Há um ano, Tom Hiddleston era um nome praticamente desconhecido fora da Inglaterra, onde atuava no teatro e na TV.
Mas o sucesso estava perto para o jovem inglês que estudou no tradicional colégio Eton, escola frequentada pela elite e realeza, e se formou com louvor na Universidade de Cambridge.
Pouco antes de aparecer nas telonas como o escritor F. Scott Fitzgerald - em “Meia-Noite em Paris” (2011), de Woody Allen - Hiddleston assumiu o papel do vilão Loki, vingativo irmão adotivo do Deus do Trovão em “Thor” (2011), dirigido por Kenneth Branagh.
O personagem lhe daria visibilidade e é forte concorrente ao posto de vilão do ano, já que, com o lançamento de "Os Vingadores - The Avengers", nesta sexta (27), o ator repere o papel, agora alçado ao posto de grande vilão da trama - com um inimigo tão poderoso, só Thor não basta, e Nick Fury reúne vários heróis para formarem um supergrupo para combatê-lo.
E o ator parece levar a sério a dedicação aos filmes de super-heróis: em 19 de abril, Hiddleston publicou no blog de cinema do jornal inglês “The Guardian” um artigo em que defende que “filmes de super-heróis, como "Os Vingadores - The Avengers"’, não devem ser desprezados” e “têm muito a nos ensinar sobre fé e humanidade”.
Hiddleston falou à repórter Natalia Engler, do UOL, por telefone, de Miami.
Divulgação - Marvel
Tom Hiddleston como o vilão Loki em "Os Vingadores - The Avengers"
UOL - Qual é a fonte da raiva de Loki? Qual é o problema com ele?
Tom Hiddleston - Eu acho que ele foi ferido por essa sensação de traição. Acho que ele se sente muito traído por sua família. Sua verdadeira história familiar é que ele foi o filho ilegítimo de um monstro, abandonado para morrer no frio, e foi adotado e criado como irmão de Thor. E só contam a verdade para ele muito mais tarde. Acho que ele fica furioso de ser tratado de forma tão injusta pelo universo. Ele precisa de um abraço [risos].
Você conseguiu se identificar com ele de alguma forma?
Todo mundo neste planeta teve momentos em que se sente sozinho, mal-compreendido ou chateado porque foi traído. É só lembrar como é isso e expandir para um nível muito, muito, muito, muito maior. Mas em relação a essa coisa de conquistar o mundo, isso é novo para mim. Não há nada disso em mim, posso garantir [risos].
Nem mesmo quando você era criança?
[Ri muito]. Não, prometo para você. Minha mãe diz que eu era uma criança muito quieta e pacífica. Então, não sei de onde essa coisa de dominar o mundo veio [risos].
Qual é o seu super-herói favorito?
Eu cresci assistindo o Super-Homem de Christopher Reeve e ele realmente era meu herói. Era minha coisa favorita quando criança. As coisas com as quais entramos em contato quando somos crianças ajudam a formar nossa imaginação, porque moldam a maneira como vemos o mundo de uma maneira muito sutil. E Christopher Reeve era tão genuinamente heróico, amável, engraçado e doce. Quando soube que ele tinha caído de um cavalo e sofrido um acidente, eu realmente não pude acreditar. Claro que eu sabia que Christopher Reeve não era o Super-Homem, mas ele representava o Super-Homem na minha cabeça. É louco que esse ator que representava um super-herói fosse frágil.
E qual é seu super-vilão favoritos?
São dois, ambos interpretados por Alan Rickman. Ele interpreta Hans Gruber em “Duro de Matar” (1988), o primeiro “Duro de Matar”, com Bruce Willis, e está absolutamente fantástico. E também em “Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões” (1991). Ele está hilário nesse filme. Ele diz a seus homens para cancelar o Natal em “Robin Hood” [ri muito]. Lembro-me muito bem.
Para você, qual é o atrativo dos super-heróis e porque as pessoas continuam a gostar de histórias desse tipo de geração em geração?
Sinto que todas as sociedades inconscientemente inventam histórias para explicar sua humanidade. Os gregos antigos e os romanos tinham deuses, os povos do norte tinham deuses, a cultura indiana tem uma mitologia enorme, com histórias incríveis e épicas sobre amor, família e guerra. Cansei de filosofar muito sobre o assunto, mas acho que histórias em quadrinhos são uma extensão desse instinto coletivo. De algum modo, foram aceitas como uma mitologia contemporânea. Essa ideia do super-herói, alguém que é como nós, mas tem a habilidade de fazer coisas que todos nós gostaríamos de fazer. É a questão eterna que toda criança pergunta no playground: “se você tivesse um super poder, qual seria?”. E eu acho que todos gostaríamos de ter um super poder e fazer do mudo um lugar melhor. Sinto que essa ideia de ter a liberdade de fazer coisas que não podemos fazer apela para um tipo de instinto com que todos nascemos.
Qual é a parte mais difícil de interpretar um super-vilão?
A parte mais difícil é fazer parecer real e tentar achar a energia para projetar todas suas feridas espirituais. Ele tem muita raiva, ciúmes e orgulho. E sob todo esse mal, ele é apenas uma alma perdida e machucada. Algumas vezes, quando eu levantava de manhã e me sentia otimista com a vida, de bom humor, feliz, pensava “Preciso ir trabalhar e ficar muito irritado com todo mundo” [risos]. Essa era a parte mais difícil.
Para você, o Loki de “Thor” foi diferente do Loki de “Os Vingadores”?
Eu tive que entrar muito mais em forma. Tive que fazer mais treinamentos, melhorar meu estado físico. Porque tive muita ação. E com muita frequência eu tinha que filmar lutas, dia após dia, após dia. E então tinha uma cena grande de diálogo para fazer. Eu precisava ter certeza de que estaria em forma para ter energia suficiente para terminar a filmagem. Treinei muito com os dublês e fiz artes marciais mistas (MMA). Foi ótimo. Foi um trabalho duro, mas foi maravilhoso.
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