle, Arta Dobroshi, Luke Treadaway, Leslie Phillips, Hugo Speer, Joanna Lumley
Produção:
Bertrand Faivre, Sylvie Pialat
Roteiro:
Olivier Dazat, Julie Gavras
Fotografia:
Nathalie Durand
Trilha Sonora:
Sodi Marciszewer
Duração:
94 min.
Ano:
2011
País:
França/ Bélgica/ Reino Unido
Gênero:
Comédia Dramática
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Art Filmes
Estúdio:
Les Films du Worso/ Le Bureau/ BE-FILMS / Canal+/ CinéCinéma / Programme MEDIA de la Communauté Européenne/ i2i Audiovisual/ Procirep / Angoa-Agicoa/ uFilm
Classificação:
12 anos
COTAÇÃO DO KLAU:

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