Aos 81 anos e com mais de 60 de carreira, a atriz Nathália Timberg esteve em São Paulo para apresentar, ao lado de Rosamaria Murtinho, a temporada da peça "Sopros de Vida", escrita pelo dramaturgo inglês David Hare.
Dirigidas por Naum Alves de Souza, as atrizes interpretam duas mulheres que, após dividirem o mesmo homem por 25 anos, se encontram frente a frente para rever o passado.
Mulher e amante, ambas foram abandonadas, e a agora travam um embate tenso, revelando suas diferentes e conflitantes visões de mundo.
No ar na reprise da cult novela "Vale Tudo" - canal Viva - onde interpreta Celina, irmã da jararacuçú Odette Roitman, ela ainda recebe nas ruas elogios pela sua performance, principalmente agora que está de volta ao Rio para a gravação de "Insensato Coração", novela da Globo também escrita por Gilberto Braga, que estreia no começo de 2011, substituindo "Passione".
Nessa entrevista, a atriz fala sobre o seu trabalho em "Sopros de Vida", sobre a vontade de continuar aprendendo com o trabalho de atriz e o desejo de trabalhar mais com cinema, "esse setor no qual eu tenho sido muito bissexta".
Cristina Granato/DivulgaçãoNathália Timberg (esq) e Rosamaria Murtinho, estrelas da peça "Sopros de Vida"
Pergunta - "Sopros de Vida" é uma peça na qual você se envolveu muito em todo o processo, inclusive na tradução do texto original do inglês. O que te encantou nessa obra e criou todo esse interesse?
Nathália Timberg - O David Hare tem um texto muito especial e uma escrita muito inteligente. Nessa peça, a situação de duas mulheres que se confrontam poderia parecer banal, mas ele sai completamente do óbvio, vai por outros caminhos.
Além disso, independente de se passar na Inglaterra, é um texto universal, pelo seu tema. Se passa em uma ilha inglesa, mas poderia se passar em qualquer lugar.
Após a temporada no Rio, como foi em São Paulo?
A recepção foi muito boa, pois a peça tem muito a ver com o tipo de teatro que o público paulista gosta.
Claro que teatro é sempre uma incógnita, às vezes as pessoas podem não achar muito palatável... mas essa peça foi muito bem recebida em todos os lugares que fomos (Salvador, Recife etc.). Então, essa universalidade da peça já foi comprovada na nossa temporada. Como eu disse, o texto é perfeitamente inteligível em qualquer lugar.
Os textos de Hare às vezes trazem um inglês um pouco rebuscado. Como foi a tradução? Vocês mudaram algo do texto?
Foi uma tradução no sentido de não trair o autor. Quer dizer, não é a tradução literal do texto, mas a tradução de seu sentido. Porque a tradução literal nunca dá certo. Ser literal, sim, pode ser uma traição do autor.
Depois o Naum fez pequenos cortes de coisas que eram muito locais [da Inglaterra], mas só.
E como foi esse processo todo, ao lado da Rosamaria Murtinho e do Naum Alves de Souza?
A Rosamaria já é uma velha companheira, nós fizemos juntas "Letti e Lotte", entre outras coisas. E é sempre muito, muito prazeroso estar com ela no palco. Com o Naum é o meu primeiro trabalho e eu fiquei absolutamente apaixonada.
Com essa longa trajetória no teatro, uma coisa que o Naum Alves de Souza falou de você é da sua dedicação e interesse no trabalho, sem um pensamento como "eu já sei tudo" ou "eu já fiz tudo". Você acha que sempre há o que aprender?
Quem acha que sabe tudo é porque não sabe nada. A primeira coisa que você aprende é que você pouco sabe de tudo que tem a sua volta para ser absorvido e entendido. Então acho que ainda tenho um bom tempo de aprendizado pela frente.
E, no teatro, cada peça é um universo novo, um autor novo que tem seu próprio universo. Então é sempre uma aventura nova.
O teatro te dá mais prazer que a TV? Com qual você pretende trabalhar mais daqui para a frente?
São coisas diferentes. O que me dá prazer é fazer uma coisa bem feita, de qualidade, seja qual for a faceta do meu ofício.
Eu fiquei um tempo agora mais voltada ao teatro, mas agora começei a gravar a novela nova do Gilberto Braga ("Insensato Coração"), que é um autor que eu gosto muito. Acredito que vai ser também um momento muito prazeroso.
E o que você sente falta de fazer mais em seu trabalho?
Eu tenho feito muito pouco cinema, que eu gosto muito e gostaria de fazer mais. Eu ficaria muito feliz de explorar muito esse setor no qual eu tenho sido muito bissexta.
Dirigidas por Naum Alves de Souza, as atrizes interpretam duas mulheres que, após dividirem o mesmo homem por 25 anos, se encontram frente a frente para rever o passado.
Mulher e amante, ambas foram abandonadas, e a agora travam um embate tenso, revelando suas diferentes e conflitantes visões de mundo.
No ar na reprise da cult novela "Vale Tudo" - canal Viva - onde interpreta Celina, irmã da jararacuçú Odette Roitman, ela ainda recebe nas ruas elogios pela sua performance, principalmente agora que está de volta ao Rio para a gravação de "Insensato Coração", novela da Globo também escrita por Gilberto Braga, que estreia no começo de 2011, substituindo "Passione".
Nessa entrevista, a atriz fala sobre o seu trabalho em "Sopros de Vida", sobre a vontade de continuar aprendendo com o trabalho de atriz e o desejo de trabalhar mais com cinema, "esse setor no qual eu tenho sido muito bissexta".
Cristina Granato/DivulgaçãoNathália Timberg (esq) e Rosamaria Murtinho, estrelas da peça "Sopros de Vida"
Pergunta - "Sopros de Vida" é uma peça na qual você se envolveu muito em todo o processo, inclusive na tradução do texto original do inglês. O que te encantou nessa obra e criou todo esse interesse?
Nathália Timberg - O David Hare tem um texto muito especial e uma escrita muito inteligente. Nessa peça, a situação de duas mulheres que se confrontam poderia parecer banal, mas ele sai completamente do óbvio, vai por outros caminhos.
Além disso, independente de se passar na Inglaterra, é um texto universal, pelo seu tema. Se passa em uma ilha inglesa, mas poderia se passar em qualquer lugar.
Após a temporada no Rio, como foi em São Paulo?
A recepção foi muito boa, pois a peça tem muito a ver com o tipo de teatro que o público paulista gosta.
Claro que teatro é sempre uma incógnita, às vezes as pessoas podem não achar muito palatável... mas essa peça foi muito bem recebida em todos os lugares que fomos (Salvador, Recife etc.). Então, essa universalidade da peça já foi comprovada na nossa temporada. Como eu disse, o texto é perfeitamente inteligível em qualquer lugar.
Os textos de Hare às vezes trazem um inglês um pouco rebuscado. Como foi a tradução? Vocês mudaram algo do texto?
Foi uma tradução no sentido de não trair o autor. Quer dizer, não é a tradução literal do texto, mas a tradução de seu sentido. Porque a tradução literal nunca dá certo. Ser literal, sim, pode ser uma traição do autor.
Depois o Naum fez pequenos cortes de coisas que eram muito locais [da Inglaterra], mas só.
E como foi esse processo todo, ao lado da Rosamaria Murtinho e do Naum Alves de Souza?
A Rosamaria já é uma velha companheira, nós fizemos juntas "Letti e Lotte", entre outras coisas. E é sempre muito, muito prazeroso estar com ela no palco. Com o Naum é o meu primeiro trabalho e eu fiquei absolutamente apaixonada.
Com essa longa trajetória no teatro, uma coisa que o Naum Alves de Souza falou de você é da sua dedicação e interesse no trabalho, sem um pensamento como "eu já sei tudo" ou "eu já fiz tudo". Você acha que sempre há o que aprender?
Quem acha que sabe tudo é porque não sabe nada. A primeira coisa que você aprende é que você pouco sabe de tudo que tem a sua volta para ser absorvido e entendido. Então acho que ainda tenho um bom tempo de aprendizado pela frente.
E, no teatro, cada peça é um universo novo, um autor novo que tem seu próprio universo. Então é sempre uma aventura nova.
O teatro te dá mais prazer que a TV? Com qual você pretende trabalhar mais daqui para a frente?
São coisas diferentes. O que me dá prazer é fazer uma coisa bem feita, de qualidade, seja qual for a faceta do meu ofício.
Eu fiquei um tempo agora mais voltada ao teatro, mas agora começei a gravar a novela nova do Gilberto Braga ("Insensato Coração"), que é um autor que eu gosto muito. Acredito que vai ser também um momento muito prazeroso.
E o que você sente falta de fazer mais em seu trabalho?
Eu tenho feito muito pouco cinema, que eu gosto muito e gostaria de fazer mais. Eu ficaria muito feliz de explorar muito esse setor no qual eu tenho sido muito bissexta.
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Entrevista à Folha.com
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