segunda-feira, 18 de junho de 2012

'NATIONAL KID': SÉRIE É TOSCA, EM PRETO E BRANCO, MAS É ATEMPORAL E FASCINANTE



Tenho mais de cinquenta anos, e sou da época em que meus sonhos eram povoados por Will Robinson, Dr. Smith e o Robô B-9 em "Perdidos no Espaço" (1966-1968), cult série que a Fox já lançou em DVD anos atrás.

Da mesmíssima época, sou também fanzaço da cult série "Batman", que graças a uma disputa imbecil entre a Warner Bros. - que detém atualmente os direitos do personagem - e a 20th. Century Fox, que produziu a série com William Dozier - até hoje não foi lançada em DVD oficial, o que faz a alegria dos bolsos de quem a tem, completa, vendendo DVDs piratas - a maioria sem qualidade.

Porém, faltava outro herói igualmente importante da minha infância, que, mais do que vir do espaço, vinha mesmo é do outro lado do mundo - do Japão.

Mais rápido que os aviões a jato, mais forte que o aço, supera o impossível, o invencível super-herói, cavaleiro da paz e da justiça, National Kid defendeu a Terra de ameaças alienígenas sob o comando da imperatriz Aura e seus incas venusianos, dos seres abissais, dos seres subterrâneos...

Arquivos do Klau
Uma das raras imagens de National Kid colorida - a série foi toda filmada em preto e branco
Como o Super-homem, National Kid voava e não era terráqueo: nascido na galáxia de Andrômeda, o defensor do nosso planeta usava pistolas, voava de braços abertos, tinha a capa dividida em duas partes e foi um dos precursores das artes marciais em programas de TV.

Criado pelo departamento de marketing da National Electronics - atual Panasonic - a ação de merchandising - uma das mais bem-sucedidas do século 20 e exibida no Japão de 4 de agosto de 1960 a 27 de abril de 1961 -  conquistou fãs no mundo todo.

Arquivos do Klau
National Kid foi o único herói a voar de braços abertos
O criador do herói foi o mangaka Daiji Kazumine - o mesmo que algum tempo depois criaria outro herói espacial, Spectreman - e deveria ter poderes especiais, voar e lutar pela paz no mundo, levando o nome da empresa para ajudar a aumentar as vendas.

O seriado teve 39 episódios, distribuídos em cinco histórias:

Os Incas Venusianos
Seres de orelhas ponteagudas, vestidos em um traje cor preta com a letra Z estampada na camisa, eram comandados pela imperatriz Aura e seus dois asseclas, Kábia e Vímana.
A característica marcante era a sua saudação ao Deus deles - Auíca - para, em em seguida aparecer uma mulher executando uma dança à meia luz, enquanto eles ficavam imóveis com os braços cruzados.

Arquivos do Klau
National Kid, lutando contra os Incas Venusianos
A parte da dança foi muito cortada e por isso pouca gente pode ver e eles voavam elevando os joelhos, parecendo estar correndo no espaço.

Os Seres Abissais
Governados por Nelkon, o demônio do Reino Abissal, andavam a bordo do submarino-monstro cujo nome era Celacanto, ou Guilton.
Quando este balançava as barbatanas, provocava um terremoto, daí a famosa frase: "Celacanto provoca maremoto".

Arquivos do Klau
Um dos seres abissais do seriado
Eles eram seres das profundezas do mar revoltados com a constante poluição provocadas pelo homem lançando destroços e lixo radioativo no mar.

O Império Subterrâneo
Os seres subterrâneos, comandados por Helltar e Hana, se associam ao Dr Kuroiva, para obter a fórmula do elemento Cobálcio, que traria poderes a quem o possuísse.

Os Zarrocos do Espaço
Seres de narizes finíssimos que comandavam o monstro Giabra.
Este só não destruiu as cidades de Tóquio, Osaka e outras menos conhecidas porquê o National Kid não deixou.

O Mistério do Garoto Espacial
Tarô, o garoto espacial, usando sua nave em forma de ovo, sai de casa em seu planeta natal sem o conhecimento do seu pai e vai visitar o planeta Terra, mas é atingido por engano por um foguete lançado pelos japoneses, que não entenderam o que aconteceu.
Com a queda da sua nave, ele fica sem memória e é encontrado pelos detetives mirins, alunos de Massao Hata.
O pai de Tarô recebe a visita do Dr Kuroiva que o engana dizendo que o choque com o foguete foi um ataque terrestre contra seu filho.
Irado, este ameaça destruir a Terra, começando por Tóquio.
Seu filho, que tinha recuperado a memória, ficou amigo dos detetives mirins e tenta se comunicar telepaticamente com seu pai, em vão.
No dia em que a nave do seu pai iria destruir a Terra, Tarô e as crianças vão caminhando de mãos dadas em direção a nave que havia pousado antes, o pai de Tarô percebe que o filho está entre eles, suspende o ataque até a chegada das crianças, que o convence que os terráqueos eram boas pessoas.
Assim, a Terra é salva e quando a nave vai embora, lança um poderoso raio em direção a nave do Dr Kuroiva, que é destruída logo em seguida.
Tarô volta em segurança ao seu planeta, agradecendo a ajuda que teve dos detetives mirins.
No fim desta história, Massao Hata revela que ele é o National Kid e, com a missão cumprida, volta para Alfa-Centauro, não sem antes deixar uma mensagem de paz e otimismo.

No Brasil, a série foi exibida de 1964 até início dos anos 1970 pelas TVs Rio, Record e Globo e, dizem os fãs, só parou de passar na TV porque o então Ministro da Justiça da ditadura militar, Alfredo Buzaid, censurou todas as séries que tinham super-heróis voadores, o que deixou muitas crianças - eu incluso - bem saudosas.

Censura idiota, pois a trama é lenta, às vezes até arrastada, os detetives mirins aparecem até mais que o herói e as lutas não tem violência por serem muito bem coreografadas.

Finalmente, numa caprichada lata comemorativa, a Focus Filmes lançou em DVD toda a trajetória do herói japonês.

As cinco histórias com todos os capítulos da série estão lá, bem como a recriação da dublagem original feita pelo mesmo ator que havia dublado o herói nos anos 60.

Minha lata chegou na última quinta - dentro ainda veio um boné com o logo do herói - e eu passei todos esses dias tendo o grande prazer de apresentar National Kid para meu sobrinho Gabriel, de nove anos.

Pelos olhinhos brilhantes do garoto, deu para perceber o porquê dessa série ser absolutamente atemporal, mesmo tosca, com cenários pobres, atores amadores e em preto-e-branco ainda fascinar tanto.

E o Gabriel ainda ficou absolutamente estupefato ao me ver cantar a musiquinha de abertura num perfeito japonês - de tanto ver a série quando era criança, a letra nunca mais me saiu da cabeça!

Em promoção na Livraria da Folha, a lata está com desconto especial.

Assista à abertura da série:
*****
"NATIONAL KID - EDIÇÃO ESPECIAL DE COLECIONADOR"
Diretor:
Jun Kaoike, Nagayoshi Akasaka
Estúdio:
Focus Filmes
Tipo de mídia:
DVD
Quantidade de discos:
7
País de produção:
Japão
Duração - total:
550 minutos
Sistemas de som:
Dolby Digital 2.0
Preto e Branco/Colorido:
Preto e Branco
Classificação indicativa:
Livre
Idiomas:
Português, Japonês
Legendas:
Português
Preço Promocional:
De R$ 129,90 por R$ 74,90
Onde Comprar:
Cotação do Klau:

Um comentário:

Robson Andrade disse...

É isso aí, sou de junho de 1958! Nacional Kid é o nosso herói e não me interessa o que os outros pensam! Vou levar a bela lembrança que ele deixou, não só pra mim, como também pra todos!. Levo isso comigo pro caixão! Me orgulho de ter vivido nessa época. Se não conhece, aqui está um blog de um fã japonês que pesquisou muito. http://phosphatidylserine.cocolog-nifty.com/blog/2015/02/national-kid-in.html . Inclusive identificou locações da série original. Já conversei com ele. É bastante gentil nas respostas inclusive fazendo perguntas. Abraços.

Postar um comentário