Foto: Jorge Elias Jorge/CZN
Com tanta experiência, Elias não é do tipo de ator que faz composição de personagem.
Para ele, em uma obra aberta como uma novela, esse tipo de trabalho chega a ser uma perda de tempo.
"Quando o ator é escalado para uma trama, ele recebe uma sinopse. Depois do quinto capítulo, pode jogar fora, porque o personagem já não é nada daquilo que estava escrito", diverte-se.
Em uma trama cercada de mistérios, onde a cada capítulo um novo personagem pode ser uma vítima ou o assassino, então, as mudanças são inevitáveis.
"Ainda dou corda. Coloco uns olhares para que o telespectador se pergunte o que está acontecendo", revela.
Divulgação/TV Globo
E o mistério se mantém nas ruas.
Tanto que, quando é abordado por espectadores, Elias é sempre sabatinado com perguntas sobre quem matou o Saulo, personagem de Werner Schünnemann, e qual o segredo de Brígida, vivida por Cleide Yáconis.
Mas o ator faz questão de manter o clima de suspense.
"É segredo e segredo a gente não conta. A relação dele com a Brígida é mistério para todo mundo. Eu tenho a impressão que é segredo até para o autor da novela", ressalta ele, que ainda espera que Silvio de Abreu guarde uma reviravolta para Diógenes.
Em 50 anos de profissão, você já interpretou tipos muito simpáticos e até vilões na televisão. Como é trabalhar em uma trama de mistério?
Eu adoro trabalhar com mistério. E ainda dou corda! Coloco uns olhares em cena, para que o telespectador pense "o que está acontecendo?". Quando saio às ruas as pessoas me perguntam qual o segredo da Brígida, quem matou o Saulo... O duro é quando não falam nada, quando você passa e ninguém te conhece.
Você estreou na TV em 1959. Qual a maior diferença na forma de fazer novelas hoje em dia?
O que mudou foi a tecnologia. Hoje, existe uma preocupação muito grande com detalhes e não com o lado artístico. Por exemplo, hoje, o cantor que não tem voz pode cantar, porque a tecnologia melhora a voz dele. Na atuação também. Tem gente que sai do "Big Brother" e quer se tornar ator.
Em 2009, gravei "Caminho das Índias" e este ano estou em "Passione". Estou sempre no ar, então quer dizer que não falta, né? O que eu sempre digo é o seguinte: você não pode ser astro de uma novela só, assim como não pode ser um cantor de uma música só. Tudo depende da dedicação das pessoas.
Aos 76 anos e mais de 50 personagens no currículo, qual a sua motivação para continuar atuando?
Cada personagem é uma novidade. Quando recebo uma sinopse, vou descobrindo como é o papel e trabalhando o personagem, sempre tem uma característica que me faz dizer "puxa, que legal". Isso é o que me entusiasma. É poder sempre fazer algo diferente.
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Matéria de Natalia Palmeira - Pop TV
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