quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

'O ABUTRE': JAKE GYLLENHAAL MAGNÍFICO, NUM DOS MELHORES LONGAS DO ANO


SINOPSE:

Enfrentando dificuldades para conseguir um emprego formal, Louis Bloom (Jake Gyllenhaal) decide entrar para o sangrento e sensacionalista submundo do jornalismo criminal independente de Los Angeles.

Assim, ele passa a correr atrás de crimes e acidentes chocantes, registrar tudo em vídeo e vender a história para veículos sensacionalistas interessados.

Só que, em busca de mais e mais imagens chocantes, Bloom ultrapassa a linha entre observador e participante para se tornar a estrela de sua própria reportagem.

CRÍTICA:

'O Abutre' - que estreia hoje em 35 salas em todo o Brasil - é um filme sombrio e niilista sobre os males da mídia moderna e como a sociedade incentiva essa insanidade que toma conta de jornais do mundo todo, sempre interessados em violência ou cenas chocantes.

O longa, que marca a estreia na direção do roteirista Dan Gilroy ('O Legado Bourne'), é pesado, cruel e, estranhamente, divertido, além de apresentar uma das atuações mais esquisitas e impactantes da carreira de Jake Gyllenhaal, um ator dos mais versáteis que vai da ação ao drama, do humor ao sombrio, mostrando sempre e a cada novo trabalho porquê é considerado o melhor ator da sua geração.

O Abutre : Foto
Jake Gyllenhaal como  Lou Bloom, em cena do longa - Fotos dessa Postagem: Divulgação/Diamond Films
Aqui, Gyllenhaal vive Lou Bloom, que logo na cena de abertura ataca um guarda de uma empresa e rouba grades para vender o metal.

O protagonista, claramente, tem problemas de socialização, mas tenta esconder a frieza e falta de empatia ao emular falas positivistas, como se estivesse citando livros de autoajuda, se esforçando para parecer inocente e simpático.

Só que o espectador logo nota que algo sombrio transparece por meio de seu olhar.

Desempregado e sem amigos, Lou é extremamente ambicioso, apenas não descobriu como fazer dinheiro fácil.

Isso muda quando cruza com uma equipe de cinegrafistas que vive de caçar acidentes e cenas de crimes para vender para o noticiário local.

Lou logo percebe a oportunidade, rouba uma bicicleta e a troca por sua primeira câmera e rádio da polícia, para começar a fazer um bom dinheiro com a miséria dos outros.

O Abutre : Foto
Bloom em ação: grana com as mazelas alheias
A falta de consciência ou moralidade logo transformam Lou em um fenômeno, já que ele não só captura grandes imagens, como manipula cenas de crime quando ninguém está olhando, filma acidentes em closes quase pornográficos e provoca incidentes para que possa ser o primeiro no local.

O filme afirma que "se você está vendo uma câmera, provavelmente está tendo o pior dia de sua vida", mas se Bloom está por trás da lente, esse também pode ser seu último.

Ao longo da narrativa, descobrimos quão longe o protagonista está disposto a ir para conseguir imagens lucrativas: afinal, quanto mais sangue, melhor para a emissora de TV.

O Abutre : Foto
Mudando a cena do crime: quanto mais sangue, melhor
O magnífico roteiro de Gilroy evita fazer julgamentos sobre as atitudes do protagonista, apenas explora um mercado lucrativo com imagens grotescas que emissoras e público querem ver.

O diretor prefere, acertadamente, escancarar a realidade do telejornalismo, deixando claro que tudo não passa de um negócio, no qual crimes contra minorias são ignorados em prol de incidentes com brancos ricos - fato que o personagem de Rene Russo, estupenda como a editora de um noticiário local, vê com naturalidade, um simples caso de oferta e demanda.

O Abutre : Foto
Rene Russo interpreta a editora de um noticiário local
Filmada sempre à noite, sob luzes neon, faróis de automóveis e sirenes, Los Angeles parece sempre estar submersa em sua própria sujeira e assim como em 'Cidade Dos Sonhos', de David Lynch, ou 'Drive', de Nicolas Winding Refn, a câmera de Gilroy encontra algo podre por baixo da superfície da cidade - que o diretor de fotografia, Robert Elswit, captura com muita habilidade.

Instigante, com elementos de drama, horror e momentos de humor negro, o longa vai ser extremamente incômodo para o espectador médio, que só vai ao cinema para se distrair.

Não procurando explicar a realidade que escancara, apenas criando uma narrativa interessante a partir dela, com ótimas atuações, atmosfera decadente e narrativa fluida, o longa é uma das melhores produções de 2014,  vem de um sucesso absurdo de público americano e no último Festival de Toronto, além de proporcionar a oportunidade de discutir o papel da mídia na sociedade moderna.

Longa, roteiro, diretor e Gyllenhaal podem ser, sem sustos, indicados aos seus respectivos Oscar.

Filmaço.

TRAILER:


FICHA TÉCNICA:
'O ABUTRE'
Título Original:
NIGHTCRAWLER
Gênero:
Drama
Direção:
Dan Gilroy
Roteiro:
Dan Gilroy
Elenco:
Alex Ortiz, Bill Paxton, Bill Seward, Carolyn Gilroy, Eric Lange, Holly Hannula, Jake Gyllenhaal, James Huang, Jonny Coyne, Kent Shocknek, Kevin Dunigan, Kevin Rahm, Leah Fredkin, Marco Rodríguez, Michael Papajohn, Nick Chacon, Pat Harvey, Rick Chambers, Rene Russo Rick Garcia, Sharon Tay
Produção:
David Lancaster, Jake Gyllenhaal, Jennifer Fox, Michel Litvak, Tony Gilroy
Fotografia:
Robert Elswit
Montador:
John Gilroy
Trilha Sonora:
James Newton Howard
Duração:
117 min.
Ano:
2014
País:
Estados Unidos
Cor:
Colorido
Estreia no Brasil:
18/12/2014
Distribuidora:
Diamond Filmes
Estúdio:
Bold Films
Classificação:
14 anos

COTAÇÃO DO KLAU:

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