O diretor francês Jean-Jacques Annaud é um hábil artesão daquilo que chamamos de "épico".
Na sua filmografia, "O Nome da Rosa" (1986) - que foi um sucesso de crítica e público - é um bom exemplo do gênero, com cenários espetaculares, direção de atores enxuta e segura e fotografia e direção de arte criativas.
A obra do diretor busca incessantemente a relação entre o tempo e o espaço - já visitou a pré-história, em "A Guerra do Fogo", a Idade Média, em "O Nome da Rosa" e a Segunda Guerra Mundial, em "Círculo do Fogo".
Agora, Annaud premia os amantes do épico com "O Príncipe do Deserto", onde prefere não mergulhar na questão do choque de culturas e interesses entre os ocidentais e os árabes, principalmente petróleo.
No longa, coprodução entre a França e o Catar e filmada nesse país e na Tunísia - nos mesmos cenários de "Star Wars" e "Caçadores da Arca Perdida" - o deserto do título ganha status de personagem principal na história do príncipe Auda - Tahar Rahim - e pode ser aliado ou o maior inimigo na história do rapaz, dividido entre dois mundos.
Nos primeiros anos do século 20, Auda é ainda um menino, que juntamente com seu irmão é entregue ao Emir Nassib - Antonio Banderas, com o brilho de sempre - como garantia de um acordo de paz numa guerra perdida por seu pai, o Sultão Amar - Mark Strong.
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O astro espanhol Antonio Banderas, em cena como o Emir Nassib em "O Príncipe do Deserto"
O tempo passa, e quando americanos do Texas chegam para explorar o petróleo nas terras de Nassib, surge uma disputa entre os dois 'pais' de Auda, que para tentar acabar com a disputa, se casa com a filha de Nassib, Leyla - Freida Pinto - por quem já era apaixonado.
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A atriz indiana freida Pinto, como Leyla, em cena do filme
Só que Amar quer vingar a morte de seu filho preferido, irmão de Auda, morto a mando de Nassib, o jovem príncipe é enviado como mensageiro da paz junto a seu verdadeiro pai, mas o plano não funciona.
A partir daí, a trama foca em batalhas que acontecem durante a travessia de Auda e seu grupo pelo deserto.
O motivo para a travessia se esvai ao longo do caminho, porquê a trama prefere o lado romântico, com Auda tentando retornar para sua Leyla.
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O ator francês de ascendência argelina Tahar Rahim é Auda, protagonista de "O Príncipe do Deserto"
O ator Tahar Rahim vive aqui um personagem completamente diferente do gângster que interpretou no filme francês que o revelou ao mundo - "O Profeta".
Seu personagem é másculo como poucos, começa sua jornada com muitos livros à volta - Auda é um romântico apaixonado - e o longa acompanha seu amadurecimento como líder político - só esse desempenho inspirado e sua bonita presença na telona já valem o ingresso.
A parte cômica fica por conta de Ali - Riz Ahmed - o meio-irmão de Auda renegado pelo pai, que exerce a medicina e sai pelo deserto com o irmão e seu exército.
Se os texanos exploradores de petróleo são vistos, durante boa parte do filme, como mocinhos, quando a presença deles muda de figura, eles não são demonizados, já que o longa nunca se arrisca sobre essa e outras questões polêmicas.
Melhor assim, pois se o épico tem tons fortes, não é um filme que procura explicações, só permite ao espectador uma diversão de primeira.
Confira o trailer do filme:
*****
"O PRÍNCIPE DO DESERTO"
Título original:
Black Gold
Diretor:
Jean-Jacques Annaud
Elenco:
Tahar Rahim, Mark Strong, Antonio Banderas, Freida Pinto, Riz Ahmed, Jamal Awar, Lotfi Dziri, Eriq Ebouaney, Mostafa Gaafar, Akin Gazi, Ziad Ghaoui, Corey Johnson
Produção:
Tarak Ben Ammar
Roteiro:
Jean-Jacques Annaud, Menno Meyjes, baseado na obra de Hans Ruesch
Fotografia:
Jean-Marie Dreujou
Trilha Sonora:
James Horner
Duração:
130 min.
Ano:
2012
2012
País:
França/ Itália/ Catar
Gênero:
Drama
Cor:
Colorido
Distribuidora:
Warner Bros.
Estúdio:
France 2 Cinéma / Quinta Communications / Prima TV / Carthago Films S.a.r.l. / The Doha Film Institute
Classificação:
12 anos
Cotação do Klau:
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