sexta-feira, 27 de abril de 2012

'OS VINGADORES - THE AVENGERS': PRESIDENTE DA MARVEL STUDIOS E DIRETOR DO LONGA CONTAM O QUE FIZERAM PARA REALIZA-LO E MANTER O ELENCO ESTELAR UNIDO


Regra básica para histórias de encontros de super-heróis nos gibis: antes de enfrentar uma ameaça comum, eles saem no braço.

Não seria diferente em "Os Vingadores - The Avengers", que marca o fim da primeira e vitoriosa fase da Marvel no cinema reunindo seus maiores heróis contra um inimigo que, sozinhos, eles não conseguiriam enfrentar.

Em teoria, a ideia de juntar tantos heróis em um só filme é sensacional; na prática, é um esforço fenomenal para encontrar uma dinâmica que funcione bem no cinema, dando espaço para cada personagem e criando uma narrativa em que cada peça é tão importante quanto o todo.

O mesmo pode ser dito do lado de cá das câmeras: diversas produções no cinema e na TV com grandes elencos e grandes egos criavam um clima belicoso no set.

Batman e Robin – ou Adam West e Burt Ward – nem trocavam olhares na cult série (1966-1968); recentemente, o elenco de "Glee" fechou o tempo contra a “diva” Lea Michelle.

Por outro lado, George Clooney e cia. se divertem tanto quanto a plateia em "Onze Homens e um Segredo" e suas continuações  e os atores de "O Sucesso a Qualquer Preço" apareciam no set do filme de James Foley mesmo quando não tinham de trabalhar, só para ver os colegas em ação.

"Os Vingadores - The Avengers", felizmente, caiu nesta segunda categoria: apesar dos grandes nomes envolvidos, as filmagens seguiram de maneira harmoniosa, com Robert Downey Jr., Chris Evans e Jeremy Renner, ao lado dos outros companheiros, passando tempo juntos nas folgas.

“A filmagem foi espetacular porque todo mundo estava lá para apoiar o companheiro”, revela Kevin Feige, produtor do filme e presidente do Marvel Studios.
“A ideia sempre foi que essa camaradagem fosse refletida em cena.”
Collider
O presidente do Marvel Studios, Kevin Feige

Responsável por encontrar esse equilíbrio de ambos os lados da câmera, o diretor Joss Whedon pode ter pouca experiência como diretor de cinema, mas não é estranho em administrar grandes equipes.
“Foi basicamente o que eu fiz em meu trabalho na TV com 'Buffy, a Caça-Vampiros', e até num filme pequeno que rodei, uma adaptação de 'Muito Barulho por Nada', de Shakespeare”, explica.

“Em um filme assim, todo mundo precisa ter seu momento, e todo mundo precisa ser importante para a trama. Eu gosto de trabalhar assim, é meio que minha coisa. Talvez tenha sido por isso que me chamaram.”

De cara, Whedon teve de acalmar, se não um ego, mas uma personalidade forte: logo na primeira reunião para decidir o rumo do filme, o ator Robert Downey Jr. o chamou de lado e disse que com certeza Tony Stark tinha de guiar a trama.
“Tony Stark”, no caso, é o Homem de Ferro, que Downey interpretou no filme de 2008 e que ressuscitou sua carreira de forma espetacular.

Stark é o personagem mais famoso da equipe e seria comercialmente natural que o projeto se tornasse “Homem de Ferro e Seus Amigos”.
Os números não mentem:  os dois filmes do herói da armadura vermelha e dourada renderam US$ 1,2 bilhão – mais que a bilheteria combinada dos três outros filmes oficiais da Marvel - "O Incrível Hulk", "Thor" e "Capitão América: O Primeiro Vingador".

O plano de Whedon, por outro lado, era fazer do Capitão América o foco da narrativa.
“Como ele é o peixe fora d’água, o homem fora de seu tempo, achei que seria interessante conduzir este novo mundo por seus olhos”, explica o diretor.
“Mas seria um erro. O mais interessante em criar um filme assim é dar espaço a cada um e deixar que o texto dê a eles a chance de brilhar.”

"Os Vingadores - The Avengers" nem é a primeira vez que Joss se viu com este dilema: quando ele lançou a série "Astonishing X-Men" nos quadrinhos, o caminho óbvio era centrar a trama em Wolverine - de longe o mutante mais famoso da Marvel - e correr para o abraço.
Na prática, o primeiro arco deu mais espaço a Colossus, personagem que inclusive se acreditava estar morto nos gibis e foi trazido de volta por Whedon.
Collider
O diretor de "Os Vingadores - The Avengers", Joss Whedon

Embora Joss Whedon tenha sido o diretor ideal para dar rumo ao desafio de concretizar "Os Vingadores - The Avengers" no cinema, a ideia já circulava na cabeça de Kevin Feige pelo menos desde 2006.

Foi o ano em que ele se preparava para assumir a presidência do Marvel Studios, que dois anos antes tinha conseguido levantar mais de US$ 500 milhões na forma de financiamento para trazer seus personagens para o cinema de forma independente – os direitos cinematográficos dos "X-Men", por exemplo, são da Fox; o "Homem-Aranha" é propriedade da Sony.

O acordo inicial da Marvel previa dez filmes em oito anos, envolvendo super-heróis como Pantera Negra, Capitão América, Homem-Formiga e Doutor Estranho.

Quando Feige assumiu a presidência da Marvel em 2007, os direitos de Hulk e Thor haviam revertido de volta para a empresa, e o longa do Homem de Ferro já estava engatilhado.

“Na época eu sabia que os personagens principais de 'Os Vingadores' estavam em nossas mãos”, lembra Feige.
“Mas juntar todos em um filme só parecia impossível.”

“Além de todo mundo ter de estar com a agenda livre, é complicado segurar a pressão dos dois lados”, confessa Feige.
“Não queríamos um filme com um protagonista e vários coadjuvantes e não queríamos atores mais preocupados com seu nome no cartaz do que com o grupo. Conseguimos o melhor dos dois mundos.”

Chris Evans, intérprete do Capitão América, resume o espírito de equipe que contagiou o elenco:
“Eu olhava para um lado e via Robert como o Homem de Ferro; olhava para o outro e estava Chris empunhando o martelo do Thor. Posso dizer que foi um trabalho que me deixava com um sorriso estampado no rosto”.

“Era como Onze Homens e Um Segredo”, brinca Feige.
“O mais difícil é juntar todo mundo no mesmo lugar. Depois, é só deixar a coisa rolar.”

Talvez por isso que, logo depois da pré-estreia do filme em Los Angeles, com menos de um mês da estreia oficial da aventura, todo o elenco deixou a festa no cinema El Capitán e seguiu para o estúdio a fim de filmar mais uma cena misteriosa do longa.

O movimento, denunciado na manhã seguinte por Robert Downey Jr. durante entrevista coletiva do filme, foi prontamente negado por Joss Whedon e por Kevin Feige – eles se reuniram, sim, mas não para filmar uma nova cena, e sim para reparar outra.

“A gente fez algo novo, sim”, dispara Mark Ruffalo, que interpreta Bruce Banner e seu alter-ego, o Hulk.
“Só confesso que não faço a mínima ideia de que forma ela será encaixada no filme.”
*****
Matéria do jornalista brasileiro que mais entende de super-heróis - Roberto Sadovski -  para o UOL em Los Angeles

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