A região da Sé, centro de São Paulo, é a que registra mais casos de homofobia na cidade.
A informação é do CCH (Centro de Combate à Homofobia), da Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual da prefeitura, órgão que recebe denúncias de manifestações homofóbicas na cidade.
A região é a única que tem uma alta concentração de casos registrados pelo órgão - os locais com média concentração são Vila Mariana, Lapa, Pinheiros, Butantã, Santana, Penha, Itaim Paulista e Capela do Socorro.
"Esta é só a ponta do iceberg", diz o coordenador geral da Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual, Franco Reinaudo.
Ele afirma que o estudo usou apenas os atendimentos do CCH em que agressor, agredido e local da agressão foram identificados.
"Em muitos casos, a pessoa não quis identificar o agressor. Mesmo que denuncie, ela ainda tem receio de, por exemplo, dizer que foi discriminada no trabalho, com medo de perder o emprego", diz.
O levantamento mostra que a maioria dos agressores têm algum tipo de vínculo com o agredido, segundo o coordenador.
A informação é do CCH (Centro de Combate à Homofobia), da Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual da prefeitura, órgão que recebe denúncias de manifestações homofóbicas na cidade.
A região é a única que tem uma alta concentração de casos registrados pelo órgão - os locais com média concentração são Vila Mariana, Lapa, Pinheiros, Butantã, Santana, Penha, Itaim Paulista e Capela do Socorro.
"Esta é só a ponta do iceberg", diz o coordenador geral da Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual, Franco Reinaudo.
Ele afirma que o estudo usou apenas os atendimentos do CCH em que agressor, agredido e local da agressão foram identificados.
"Em muitos casos, a pessoa não quis identificar o agressor. Mesmo que denuncie, ela ainda tem receio de, por exemplo, dizer que foi discriminada no trabalho, com medo de perder o emprego", diz.
O levantamento mostra que a maioria dos agressores têm algum tipo de vínculo com o agredido, segundo o coordenador.
Esta característica traz semelhanças entre a agressão contra homossexuais e a violência doméstica contra mulheres, diz Reinaldo.
Outra constatação, para o coordenador do órgão, é de que os agressores contam com a impunidade.
"Você percebe aí uma certeza de impunidade, porque o agredido saberá identificar o agressor", afirma.
Nessa semana, outro agredido pela "gangue da Paulista" veio a público, pois reconheceu seus agressores pelas matérias sobre as que a mídia vem veiculando.
Dessa vez, conta ele, a agressão foi meses atrás na região do baixo Augusta, onde se concentram as casas noturnas mais badaladas da cidade atualmente.
Se você for constrangido ou agredido pelas hordas de selvagens que agem em São Paulo, e que até outro dia praticavam esses atos covardes pela certeza da impunidade, denuncie.
Não se cale; procure o Distrito Policial mais próximo logo após a agressão; exija ser encaminhado para fazer um exame de corpo de delito, que comprovará a extensão das agressões; e procure o CCH:
CCH - Centro de Referência em Direitos Humanos de Prevenção e Combate à Homofobia
Pátio do Colégio, 5 - Centro - 1º andar
CEP: 01016-040 - São Paulo - SP
Tel.: (11) 3105.4521/ 3106.8780/ 3115.2616
E-mail: cch@prefeitura.sp.gov.br
Site: http://bit.ly/cmZ6W3
Horário: das 09h às 18h
Só assim a polícia e a Justiça terão meios legais de punir esses atos de selvageria e discriminação, que continuam a ser praticados com requintes de idade da pedra, em pleno século 21.
*****
VIOLÊNCIA CONTRA HOMOSSEXUAIS
Drauzio Varella
Outra constatação, para o coordenador do órgão, é de que os agressores contam com a impunidade.
"Você percebe aí uma certeza de impunidade, porque o agredido saberá identificar o agressor", afirma.
Nessa semana, outro agredido pela "gangue da Paulista" veio a público, pois reconheceu seus agressores pelas matérias sobre as que a mídia vem veiculando.
Dessa vez, conta ele, a agressão foi meses atrás na região do baixo Augusta, onde se concentram as casas noturnas mais badaladas da cidade atualmente.
Se você for constrangido ou agredido pelas hordas de selvagens que agem em São Paulo, e que até outro dia praticavam esses atos covardes pela certeza da impunidade, denuncie.
Não se cale; procure o Distrito Policial mais próximo logo após a agressão; exija ser encaminhado para fazer um exame de corpo de delito, que comprovará a extensão das agressões; e procure o CCH:
CCH - Centro de Referência em Direitos Humanos de Prevenção e Combate à Homofobia
Pátio do Colégio, 5 - Centro - 1º andar
CEP: 01016-040 - São Paulo - SP
Tel.: (11) 3105.4521/ 3106.8780/ 3115.2616
E-mail: cch@prefeitura.sp.gov.br
Site: http://bit.ly/cmZ6W3
Horário: das 09h às 18h
Só assim a polícia e a Justiça terão meios legais de punir esses atos de selvageria e discriminação, que continuam a ser praticados com requintes de idade da pedra, em pleno século 21.
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VIOLÊNCIA CONTRA HOMOSSEXUAIS
Drauzio Varella
A HOMOSSEXUALIDADE é uma ilha cercada de ignorância por todos os lados.
Nesse sentido, não existe aspecto do comportamento humano que se lhe compare.
Não há descrição de civilização alguma, de qualquer época, que não faça referência a mulheres e a homens homossexuais.
Apesar de tal constatação, esse comportamento ainda é chamado de antinatural.
Os que assim o julgam partem do princípio de que a natureza (leia-se Deus) criou os órgãos sexuais para a procriação; portanto, qualquer relacionamento que não envolva pênis e vagina vai contra ela(ou Ele).
Se partirmos de princípio tão frágil, como justificar a prática de sexo anal entre heterossexuais?
E o sexo oral? E o beijo na boca? Deus não teria criado a boca para comer e a língua para articular palavras?
Se a homossexualidade fosse apenas uma perversão humana, não seria encontrada em outros animais.
Desde o início do século 20, no entanto, ela tem sido descrita em grande variedade de invertebrados e em vertebrados, como répteis, pássaros e mamíferos.
Em alguma fase da vida de virtualmente todas as espécies de pássaros, ocorrem interações homossexuais que, pelo menos entre os machos, ocasionalmente terminam em orgasmo e ejaculação.
Comportamento homossexual foi documentado em fêmeas e machos de ao menos 71 espécies de mamíferos, incluindo ratos, camundongos, hamsters, cobaias, coelhos, porcos-espinhos, cães, gatos, cabritos, gado, porcos, antílopes, carneiros, macacos e até leões, os reis da selva.
A homossexualidade entre primatas não humanos está fartamente documentada na literatura científica.
Já em 1914, Hamilton publicou no "Journal of Animal Behaviour" um estudo sobre as tendências sexuais em macacos e babuínos, no qual descreveu intercursos com contato vaginal entre as fêmeas e penetração anal entre os machos dessas espécies.
Em 1917, Kempf relatou observações semelhantes.
Masturbação mútua e penetração anal estão no repertório sexual de todos os primatas já estudados, inclusive bonobos e chimpanzés, nossos parentes mais próximos.
Considerar contra a natureza as práticas homossexuais da espécie humana é ignorar todo o conhecimento adquirido pelos etologistas em mais de um século de pesquisas.
Os que se sentem pessoalmente ofendidos pela existência de homossexuais talvez imaginem que eles escolheram pertencer a essa minoria por mero capricho.
Quer dizer, num belo dia, pensaram: eu poderia ser heterossexual, mas, como sou sem-vergonha, prefiro me relacionar com pessoas do mesmo sexo.
Não sejamos ridículos; quem escolheria a homossexualidade se pudesse ser como a maioria dominante?
Se a vida já é dura para os heterossexuais, imagine para os outros.
A sexualidade não admite opções, simplesmente se impõe.
Podemos controlar nosso comportamento; o desejo, jamais.
O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira.
Mais antiga do que a roda, a homossexualidade é tão legítima e inevitável quanto a heterossexualidade.
Reprimi-la é ato de violência que deve ser punido de forma exemplar, como alguns países o fazem com o racismo.
Os que se sentem ultrajados pela presença de homossexuais que procurem no âmago das próprias inclinações sexuais as razões para justificar o ultraje.
Ao contrário dos conturbados e inseguros, mulheres e homens em paz com a sexualidade pessoal aceitam a alheia com respeito e naturalidade.
Negar a pessoas do mesmo sexo permissão para viverem em uniões estáveis com os mesmos direitos das uniões heterossexuais é uma imposição abusiva que vai contra os princípios mais elementares de justiça social.
Os pastores de almas que se opõem ao casamento entre homossexuais têm o direito de recomendar a seus rebanhos que não o façam, mas não podem ser nazistas a ponto de pretender impor sua vontade aos mais esclarecidos.
Afinal, caro leitor, a menos que suas noites sejam atormentadas por fantasias sexuais inconfessáveis, que diferença faz se a colega de escritório é apaixonada por uma mulher?
Se o vizinho dorme com outro homem?
Se, ao morrer, o apartamento dele será herdado por um sobrinho ou pelo companheiro com quem viveu por 30 anos?
Dr. Drauzio Varella é um dos mais renomados médicos brasileiros.
Seu livro "Estação Carandirú" - onde ele narra suas experiências com a dura realidade dos presídios brasileiros em um trabalho de prevenção à AIDS realizado na Casa de Detenção de SP - até hoje é um dos mais vendidos, e foi transformado em um ótimo filme pelo cineasta Hector Babenco em 2002.
Artigo publicado pela "Folha de S.Paulo" no último sábado, 4.11.2010.
Nesse sentido, não existe aspecto do comportamento humano que se lhe compare.
Não há descrição de civilização alguma, de qualquer época, que não faça referência a mulheres e a homens homossexuais.
Apesar de tal constatação, esse comportamento ainda é chamado de antinatural.
Os que assim o julgam partem do princípio de que a natureza (leia-se Deus) criou os órgãos sexuais para a procriação; portanto, qualquer relacionamento que não envolva pênis e vagina vai contra ela(ou Ele).
Se partirmos de princípio tão frágil, como justificar a prática de sexo anal entre heterossexuais?
E o sexo oral? E o beijo na boca? Deus não teria criado a boca para comer e a língua para articular palavras?
Se a homossexualidade fosse apenas uma perversão humana, não seria encontrada em outros animais.
Desde o início do século 20, no entanto, ela tem sido descrita em grande variedade de invertebrados e em vertebrados, como répteis, pássaros e mamíferos.
Em alguma fase da vida de virtualmente todas as espécies de pássaros, ocorrem interações homossexuais que, pelo menos entre os machos, ocasionalmente terminam em orgasmo e ejaculação.
Comportamento homossexual foi documentado em fêmeas e machos de ao menos 71 espécies de mamíferos, incluindo ratos, camundongos, hamsters, cobaias, coelhos, porcos-espinhos, cães, gatos, cabritos, gado, porcos, antílopes, carneiros, macacos e até leões, os reis da selva.
A homossexualidade entre primatas não humanos está fartamente documentada na literatura científica.
Já em 1914, Hamilton publicou no "Journal of Animal Behaviour" um estudo sobre as tendências sexuais em macacos e babuínos, no qual descreveu intercursos com contato vaginal entre as fêmeas e penetração anal entre os machos dessas espécies.
Em 1917, Kempf relatou observações semelhantes.
Masturbação mútua e penetração anal estão no repertório sexual de todos os primatas já estudados, inclusive bonobos e chimpanzés, nossos parentes mais próximos.
Considerar contra a natureza as práticas homossexuais da espécie humana é ignorar todo o conhecimento adquirido pelos etologistas em mais de um século de pesquisas.
Os que se sentem pessoalmente ofendidos pela existência de homossexuais talvez imaginem que eles escolheram pertencer a essa minoria por mero capricho.
Quer dizer, num belo dia, pensaram: eu poderia ser heterossexual, mas, como sou sem-vergonha, prefiro me relacionar com pessoas do mesmo sexo.
Não sejamos ridículos; quem escolheria a homossexualidade se pudesse ser como a maioria dominante?
Se a vida já é dura para os heterossexuais, imagine para os outros.
A sexualidade não admite opções, simplesmente se impõe.
Podemos controlar nosso comportamento; o desejo, jamais.
O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira.
Mais antiga do que a roda, a homossexualidade é tão legítima e inevitável quanto a heterossexualidade.
Reprimi-la é ato de violência que deve ser punido de forma exemplar, como alguns países o fazem com o racismo.
Os que se sentem ultrajados pela presença de homossexuais que procurem no âmago das próprias inclinações sexuais as razões para justificar o ultraje.
Ao contrário dos conturbados e inseguros, mulheres e homens em paz com a sexualidade pessoal aceitam a alheia com respeito e naturalidade.
Negar a pessoas do mesmo sexo permissão para viverem em uniões estáveis com os mesmos direitos das uniões heterossexuais é uma imposição abusiva que vai contra os princípios mais elementares de justiça social.
Os pastores de almas que se opõem ao casamento entre homossexuais têm o direito de recomendar a seus rebanhos que não o façam, mas não podem ser nazistas a ponto de pretender impor sua vontade aos mais esclarecidos.
Afinal, caro leitor, a menos que suas noites sejam atormentadas por fantasias sexuais inconfessáveis, que diferença faz se a colega de escritório é apaixonada por uma mulher?
Se o vizinho dorme com outro homem?
Se, ao morrer, o apartamento dele será herdado por um sobrinho ou pelo companheiro com quem viveu por 30 anos?
Dr. Drauzio Varella é um dos mais renomados médicos brasileiros.
Seu livro "Estação Carandirú" - onde ele narra suas experiências com a dura realidade dos presídios brasileiros em um trabalho de prevenção à AIDS realizado na Casa de Detenção de SP - até hoje é um dos mais vendidos, e foi transformado em um ótimo filme pelo cineasta Hector Babenco em 2002.
Artigo publicado pela "Folha de S.Paulo" no último sábado, 4.11.2010.
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