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Confira nossa crítica sobre o maior fenômeno do YouTube de todos os tempos
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‘Voldemort: A Origem do Herdeiro‘ foi lançado no último dia 13 de Janeiro - e se tornou o vídeo mais visto do YouTube.
O filme se tornou o #1 nos Vídeos em Alta da plataforma, e foi assistido 2 milhões de vezes em apenas 12 horas.
Nessa quarta (17), ele já acumula 9.266.368 visualizações.
O filme é uma produção original independente de 52 minutos feita pela italiana Tryangle Films, que conta um pouco mais sobre o passado de Tom Riddle, e como se tornou o maior bruxo das trevas de todos os tempos.
O filme não tem qualquer ligação com a Warner Bros. ou com J.K. Rowling - explicam os produtores logo no começo.
Porém, a Warner Bros. não só autorizou que fosse produzido, como disponibilizado gratuitamente no YouTube - um feito e tanto, considerando a mão de ferro com que o estúdio cuida de suas marcas e personagens.
CRÍTICA: NÃO É QUE O FILME FUNCIONA?
A internet trouxe inúmeros benefícios à forma como vivemos hoje, principalmente para o mundo do cinema.
Antes, quando os fãs estavam insatisfeitos com algum elemento dentro de uma produção, precisavam escrever cartas (muitas vezes ignoradas) para os estúdios – foi o caso do grande protesto contra Michael Keaton, quando ele foi o escolhido para ser o Batman no longa de Tim Burton, de 1989.
Hoje, os milhões de vozes na internet fazem a diferença - para o bem ou para o mal - ajudando a moldar produções cinematográficas, num feedback quase em tempo real.
É claro que tal artifício também ajuda a criar cada vez mais crianças mimadas (e adultos também), precisando ter sua vontade satisfeita acima de qualquer coisa.
Com o cinema, no entanto, podemos dizer que o buraco é mais embaixo, e sempre coube a diretores (ao menos os bons, como Hitchcock e Kubrick) desafiar seu público, mostrando algo de difícil acesso e digestão, e o colocando para pensar um pouco fora da casinha.
Bem, todo esse discurso de abertura foi para dizer que a internet, que deu voz ao público, também o possibilitou a criar – pois é, tem gente que prefere pôr a mão na massa e não apenas ficar de mimimi reclamando.
Cena do longa - Fotos: Divulgação/Tryangle Films |
Você certamente já ouviu falar das fanfics, literatura amadora criada por fãs, expandindo o universo de seus personagens preferidos, sem os direitos para serem comercializados.
Pois bem, numa dessas obras literárias extraoficiais, foi aonde E.L. James se deu muito bem.
A moça começou a “carreira” escrevendo histórias “expandidas” de 'Crepúsculo'.
Seu próximo passo foi criar seu próprio livro, com 'Cinquenta Tons de Cinza' e suas continuações.
Hoje, James é milionária enquanto nós ficamos chupando o dedo.
Com a internet, o mesmo começa a ocorrer no cinema.
Sem os direitos sobre seus personagens preferidos, muitos cineastas amadores começam a produzir seus filmes de fã, e soltar na internet - franquias de horror, como 'Sexta-feira 13', 'A Hora do Pesadelo' e 'Halloween', já foram homenageadas.
O uruguaio Fede Alvarez conseguiu emprego como diretor no remake de 'A Morte do Demônio' (2013) ao lançar seu curta 'Panic Attack' (2009) no Youtube, e com ele fazer um grande sucesso.
Hoje, é um dos jovens cineastas de maior promessa em Hollywood.
Outro caso foi o do sul africano Neill Blomkamp, um cineasta de nome, que conseguiu um acordo (que ainda não se concretizou) com a FOX ao expôr suas artes para uma possível sequência de 'Alien' na internet.
Ou seja, a força desta vitrine atualmente é inegável.
É esse o caso de 'Voldemort: A Origem do Herdeiro', produção independente italiana que nada tem a ver com a franquia oficial de 'Harry Potter', da Warner e J.K. Rowling.
A produção, uma das mais ambiciosas estreia no Youtube, se tornou a produção do gênero mais acessada da história do site de vídeos e pode render em breve fama e sucesso para seu criador, o italiano Gianmaria Pezzato, que escreveu o roteiro, dirigiu e cuidou da edição e efeitos especiais.
O resultado ficou muito bom, não devendo nada (ou quase nada) às produções hollywoodianas - e se formos levar em conta se tratar de uma produção “amadora” independente, os efeitos e a edição ficam ainda mais impressionantes.
A trama, que serve como um adendo ao universo de Harry Potter, mostrado em especial nos filmes da franquia original (oito ao total) – sem levarmos em conta os derivados em vigor, de 'Animais Fantásticos' – é focada numa parcela da vida de Tom Riddle, o jovem que viria a se transformar no grande vilão deste universo, Lorde Voldemort.
Na realidade, o média-metragem de 50 minutos de duração, não foca muito em como Riddle (aqui interpretado por Stefano Rossi) foi seduzido pelo “lado sombrio”, e já mostra o futuro Lorde das Sombras dono de suas tendências malignas – mostrando que ele sempre foi assim.
Quando a história começa, Grisha McLaggen (Maddalena Orcali) está tentando invadir uma base de bruxos russos para recuperar um item, o diário de Tom Riddle, artefato que é o grande McGuffin de 'Harry Potter e a Câmara Secreta' (2002), e igualmente se mostra primordial aqui.
Capturada, ela passa o filme contando sua história através de flashbacks, sobre seu envolvimento com Riddle e o grupo de quatro colegas, todos descendentes diretos das principais casas de Hogwarts: Sonserina, Corvinal, Lufa-Lufa e Griffinória.
Figuras lendárias deste universo, como Dumbledore e Grindelwald (personagem de Johnny Depp nos novos derivados) são mencionados e servem como peças para esta trama, sem de fato darem as caras.
O filme só deixa a desejar nos diálogos, que soam estranhos, como se tivessem sido dublados em inglês.
Se na página do filme no IMDB, encontramos a Itália como país de produção e o inglês como a língua falada, ao assistirmos ao filme, no entanto, podemos notar que algo não bate muito bem, como uma falta de sincronia do som que ouvimos com a boca dos atores – em alguns momentos inclusive é visível que não estão dizendo seus diálogos em inglês (como na cena dos quatro descendentes duelando).
Em outros trechos reparamos closes excessivos nos olhos, em situações que deveriam ser dramáticas e mostrar todo o rosto de seus interlocutores - um artifício para esconder suas bocas, que não estariam entregando o texto exato.
Mas estes são detalhes menores dentro de uma produção tão bem trabalhada e bem cuidada.
O filme talvez seja exclusivamente recomendado para todos os aficionados e entusiastas do universo de Harry Potter, mas mesmo para quem não é fã, como eu, é inegável a sua qualidade - e esse é o maior elogio e aval que um filme pode receber, quando consegue conquistar alguém que não é especificamente seu público-alvo, já que os fãs irão comprar qualquer coisa relacionada ao seu objeto de afeto.
Mesmo aparentando o episódio piloto de uma série (por seu tempo de duração), o filme sobressai e consegue ser melhor do que muita produção profissional, tanto na TV quanto no cinema.
Acima de tudo, demonstra a força que os fãs – mesmo os não americanos – possuem e são capazes de realizar.
COTAÇÃO DO KLAU:
Agora que você já leu a crítica, assista na íntegra:
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