quinta-feira, 13 de março de 2014

PAULO GOULART: UM DOS MAIORES ATORES E PRODUTORES BRASILEIROS DE TODOS OS TEMPOS


O ator e produtor Paulo Goulart, um dos maiores nomes da arte da representação no Brasil em todos os tempos e marido da atriz Nicette Bruno, nasceu Paulo Afonso Miessa nem  9 de janeiro de 1933, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo.

O 'Goulart' da persona artística veio de um tio, o radialista Airton Goulart, quando sua carreira vitoriosa começou na Rádio Tupi, em 1951, como ator de radionovelas.

No mesmo ano, Paulo fez seu primeiro trabalho na TV, ao lado da lenda Mazzaropi e no ano seguinte, conheceu a atriz Nicette Bruno, quando ela, expoente de uma trupe familiar de artistas, procurava um galã para atuar ao seu lado na peça "Senhorita, Minha Mãe".

Paulo fez um teste e foi aprovado pela própria Nicette - pouco depois, os dois começaram a namorar e permaneceram casados por toda a vida de Paulo - no último dia 26 de fevereiro, completaram 60 anos de união.

Paulo e Nicette, no dia do casamento - Divulgação

Juntos eles tiveram três filhos, sete netos e dois bisnetos - os três filhos do casal, Beth Goulart, Bárbara Bruno e Paulo Goulart Filho, são atores, assim como as netas Vanessa Goulart e Clarissa Mayoral - ou seja: através dos tempos, formaram sua própria trupe familiar .

A primeira telenovela de Paulo foi "Helena" (1952) e como ator de novelas, passou pelas TVs Continental, Tupi, Rio, Excelsior, SBT e principalmente, a Globo - onde, em 1972, estreou interpretando o industrial Claude Antoine Geraldi em "Uma Rosa com Amor", onde fazia par romântico com Marília Pêra e contracenava com outra lenda, Grande Otelo.

A química absurda entre os dois agradou os fãs, que fizeram torcida para que eles ficassem juntos no final - primeira grande virada de uma obra aberta, já que, pela sinopse do autor Vicente Sesso, eles não terminariam juntos.

Paulo e Marília, como Claude e Rosa, na novela 'Uma Rosa com Amor', estreia dele na Globo - Arquivos do Klau

Em 1977, voltou à Tupi para atuar na primeira versão de "Éramos Seis" e nos anos 80, já de volta à Globo, atuou em 'Plumas e Paetês' (1980), 'Jogo da Vida' (1981), 'Transas e Caretas' (1984), 'Roda de Fogo' (1986) e 'Fera Radical' (1988).

Em 1993, Goulart viveu outro papel de destaque como o vilão Donato, no remake de 'Mulheres de Areia'.

Como Donato, em 'Mulheres de Areia' (1993) - Divulgação/TV Globo

Em 1995, aceitou ir para o SBT fazer o remake de 'As Pupilas do Senhor Reitor' e logo depois voltou à Globo  - para 'O Campeão' (1996), 'Zazá' (1997) e 'Esperança' (2002).

Em 2005, Goulart foi escalado para viver o padrasto da protagonista Sol (Deborah Secco), em 'América' - seu personagem sofria de um problema cardíaco grave, o que motivou a protagonista a tentar viver nos Estados Unidos.

Com Jandira Martini, em cena de 'América' (2005) - Pure People

O ator também participou das minisséries 'O Auto da Compadecida' (1999), 'Aquarela do Brasil' (2000), 'Um Só Coração' (2004), 'JK' (2006) e 'Amazônia: de Galvez a Chico Mendes' (2007).

Ainda na Globo, em 2011, o ator fez parte do elenco da série "Louco por Elas" e da novela "Morde & Assopra" - atualmente reprisada no 'Vale a Pena Ver de Novo'.

Em cena de 'Morde & Assopra (2011) - Divulgação/TV Globo

Paralelo à TV, Paulo foi um dos grandes nomes dos palcos, onde, além de atuar, produziu muitas peças incríveis.

Com Nicette, chegou a ser, por muitos anos,dono do Teatro Paiol, na Avenida Amaral Gurgel, centro de São Paulo, onde montou textos populares e experimentais, lançando muita gente boa na arte de representar - inclusive os três filhos.

Paulo e Nicette: casal sensacional - Revista Caras

Já doente, no ano passado Paulo topou se deslocar até o Rio Grande do Sul só para aceitar o convite do diretor Jaime Monjardim para filmar 'O Tempo e o Vento', adaptação para o cinema e TV (no formato de minissérie) do clássico de Erico Veríssimo.

Muito debilitado, deu vida ao coronel Ricardo Amaral Neto com presença cênica e voz - muito usada na narração de comerciais -  maravilhosas.

Em nenhuma cena se nota um fraquejar, a doença, nada.

Foi seu último papel.

Como o coronel Ricardo Amaral Neto em 'O Tempo e o Vento' (2013) - Divulgação/Globo Filmes

Paulo e Nicette formavam um dos casais mais queridos do Brasil também fora dos palcos e dos estúdios: espíritas, mantinham diversas obras sociais de auxílio a crianças e idosos nas periferias de São Paulo e nunca fizeram propaganda de nada: diziam que quem quer ajudar o próximo nada fala.

Atualmente com 81 anos, Goulart vinha lutando contra um câncer - em 2012, ele passou algumas semanas internado no setor de oncologia do Beneficência Portuguesa, para tratar um câncer do mediastino (cavidade no centro do tórax, localizada entre os pulmões).

Há sete anos, ele já havia passado por uma cirurgia para a retirada de um tumor no rim e estava internado desde o dia 8 de janeiro.

Paulo Goulart morreu agora pouco - 13h30 - na unidade semi-intensiva do Hospital São José/Beneficência Portuguesa, cercado pela mulher e os filhos - os também atores Beth Goulart, Bárbara Bruno e Paulo Goulart Filho - e netos.

O velório será realizado no Theatro Municipal de São Paulo a partir das 23h30 de hoje e será aberto ao público.

 Já o sepultamento será às 13h de amanhã, sexta, no Cemitério da Consolação.

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